Avaliação Crítica
Sua principal tese é que a aliança da graça tem Deus como agente ativo, que mesmo ofendido pelo pecado busca um acordo, que por sua vez é feito, com base na graça, no qual Deus promete a salvação mediante a fé em Cristo, e o pecador a aceita confiantemente, prometendo uma vida de fé e obediência. Berkhof em harmonia com a fé reformada e calvinista mostra que o homem é passível em todo este processo.
O mediador desta aliança é Cristo, que foi o nosso Profeta, Sacerdote e Rei, e que fez satisfação por aqueles a quem representava, tanto por sua obediência quanto por seu auto-sacrifício, cumprindo perfeitamente todas as exigências da justiça divina sobre aqueles a quem representa. Razão pela qual nossa confiança e certeza da Salvação não habitam em nós mesmos, mas na pessoa de Cristo. Para mostrar o razão que concordo com Berkhof chamo mais uma vez Calvino por testemunha: “Se buscamos a salvação, a vida e a imortalidade do reino celeste, então há de se buscar também refúgio não em outro, quando somente ele é a fonte da vida, a âncora da salvação, o herdeiro do reino dos céus”. [2]
Outra tese importante que o autor coloca e que devemos concordar é que há uma unidade entre as alianças e nunca vária divórcios com varias reconciliações (novas alianças). O que há na verdade é uma única aliança de elucidada a cada pacto que Deus faz no decorre da História, até ganhar sua clareza maior na encarnação do verbo. Aqui Berkhof com o principio da unidade das alianças e da revelação progressiva. Como diz Robertson “pode-se notar uma linha definida de progresso. Todavia, as alianças de Deus são uma” [3] Diferente de Marcião (Um herege gnóstico que viveu na Ásia Menor no segundo século d.C.), o autor mostra que Deus é o mesmo em todas as dipensações, e que a revelação de Deus tem igual valor em ambas. Essa verdade está explicitamente descrita no capítulo I da Confissão de Fé de Westminster quando diz: “Sob o nome de Escritura Sagrada, ou Palavra de Deus escrita, incluem-se agora todos os livros do Velho e do Novo Testamento, que são os seguintes, todos dados por inspiração de Deus para serem a regra de fé e de prática [...]” [4] (negrito meu). Deus não se revelou apenas em parte da história, mas em todas as épocas e isto nos mostra a unidade das Escrituras como revelação progressiva, lógica e coerente. [5]
Berkhof afirma ainda que quando é ingressado por Deus nessa aliança ele promete uma vida de fé e obediência. Isso implica que o homem está isento de sua responsabilidade pelo fato da aliança ter como base o favor imerecido de Deus. Em outras palavras a graça soberana de Deus não anula a responsabilidade humana. Isso é melhor explicado por Packer que chama de antinômio (Trata-se, antes, de uma aparente incompatibilidade entre duas verdades evidentes.) segundo ele “Um antinômio existe quando dois princípios, postos lado a lado, aparentemente são irreconciliáveis, ainda que ambos sejam inegáveis”. Ele elucida a ideia quando diz:
“A soberania de Deus e a responsabilidade humana nos são ensinadas como se fossem coisas que andam lado a lado, numa e na mesma Bíblia, aparecendo muitas vezes até na mesma passagem. As duas coisas nos são garantidas, portanto, pela mesma autoridade divina; ambas são, portanto, verdadeiras.
Segue-se daí que elas devem ser mantidas lado a lado, ao invés de jogadas uma contra a outra. O homem é um agente moral responsável, ainda que seja, ao mesmo tempo também, controlado pela divindade, o homem é divinamente controlado, embora seja também, um agente moral responsável. A soberania de Deus é uma realidade, e a responsabilidade do homem é igualmente uma realidade. Eis aí o antinômio que nos foi revelado...” [6]
Assim Berkhof tem razão quando diz que nesta alinaça o homem não tem apenas bênçãos e privilégios, mas também obrigações. O pacto é um compromisso com duas pessoas igualmente responsáveis.
“Ora, há a vocação universal, pela qual, mediante a pregação externa da Palavra, Deus convida a si a todos igualmente, ainda aqueles aos quais a propõe como aroma de morte [2Co 2.16] e matéria da mais grave condenação. A outra é a vocação especial, da qual digna ordinária e somente aos fiéis, enquanto pela iluminação interior de seu Espírito faz com que a Palavra pregada se lhes assente no coração”. [8]
Outra tese que o autor propõe, e que está em harmonia com a fé reforma, é que a aliança é estendida aos filhos das daqueles que já fazem parte dela. Isto é, as promessas feitas aos pais são estendidas aos filhos. A promessa da salvação feita com os eleitos é também estendida aos filhos. Esta segurança esta baseada na promessa de Deus, que é absolutamente confiável, de que Ele agira nos corações dos jovens ligados à aliança com a Sua graça salvadora e os transformara em vivos membros da aliança. Todavia, está implicação não nos da a idéia de que todos que estão externamente participando do pacto tem de fato direito as promessas das bênçãos celestiais, pois é possível que muitos que estejam externamente ligados a aliança não esteja internamente.
Esse ensino está expressamente claro em nossas confiçõess e nos catecismos reformados. No Catecismo de Heidelberg, cap. XXVII, a pergunta número 74 diz: “As crianças devem ser batizadas?” A resposta é a seguinte: “Sim. Elas pertencem tanto como os adultos à aliança de Deus e à sua Igreja. Visto que a remissão dos pecados e o Espírito Santo, que produz a fé, lhes são prometidos não menos que aos adultos”. [9]
Na Confissão de Fé de La Rochelle, Cap. VII, Art.º 35, sob o título “O Batismo das crianças”, lê-se o seguinte: “Ora, ainda que o Batismo seja um sacramento de fé e de penitência, contudo, porque Deus recebe na Sua Igreja as criancinhas com os seus pais”.[10]
No Cap. XXVIII, Art.º IV, da Confissão de Fé de Westminster lê-se: “Não somente os que na realidade professam a sua fé e obediência em Cristo, mas também as crianças filhas de pais crentes, de um ou dos dois, devem ser batizadas” [11]
[1] CALVINO, As Institutas – edição Clássica, Vol I, C. XV, § 8.
[2] CALVINO, As Institutas – edição Clássica, Vol III, p.432.
[6] PACKER, J.I. A Evangelização e a Soberania de Deus. Se Deus controla todas as coisas, porque evangelizar? 1ª edição, São Paulo (SP): Editora Cultura Cristã, 2002. P. 20
[9] Ver artigo disponível em: http://www.estudos-biblicos.com/batinfant.html Acessado em 08 de Abril de 2009
[10] Ibid
[11]Ibid
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