Mensagem da JET para o Dia do Seminarista.
No dia 8 de setembro, a IPB comemora o dia do seminarista – homens vocacionados por Deus e reconhecidos como tais pela igreja, os quais estão se preparando para o exercício do ministério da Palavra. Nesse dia, a IPB lembra-se também das instituições de ensino teológico – as quais têm a responsabilidade e o privilégio de auxiliar esses homens a tornarem-se obreiros moral, espiritual e academicamente qualificados para o exercício da sua vocação.
Conforme Atos 6:3, 1 Timóteo 3:1-13 e Tito 1:5-9, todos os ofícios eclesiásticos devem ser exercidos por homens íntegros, santos e funcionalmente qualificados para o desempenho eficaz das suas atribuições ministeriais. Nessa ocasião, queremos chamar a atenção para uma passagem bíblica pouco considerada com relação ao ministério da Palavra: Atos 6:1-7. Afinal, o texto diz respeito, mais diretamente, à instituição do ofício diaconal. Contudo, as circunstâncias históricas que ocasionaram a instituição desse ofício e as palavras dos apóstolos nos versos 2 e 4 nos ajudam a compreender também a natureza do ofício dos ministros da Palavra ou presbíteros docentes, para o qual os seminaristas se preparam. Diante da dificuldade que os apóstolos enfrentavam para conciliar a administração dos recursos financeiros disponíveis para a assistência aos membros necessitados da igreja (Cf. Atos 2:45 e 4:34-35) com as atribuições próprias do ofício apostólico, eles chegaram a uma conclusão importante: “não é razoável que nós abandonemos a palavra de Deus para servir às mesas” (Atos 6:2.). Ou seja, não seria correto negligenciarem as atividades relacionadas mais diretamente à palavra de Deus para dedicarem-se à assistência diaconal. Daí a solução apresentada por eles à comunidade dos discípulos, no sentido de que fossem escolhidos homens especialmente qualificados e designados para o exercício de atividades assistenciais. Dessa maneira, os apóstolos poderiam se consagrar às atividades próprias dos ministros: “a oração e o ministério da palavra” (Atos 6:4).
O episódio encerra implicações importantes para aqueles que estão se qualificando para tal ofício:
1) Apesar de precisarem estar dispostos a desempenhar com alegria e dedicação qualquer serviço necessário ao bem-estar da igreja e à promoção do reino de Deus no mundo, incluindo atividades diaconais, os seminaristas e os ministros do evangelho não devem permitir que outras atividades, por mais importantes que sejam, impeçam que eles se consagrem às atividades mais pertinentes à sua vocação.
2) A piedade pessoal (o cuidado de si mesmos) e a qualificação acadêmica bíblico-teológica (o cuidado da doutrina) devem ser o foco daqueles que se preparam para o ministério. Aquele que aspira ao episcopado deve, por um lado, guardar o coração, de onde procedem as fontes da vida ou os maus desígnios. Por outro lado, precisa se empenhar para apresentar-se “a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Timóteo 2:15). Afinal, a verdade bíblica, cristalinamente anunciada, é o instrumento escolhido por Deus para a libertação do pecado (Jo 8:32) e para a edificação da igreja (Jo 17:17).
Thomas Murphy, no seu conhecido livro sobre teologia pastoral, observa que “há dois lugares onde, sem ser visto pelo mundo, o pastor recebe força e habilitação para a obra monumental a que foi ordenado: o quarto de meditação e o gabinete de estudo. E nesta ordem de importância – primeiro o quarto, depois o gabinete. Primeiro, o cultivo do coração, depois o cultivo da cabeça, é a regra de vida da qual o ministro do evangelho jamais deveria se afastar”.
A prioridade do cuidado do coração, entretanto, não diminui em nada a necessidade de dedicação aos estudos bíblicos e teológicos. Um pouco adiante, o mesmo autor enfatiza: “os deveres desse ofício são tais que é impossível desempenhá-los eficazmente sem uma vida de intenso estudo (...). O Espírito de Deus não inspirará um homem sem que ele próprio se esforce, pois o Espírito opera através do uso diligente de meios humanos. Nada substituirá o estudo laborioso e perseverante para o desempenho fiel dos deveres do ofício (...). Cada pastor deveria estar plenamente convencido de que estudo intenso deverá ser uma das maiores atividades de toda a sua vida”.
A JET deseja e trabalha no sentido de que os nossos seminários sejam coluna e baluarte da verdade e da piedade cristã, e de que os nossos seminaristas sejam homens consagrados à oração e ao estudo sério e diligente da Palavra de Deus, a nossa única regra infalível de fé e prática, com vistas à salvação dos perdidos, à edificação da Igreja e a promoção do reino e da glória de Deus em nosso país.
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