VISITA AO MUSEU DOS PROTESTANTE EM SP.
Em1844, quando D.Pedro I determinou que a construção de cemitérios passasse a ser "a céu aberto" e não mais no interior das igrejas ou nos seus arredores como era a tradição, até aquele momento. E como uma pequena parte da população de São Paulo era de estrangeiros de tradição não católica, fez-se necessário a construção de um local para sepultamento dessas pessoas.[1]
O primeiro cemitério a céu aberto na cidade de São Paulo foi construído no fim do século XVIII, em terreno pertencente à mitra diocesana, localizado no atual bairro da Liberdade. No centro do terreno ficava a capela de Nossa Senhora dos Aflitos, inaugurada em 27 de junho de 1779; portanto, o cemitério ficou sendo conhecido como dos Aflitos. Destinava-se a sepultar indigentes, escravos e supliciados e funcionou até a abertura do Cemitério da Consolação, quando foram proibidos os sepultamentos em outros locais. [2]
Mais tarde, a Câmara Municipal procurou dar cumprimento à lei de 1828, que determinou a criação dos cemitérios públicos, no que foi prejudicada pela falta de consenso com as autoridades eclesiásticas. Em 1845 foi criado um cemitério contíguo ao Convento da Luz, que também serviria para o sepultamento das religiosas e de seus capelães, e seria administrado pelas mesmas. Em 1851, metade desse terreno foi cedida para a abertura de um cemitério para os estrangeiros católicos. Uma parte desse Cemitério dos Alemães foi reservado para estrangeiros acatólicos, ficando conhecida como Cemitério dos Protestantes.
Nesse mesmo ano, foi nomeada uma comissão especial para tratar da criação de um cemitério público e geral, sendo inicialmente escolhido o Campo Redondo (proximidades da Praça Princesa Izabel) como local adequado para o mesmo. Em 1855, o engenheiro Carlos Frederico Rath, que era o administrador do Cemitério dos Protestantes da Luz, sugeriu o Alto da Consolação como o local mais apropriado para o cemitério municipal.
Em 1856, com base em plantas apresentadas por Frederico Rath, as autoridades decidiram criar o novo cemitério, determinaram que não houvesse enterros em quaisquer outros lugares e resolveram que uma área anexa ao cemitério municipal seria usada para o sepultamento de acatólicos. Devido à crônica falta de recursos, o Cemitério da Consolação só foi consagrado em 30 de junho de 1858. A parte reservada aos protestantes levou mais alguns anos para ser preparada e os sepultamentos só tiveram início em 1862. Em 1868, foram feitas duas subscrições junto à comunidade protestantes (alemães, ingleses e outros) para a conclusão das obras do Cemitério Protestante. [3]
Hoje o cemitério protestante apesar de levar o nome protestante, é um cemitério livre e aberto para todas as religiões. E também foi Tombado pelo Condephaat em 12 de Abril 2004.
2. VISITA AOS PERSONAGENS IMPORTANTES DA IPB
O CEMITÉRIO DOS PROTESTANTES E OS PRESBITERIANOS [4]
Quanto aos presbiterianos, seu número é relativamente pequeno, mas extremamente significativo por causa da importância das pessoas ali sepultadas. Sem dúvida, os mortos mais ilustres são os Revs. Ashbel Green Simonton e José Manoel da Conceição, mas existem muitos outros pastores, tanto brasileiros como americanos, familiares de missionários, pessoas ligadas ao Mackenzie e membros bem conhecidos das igrejas presbiterianas de São Paulo. Fornecemos abaixo os nomes mais significativos, pela ordem cronológica do seu falecimento:
1. Ashbel Green Simonton (1833-1867) – missionário fundador da IPB, primeiro pastor da I. P. do Rio de Janeiro.
2. William Dreaton Pitt (1828-1870) – comerciante inglês, primeiro presbítero da Igreja de São Paulo, ordenado pastor em 1869.
3. José Manoel da Conceição (1822-1873) – ex-sacerdote, primeiro ministro evangélico brasileiro, ordenado em 1865.
4. Francis Joseph Christopher Schneider (1832-1910) – alemão, primeiro pastor presbiteriano no interior de São Paulo.
5. Horace Manley Lane (1837-1912) – médico e educador, primeiro presidente do Colégio Protestante (Mackenzie).
6. Emanuel Vanorden (1838-1917) – judeu holandês, livreiro e editor, primeiro missionário presbiteriano no Rio Grande do Sul.
7. Modesto Perestrello Barros de Carvalhosa (1846-1917) – português, aluno de Simonton, pastor em vários estados, professor do Mackenzi.e
8. Eduardo Carlos Pereira (1855-1923) – pastor da I. P. de São Paulo, fundador da I. P. Independente, notável gramático.
9. José Zacarias de Miranda (1851-1926) – pastor em Sorocaba, São Paulo e Campinas.
10. William Alfred Waddell (1862-1939) – pastor e engenheiro, fundador do Instituto Ponte Nova (Bahia) e do Instituto JMC (Jandira).
11. Roberto Frederico Lenington (1871-1939) – filho do Rev. Robert Lenington, professor do Seminário de Campinas.
12. Vicente do Rego Themudo Lessa (1874-1939) – primeiro historiador do presbiterianismo brasileiro.
13. Manoel Antonio de Menezes (1848-1941) – pastor em Portugal e no Brasil (RS e sul de Minas), autor de muitos hinos.
14. Bento Ferraz (1866-1944) – um dos fundadores da I. P. Independente, fundador da I. P. Conservadora.
15. Franklin Floyd Graham (1880-1948) – pioneiro presbiteriano em Goiás e Mato Grosso.
16. Eduardo Pereira de Magalhães (1908-1959) – neto do Rev. Eduardo C. Pereira, líder da mocidade evangélica brasileira.
17. Michael Bitchmaya (1869-1962) – armênio, evangelista em muitos países, escritor .
18. Benjamin Harris Hunnicutt (1886-1962) – diretor da Escola Agrícola de Lavras, reitor do Instituto Gammon, presidente do Mackenzie.
19. Filipe Landes (1883-1966) – implantador do presbiterianismo no Mato Grosso (norte e sul), professor do Seminário de Campinas.
1. Elizabeth W. Simonton (1822-1879) – irmã de Simonton, esposa do Rev. Alexander L. Blackford
2. Mary Elizabeth Lenington Waddell (1866-1893) – filha do Rev. Robert Lenington, primeira esposa do Rev. William A. Waddell.
3. Horace Manley Lane Jr. (1865-1910) – filho do Dr. Horace M. Lane
4. Fanny M. Lane (1870-1912) – filha do Dr. Horace M. Lane
5. Henriqueta de Miranda (1852-1915) – esposa do Rev. Zacarias de Miranda
6. Henrique José Vanorden (1878-1919) – filho do Rev. Emmanuel Vanorden
7. Luísa Pereira de Magalhães (1859-1921) – nascida Louise Lauper (Genebra, Suíça), esposa do Rev. Eduardo Carlos Pereira
8. Rufus King Lane (1873-1926) – filho do Dr. Horace M. Lane
9. René Charles Vanorden (1881-1927) – filho do Rev. Emanuel Vanorden
10. Giles William Lane (1867-1929) – filho do Dr. Horace M. Lane
11. Bertha D. Vanorden (1850-1930) – esposa do Rev. Emanuel Vanorden
12. Keziah Brevard Kolb (1857-1940) – esposa do Rev. John Benjamin Kolb
13. Margaret E. Lane (1869-1943) – filha do Dr. Horace M. Lane
14. Laura Annesley Chamberlain Waddell (1868-1943) – filha do Rev. George W. Chamberlain,
segunda esposa do Rev. William A. Waddell
15. Paulina de Menezes (1864-1949) – filha do Rev. João Fernandes Dagama, esposa do Rev. Manuel Antonio de Menezes
16. Franscisca Leme Themudo Lessa (1874-1952) – esposa do Rev. Vicente Themudo Lessa 17. Winifred V. Lane (1875-1952)
18. Nannie Kolb Hunnicutt (1887-1955)
19. Ida Eloise Kolb (1890-1959) – filha do Rev. John B. Kolb
20. Kenneth Chamberlain Waddell (1898-1959) – médico e engenheiro, filho do Rev. William A. Waddell
21. Carlos Pereira de Magalhães (1881-1962) – filho do Rev. Eduardo Carlos Pereira,
22. Anezia Vanorden (1886-1965) – filha do Rev. Emanuel Vanorden
23. Horácio Manley Lane (1904-1970)
24. Grace P. Kolb (1891-1974) – filha do Rev. John B. Kolb
25. Ruth D. Kolb (1896-1974) – filha do Rev. John B. Kolb
26. Ann Mary Kolb (1900-1977) - filha do Rev. John B. Kolb
27. John Benjamin Kolb (1893-1980) – filho do Rev. John B. Kolb
28. Izzie M. K. Hunnicutt (1894-1984)
29. Cacilda de Cerqueira Leite Filha (1897-1988) – professora, filha do Pb. Remígio de Cerqueira
Leite
30. Hermínia Themudo Lessa (1906-1988) – professora, filha do Rev. Vicente Themudo Lessa
1. José Pereira Achau (1830-1884) – chinês, inspirador do Hospital Samaritano
2. Francisco Lichtenberger (1849-1887) – alemão, dono de uma litografia
3. Francisco José Garcez (1840-1889) – português, um dos primeiros diáconos da I. P. de São
Paulo 4. Vicente Holanda Leal (1851-1891)
5. José Maria Barbosa (1835-1898)
6. Francisco Rodrigues dos Santos Saraiva (1835-1900)
7. Beatriz Truholz (1877-1901)
8. João Veríssimo de Paiva (1855-1901)
9. Isidoro Manoel Martins (1851-1903)
10. Remígio de Cerqueira Leite (1858-1904)
11. Isidro Bueno de Camargo (1845-1911)
12. Luiz de Oliveira Campos (1860-1919)
13. Sophia Bataillard (1836-1926)
14. Joaquim Alves Corrêa (1863-1933)
15. João dos Santos (1869-1938)
16. Eliézer dos Santos Saraiva (1879-1944)
17. Jairo Bueno de Camargo (1883-1951)
18. Rubens Escobar Pires (1906-1978)
19. Flamínio Fávero (1895-1982)
20. Délia Ferraz Fávero (1896-1982)
21. Carmen Escobar Pires (1897-1984)
22. Isabel Botelho de Camargo Schützer (1896-1989).
3. OBSEVAÇÕES PESSOAIS SOBRE O LOCAL.
Ao entra no cemitério, algumas coisas me chamaram atenção. A primeira delas foi o número de imagem e símbolos pertencentes à Igreja Católica Apostólica Romana. Varias e imponentes eram as imagens, ali presente. Já era do meu conhecimento, que o cemitério protestante, apesar de receber o nome de protestante, atualmente era um cemitério aberto a outras religiões, mas não imaginava que o número de pessoas de outras religiões, que foram enterradas ali era tão grande.
De igual modo me chamou muito atenção, à diferença entre as lapides dos Católicos e as dos Protestantes. As dos primeiros, normalmente muito bonitas, enfeitadas e sempre acompanhadas de uma mensagem, símbolo religioso e imagem. As do segundo normalmente mais simples e acompanhados de um versículo bíblico ( Caso da do Rev. Boanerges Ribeiro) ou de um breve relato histórico da vida da pessoa (como no caso de alguns Pastores.).
A última coisa que não apenas me chamou atenção, mas até mesmo me incomodou, foi o fato, dos principais nomes da História da IPB estarem: Primeiro tão escondido no cemitério. Segundo não terem uma lápide, mais bonita (e não tão simples) e que contasse um pouco da história dos mesmos e que levasse os visitantes a um desejo maior de conhecerem suas histórias.
Pois acho que esses homens deveriam ser mais honrados e reconhecidos pelo exemplo de vida e de trabalho, e acima de tudo dedicação a nossa igreja e pátria.
4. PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE O CEMITÉRIO CATÓLICO E PROTESTANTE.
As várias diferenças entre o cemitério protestante e o católico, aqui enumeraremos apenas algumas:
* O uso de imagens por parte dos Católicos e de versículos bíblicos por parte dos Protestantes.
* Há simplicidade. Enquanto os católicos são detalhados e pomposos, os dos protestantes são simples, talvez até mesmo por uma questão histórica, como vista na visita do museu da arte sacra.
* A presença de vela e muitas flores nos túmulos Católicos, e a ausência da mesma nos Protestantes.
NOTAS:
[1] Ver A ASSOCIAÇÃO CEMITÉRIO DOS PROTESTANTES quem somos. Disponível em: <http://www.acempro.com.br/quemsomos.asp.>
[2] MATOS, Alderi Souza de. O Cemitério dos Protestantes de São Paulo. Disponível em: <http://www.mackenzie.br/10221.html>
[3] MATOS, Alderi Souza de. O Cemitério dos Protestantes de São Paulo. Disponível em: http://www.ipb.org.br/artigos/artigo_inteligente.php3?id=53
[4] MATOS, Alderi Souza de. O Cemitério dos Protestantes de São Paulo. Disponível em: http://www.ipb.org.br/artigos/artigo_inteligente.php3?id=53
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