Como a igreja deve responder as questões de nossa época?
Como a igreja deve responder as questões de nossa época? Qual a melhor método de protestar contra questões como aborto, homossexualidade, pornografia, drogas, preconceitos e outros? Para responder estas perguntas Kenneth A. Myers,[1] usa como exemplo o que aconteceu nos Estados Unidos, com o lançamento do filme “A última tentação de Cristo”. Nesta ocasião o método usado por muitos líderes do evangelicalismo americano foi o protesto contra o filme e seu diretor, bem como o boicote do mesmo, o que gerou muita despesa, bastante desgaste, e que só obteve de resultado marketing para o próprio filme.
As críticas do autor para este método de resposta é que ele não comunica de forma entendível as verdades eternas. Para Kenneth “não é suficiente gritar: ‘blasfêmia’, quando alguém não entende exatamente o que está errado e que declarações verdadeiras devem ser postas no lugar”. Ao invés de protestar com apenas um evangelicalismo ideológico, deve-se proclamar as verdades teológicas. Outra crítica feita pelo autor é que o evangelicalismo está “mantendo alta visibilidade política”, enquanto se torna “doutrinariamente pluralista”. O que torna mais uma vez a igreja mais ideológica que teológica. Finalmente, Kenneth mostra que vivemos em um mundo “pós-cristão”, isto é o cristianismo não tem mais papel fundamental na formação cultural do mundo atual.
Diante destas críticas e análises, autor propõe um caminho melhor que esse saber: “proclamação em vez de protesto”. Para ele o protesto leva apenas a questões morais, todavia o desafio do cristianismo não é a luta pelos costumes ou pela moral, uma luta pela transformação das mentes e corações de homens que nunca ouviram uma apresentação inteligível da mensagem do cristianismo. Por essa, razão o melhor caminho é proclamar a verdade tão clara e tão autoritária quanto possível e chamar as pessoas ao arrependimento.
Creio que o caminho colocado pelo autor não é apenas o mais coerente, mas também o mais eficaz. Todo e qualquer protesto contenha a pregação da palavra não trará uma transformação consciente e duradora. Esta é a razão pela qual “a mais urgente necessidade da igreja cristã da atualidade é a pregação autêntica”. [2] C. H. Spurgeon aconselhava os seus alunos que apegassem a verdade e anunciassem todo o conselho de Deus, ao invés de cederem às pressões da época e agradarem aos seus ouvintes. E ensina: “Sinto-me na obrigação de dizer que nosso objetivo não é agradar a clientela, pregar para satisfazer a nossa época, acompanhar o progresso moderno [...] Não procuraremos ajustar a nossa Bíblia a esta época [...] Não vacilaremos; não seremos orientados pela congregação, mas teremos o olhar fixo na Palavra infalível de Deus e pregaremos segundo as suas instruções...” [3]
Deus tem a satisfação de salvar os pecadores através da proclamação clara da verdade do evangelho. E é isso que devemos dedicar nossos recursos e energia para se queremos ter um impacto sobre nossa cultura. Temos um mandato claro para proclamar o evangelho da forma mais clara, de forma tão precisa, tão poderosa, e sempre que pudermos. Não temos nenhum mandato algum para usar qualquer outra estratégia, especialmente uma estratégia que tenta aproveitar aspectos da sabedoria mundana de influência sob a crença equivocada de que estas são mais poderosas que o próprio evangelho para transformar nossa cultura.
O que precisamos é de um avivamento que traga a Palavra de volta para os púlpitos da das igrejas. Isso é que trará uma transformação real e duradora. Um exemplo disso foi a reforma protestante. No século XVI, o mundo foi abalado pela Reforma e Genebra transformada por Calvino. Genebra era uma das cidades mais tormentosas da Europa; seu governo era dividido e havia uma grande briga pelo poder; nas ruas, o pecado e a violência dominavam o povo. Entretanto, Calvino foi usado por Deus no avivamento suíço. A Reforma atinge, não só a igreja, mas também a sociedade. Sobre Genebra Fischer afirma: “O distintivo que Calvino conseguiu lhe dar parece incrível” [4] E, após séculos, permanece como centro de cultura e progresso. A nação profana passou a ser uma nação cujo Deus era o Senhor.
Assim, não precisamos de nos reunir em uma “macha para Jesus” ou qualquer outro tipo de manifestação do evangelicalismo moderno, mas de um genuíno avivamento do céu, que transforme nossa sociedade. Nossa nação está doente, infectada com amarga miséria; as crianças então abandonadas e famintas; os ricos, cada vez mais ricos, e robustos; os valores imorais são tidos como valores legais; o homossexualismo não é mais motivo de escândalo e o adultério é motivo de orgulho; a violência é maior que as autoridades; a televisão com seus valores imorais é mestra, que educa o povo. E o melhor caminho para respondermos estas questões é proclamar a verdade tão clara e tão autoritária quanto possível e chamar as pessoas ao arrependimento.
[1] HORTON, Michael Scott. Religião de Poder. Igreja sem fidelidade bíblica e sem credibilidade no mundo. São Paulo: Cultura Cristã, 1998, (Cap. 2: pags. 33-47).
[2] Lloyd-Jones apud EBY, David. Pregação Poderosa para o Crescimento da Igreja: O papel da pregação em igrejas em crescimento. São Paulo, Editora Candeia, 2001. p. 37
[3] Spugeon apud Anglada in: ANGLADA, Paulo. Spurgeon e o Evangelicalismo Moderno. São Paulo, Editora Os Puritanos, 1996. P.
[4] FISHER, Harold A. Avivamentos que Avivam. Tradução de Messias Freire. Rio de Janeiro, Editoras Livros Evangélicos, 1961, P.92.
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