David Brainerd – Um homem de pele branca, dedicado aos índios de peles-vermelhas.
David Brainerd – Um homem de pele branca, dedicado aos índios de peles-vermelhas.
INTRODUÇÃO
Quando falamos em história das missões muitos sãos os nomes que nos veem a mente. Alguns simplesmente pela nossa preferência denominacional, ou teológica. Entretanto há alguns nomes que precisam ser lembrados independentes destes pré-requisitos. Um destes nomes é David Brainerd.
David Brainerd (1718-1747) foi um missionário entre os índios americanos de peles-vermelhas em Nova York, Nova Jersey e Pensilvânia. Nascido em Connecticut em 1718, ele morreu de tuberculose prematuramente com idade de 29 anos. Apesar do seu curto ministério missionário, Brainerd influenciou e tem influenciado muitas gerações. Homens como William Carey, Henry Martyn, Robert Mürray McCheyne, John Wesley, Jonathan Edwards, Charles Spurgeon, Oswald Smith, Jim Elliot, citando apenas alguns, testemunharam a grande influência da biografia de Brainerd em suas vidas.
Boyer comentando a morte de David Brainerd diz que ele findou a sua carreira terrestre aos vinte e nove anos, entretanto, “apesar de sua grande fraqueza física, fez mais que a maioria dos homens faz em setenta anos”.[1] Já Edwards escreveu: “Dou graças a Deus porque, pela sua providência, Brainerd morreu em minha casa. Pois assim pude ouvir suas orações, presenciar sua dedicação, e me sentir edificado pelo exemplo dele”.[2]
O presente artigo visa, de maneira breve, estudar a história de vida de Brainerd, tendo como guia o seu diário que foi editado e publicado por Jonathan Edwards. Não pretendemos aqui rescrever um mini biografia de Brainerd, o objetivo maior deste artigo é analisar a influência da vida e do diário de David, para a história das missões. Sejamos edificados pelas palavras e pelo exemplo deste grande homem de Deus!
1. A vida de David Brainerd.
Como já fora dito, David Brainerd (1718-1747) foi um missionário entre os índios americanos em Nova York, Nova Jersey e Pensilvânia. Nascido em Connecticut em 1718, ele morreu de tuberculose com idade de 29 anos. Nestes breves dados biográficos, destacaremos as principais datas e eventos que marcaram a vida deste influente missionário na história das missões.
1718 | Nascido em Haddam, Connecticut, 20 de abril. |
1739 | Entrou na faculdade de Yale. |
1742 | Expulso da faculdade de Yale. |
1742 | Licenciado um ministro do Evangelho pela Associação Ministerial, em Danbury, Connecticut, 29 de julho. |
1742 | Nomeado missionário entre os índios pela sociedade, sociedade Escocesa dedica a propagação do conhecimento cristão, 25 de novembro. |
1743 | Iniciou ministério entre entre os índios na Kaunaumeek, 01 de abril. |
1744 | Chegada à Forks do rio Delaware, na Pensilvânia (perto da atual cidade de Easton), 13 de maio. |
1744 | Ordenado pelo Presbitério de Newark, New Jersey, em Junho. |
1745 | Iniciou trabalho entre os índios na Crossweeksung, New Jersey (agora a cidade de Crosswicks), 05 de junho. |
1746 | Com um grupo de índios foi removido para Cranberry, 15 Km a noroeste de Crosswicks, 03 de maio. |
1747 | Obrigado a interromper o trabalho entre os índios, devido a problemas de saúde. |
1747 | Faleceu ns casa de Jonathan Edwards, em Northampton, Massachusetts, 09 de outubro. |
1.2. Nascimento e conversão.
David Brainerd nasceu em 20 de abril de 1718, no Estado de Connecticut, nos Estados Unidos da América. Era filho de um advogado chamado Ezequias Brainerd. Sua mãe, Dorothy Hobart, era filha do Pr. Jeremias Hobart. David foi o terceiro filho de um total de cinco filhos e quatro filhas.[4] Brainerd perdeu o seu pai quando ele estava com apenas nove anos. Cinco anos depois, veio golpe afetivo, que o tornou um rapaz ainda mais triste e melancólico, a morte de sua mãe.
Após a morte de sua mãe, mudou-se para Brainerd East Haddam onde passou a viver com uma de suas irmãs mais velhas, Jerusa. Na idade de dezenove anos, ele herdou uma fazenda perto de Durham, mas não aproveitar a experiência da agricultura e assim voltou para Haddam um ano depois para se preparar para entrar Yale. Em 12 de Julho 1739, aconteceu em sua vida uma experiência de conversão de “glória indizível”, que o levou a um desejo generoso de exaltar a Deus e dedica-se as missões futuramente. Sua conversão e chamado para as missões são descritos em seu diário com as seguintes palavras:
“Designei um dia para jejuar e orar, e passei esse dia clamando quase incessantemente a Deus. Pedi-lhe misericórdia e que abrisse meus olhos para a enormidade do pecado e o caminho para a vida em Jesus Cristo... Contudo, continuei a confiar nas boas obras... Então, uma noite, andando na roça, me foi dada uma visão da grandeza do meu pecado, parecendo-me que a terra se abrira por debaixo de meus pés para me sepultar e que a minha alma iria chegar ao inferno antes de eu chegar em casa...
Certo dia, enquanto longe no colégio, no campo, sozinho em oração, senti tanto gozo e doçura em Deus, que, se eu devesse ficar neste mundo vil, queria permanecer contemplando a glória de Deus. Senti na alma um profundo amor ardente para com todos os homens e anelava que eles desfrutassem desse mesmo amor.”[5]
1.3. Preparação para o ministério
Após está experiência David Brainerd começou o seu preparo para o ministério. Ele se matriculou na Universidade Yale. No segundo ano ele foi mandado para casa porque ele estava sofrendo de uma grave doença que o levou a cuspir sangue. O relato do seu diário tem as seguintes palavras:
No mês de agosto, depois, senti-me tão fraco e doente, como resultado de aplicar-me demais aos estudos, que o diretor do colégio me aconselhou a voltar para casa. Estava tão fraco que tive algumas hemorragias. Senti-me perto da morte, mas Deus renovou em mim o conhecimento e o gozo das coisas divinas. Anelava tanto a presença de Deus e ficar livre do pecado, que, ao melhorar, preferia morrer a voltar ao colégio, e me afastar de Deus... Oh! Uma hora com Deus excede infinitamente todos os prazeres do mundo”.[6]
Há quem diga que ele estava sofrendo de tuberculose, doença que levaria à sua morte sete anos depois.
O seu retorno para a Universidade de Yale, aconteceu em um período de atrito entre os docentes e os estudantes, por causa do o entusiasmo espiritual dos alunos, que tinha sido instigado por pregadores como George Whitefield, Tennent Gilbert, Ebenezer Pemberton e James Davenport, que pregaram como visitantes na Universidade.[7] Tanto David Brainerd, como os demais alunos foram proibidos de participar das reuniões ou encontro de “avivamento”. Essa proibição levou Brainerd a criticar um dos tutores, Chauncey Whittelsey, como não tendo “mais graça do que uma cadeira”.[8] A consequência, de sua infeliz frase foi à expulsão.
Em 1742, Brainerd foi morar com o pastor Mills, de Ripton, a fim de continuar o seus estudos para a obra do ministério. Ali passou grande parte do seu tempo até passar ser licenciado para pregar nas regiões vizinhas, tarefa que fazia normalmente a cavalo.[9]
Como resultado, ele ganhou a atenção de Jonathan Dickinson, um líder presbiteriano em Nova Jersey, que tentou em vão colocá-lo de volta em Yale. Em vez disso, foi sugerido que Brainerd dedicar-se ao trabalho missionário entre os índios americanos, apoiado por uma sociedade Escocesa dedica à propagação do conhecimento cristão. Ele foi aprovado para o trabalho missionário em 25 de novembro de 1742.[10] Concluído este periodo de preparação para o ministério, Brainerd escreveu:
“Preguei o sermão de despedida ontem, à noite. Hoje, pela manhã orei em quase todos os lugares por onde andei, e, depois de me despedir dos amigos, iniciei a viagem para o habitat dos índios.”
1.4. O início do ministério.
Em 01 de abril de 1743, após um breve período servindo uma igreja em Long Island, Brainerd começou a trabalhar como missionário entre índios americanos, que ele iria continuar até o final de 1746, quando sua doença pioraria e o impediria de continuar a obra. Esta doença, que tinha começado a afetá-lo em Yale, piorou quando ele entrou no campo missionário.[11] Esse foi um período muito difícil para David Brainerd, que além de viajar vários quilômetros para pregar para os índios, tinha que lutar diariamente com depressão, solidão e desconforto físico. No dia 18 de maio de 1743, ele obseva em seu diário:
“Minhas circunstâncias são tais que não disponho de qualquer tipo de conforto, senão o que tenho em Deus. Vivo na mais solitária floresta; e só há uma pessoa que pode falar inglês e conversar comigo. Quase tudo que ouço falar é escocês ou indígena. Não conto com nenhum crente com quem possa desabafar, abrindo-me quanto à minha tristeza espiritual, com quem possa aconselhar-me acerca das realidades espirituais, ou com quem possa unir-me em oração. Minha vida carece de todos os confortos da vida; minha dieta consiste principalmente em milho cozido, pudim de farinha, etc. Durmo sobre um monte de palha, meu trabalho é duro e extremamente difícil, e não parece que esteja obtendo sucesso, o que poderia animar-me. Os índios não têm um território que possam ocupar, senão as terras que os holandeses reclamam, e estes ameaçam expulsá-los. Os holandeses não se importam com as almas dos pobres índios, e até onde me foi possível perceber, eles me odeiam porque vim pregar para os selvagens. Porém, o que mais torna difícil a existência é que Deus oculta seu rosto de mim.”[12]
Em junho de 1743, montou a sua primeira escola para os índios. Ele nomeou seu intérprete atual, John Wauwaumpequunnaunt, como o diretor. Este novo trabalho, trouxe-lhe grande motivação, pois entendia que era muito mais fácil ensinar as verdades cristãs aos índios, depois de terem aprendido um pouco de Inglês.[13]
Posteriormente, ele foi transferido para trabalhar entre os índios Delaware, ao longo do rio Delaware, nordeste de Bethlehem Pensilvânia, onde permaneceu por um ano, durante o qual ele foi ordenado pelo Presbitério de Newark. Depois disso, mudou-se para Crossweeksung em Nova Jersey, onde ele teve seu fecundo ministério. Dentro de um ano, a Igreja indiana em Crossweeksung tinha 130 membros, que se mudou em 1746 para Cranbury onde estabeleceram uma comunidade cristã.[14] Nesse período ele escreveu em seu diário: “Parece que os índios se comovem muito mais com as verdades consoladoras do que com as verdades ameaçadoras da Palavra de Deus”.[15]
Nestes anos, ele se recusou várias ofertas de deixar o campo missionário para se tornar um ministro da igreja, incluindo um da igreja em East Hampton, em Long Island. Sua decisão sempre visava continuar o trabalho entre os índios americanos, apesar das dificuldades. Ele reconhecia que não podia viver, por causa da sua doença, muito tempo e resolveu então “arder até o fim”.[16] O seu clamor era:
“Eis-me aqui, Senhor, envia-me a mim até os confins da terra; envia-me aos selvagens do ermo; envia-me para longe de tudo que se chama conforto da terra; envia-me mesmo para a morte, se for no teu serviço e para promover o teu reino...”[17]
Finalmente acrescentou: “Adeus amigos e confortos terrestres, mesmo os mais anelados de todos. Se o Senhor quiser, gastarei a minha vida, até os últimos momentos, em cavernas e covas da terra, se isso servir para o progresso do Reino de Cristo.”[18]
1.5. Morte de David Brainerd
No outono de 1746 a doença Brainerd começou a vencê-lo. Em seu diário vemos o quão fraco ele estava e como sua condição física o impedia de continuar o seu ministério. Por isso, ele deixou os índios em novembro e viajou para a Nova Inglaterra e se mudou para a casa de Jonathan Dickinson em Elizabethtown.[19] Depois de alguns meses de descanso, ele viajou para Northampton, Massachusetts, onde ficou na casa de Jonathan Edwards. Durante este tempo, ele recebeu o cuidado de Jerusa Edwards, filha de dezessete anos de Jonathan. A amizade que cresceu e há quem diga que eles se tornaram noivos.[20]
Foi na casa de Jonathan Edwards que David Brainerd passou as últimas dezenove semanas de sua vida, sob os cuidados de Jerusa. Esse período, foi marcado pelo desejo de estar com Deus. Um dos seus últimos sentimentos do seu diário é: “Como anelo estar com Deus e prostrar-me perante Ele! Oh! que o Redentor pudesse ver o fruto do trabalho da sua alma e ficar satisfeito! Oh! vem,Senhor Jesus! Vem depressa! Amém!”[21]
Brainerd morreu de tuberculose em 09 de outubro de 1747, na idade de 29 anos. Boyer comentando a morte de David Brainerd, diz que ele findou a sua carreira terrestre aos vinte e nove anos, entretanto, “apesar de sua grande fraqueza física, fez mais que a maioria dos homens faz em setenta anos”.[22] Já Edwards escreveu: “Dou graças a Deus porque, pela sua providência, Brainerd morreu em minha casa. Pois assim pude ouvir suas orações, presenciar sua dedicação, e me sentir edificado pelo exemplo dele”.[23]
Segundo Boyer, “depois desse acontecimento, a noiva de Brainerd, Jerusa Edwards, começou a murchar como uma flor e, quatro meses depois também foi morar na cidade celeste. Dum lado do seu túmulo, está o de Davi Brainerd e do outro lado está o túmulo de seu pai, Jônatas (sic) Edwards”.[24]
2. O legado de David Brainerd.
A pesar da morte prematura David Brainerd deixou um legado imensurável para a história das missões. Veremos brevemente esse legado deixado por David para a história de missões.
2.1. O diário de David Brainerd - Uma fonte motivadora para outros missionários.
Talvez o maior legado deixado por David Brainerd tenha sido o seu diário. Muitos são os missionários que foram impactados por ele ao longo da história. Homens como William Carey, Henry Martyn, Robert Mürray McCheyne, John Wesley, Jonathan Edwards,Charles Spurgeon, Oswald Smith,Jim Elliot, citando apenas alguns, testemunharam a grande influência da biografia de Brainerd em suas vidas. Um biógrafo de Brainerd diz que ele “foi como uma vela que, na medida em que se consumia, transmitia luz àqueles que estavam em trevas”[25]
John Piper sobre a influência de Brainerd na história das missões diz que:
“As aflições de David Brainerd nos deram um Diário publicado que tem mobilizado mais missionários que qualquer outra obra semelhante. A fornalha do sofrimento produziu o ouro da direção e inspiração para viver a vida cristã, adorar o Deus cristão e espalhar o evangelho cristão”.[26] “A miséria abrasadora do isolamento e da doença de Brainerd explodiu em missões mundiais, além de toda a imaginação”.[27]
Sobre a influência de David Brainerd sobre a vida de Henry Martyn, Piper em seu livro “alegrem-se os povos”, assevera que:
“A morte de seu pai, as orações de sua irmã, o conselho de um pastor e o diário de David Brainerd levaram-no a dobrar os joelhos em submissão a Deus. Em 1802 resolveu abandonar uma vida de prestígio acadêmico e comodidade, tornando-se um missionário. Aquela foi a primeira medição do valor do reino em sua vida”.[28]
O próprio Henry Martyn registrou o impacto de Brainerd sobre sua vida repetidamente em seu diário. Em 11 de setembro de 1805 ele escreveu as seguintes palavras: “Que exemplo animador ele, frequentemente, tem sido para mim, especialmente em seu relato de que era de constituição física fraca e enferma!”[29] Em 12 de maio de 1806 ele escreveu:
“Minha alma foi restaurada hoje por meio da incessante compaixão de Deus, então encontrei sua refrescante presença em meus deveres pessoais; fui particularmente muito mais encorajado pela leitura do relato de D. Brainerd sobre as dificuldades de se dedicar a uma missão aos pagãos. Ah, bendita seja a memória daquele amado santo! Nenhum escritor inspirado jamais me fez i tanto bem. Sentia-me mais alegre para laborar entre os pobres nativos daqui; e minha disposição estava, acredito, mais despojada daquelas noções românticas, que algumas vezes me inflava com falso entusiasmo”.[30]
Segundo Ravenhill, William Carey leu a história de Brainerd e o seu coração ficou tão impactado, que levou o jovem ganhador de almas, até à Índia. E outro grande homem de Deus que se inspirou na vida de Brainerd foi Jonathan Edwards. Ele testemunhou o avanço da tuberculose a consumir o organismo de Brainerd. Na mesma época em que David Brainerd estava morrendo, João Wesley se encontrava no ápice de sua carreira espiritual. Ele em uma conferencia fez uma pergunta retórica: “O que poderemos fazer para reavivar a obra do Senhor nos locais onde ela está em declínio?” E em seguida respondeu à sua própria pergunta, dizendo: “Todos os pregadores devem ler atentamente a biografia de David Brainerd”.[31]
Assim, os sofrimentos e a dedicação de David Brainerd surtiram efeito em milhares de missionários em todo mundo. Em suma, homens como Payson, McCheyne, Carey, Edwards e Wesley, todos eles homens famosos na história das missões, foram inspirados pela mesma fonte, todos devedores a Deus por um dia ter levantado David Brainerd, que embora doente dedicou a sua vida as missões e deixou o seu exemplo registado para todas as gerações vindoras.
2.2. O ministério missionário de David Brainerd - um exemplo real a ser seguido.
Além do seu diário, o exemplo de seu ministério tem conduzido muitos a buscarem uma visão melhor de como viver e servir a Deus buscando sempre a sua glória e a expansão de seu Reino. Citaremos alguns pontos que trazem luz a está ideia.
2.2.1. Dedicação total a obra missionária.
David Brainerd respirava missões. Pecebemos isso no seu diário quando ele diz: "Completo vinte e cinco anos de idade hoje. Dói-me a alma ao pensar que vivi tão pouco para a glória de Deus. Passei o dia na floresta sozinho, derramando a minha queixa perante o Senhor”.[32] Sua paixão pelas almas perdidas era uma marca visível e gritante em sua vida. Essa paixão foi expressada em seu diário com as seguintes palavras:
“Inúmeras vezes eu o vi descer as escadas, de manhã, após haver passado várias horas em oração, com os olhos inchados de tanto orar. Não demorava a fazer alusão ao motivo de sua ansiedade, dizendo: ‘Sou um homem de coração partido. Sim, é verdade, sou um homem infeliz. Não por mim mesmo, mas por causa dos outros. Deus me deu tal visão do valor imenso das almas que não sou capaz de viver se elas não estiverem sendo salvas. Oh, dá-me almas, pois de outro modo morrerei !’”[33]
2.2.2. Uma vida de sacrifício pela obra.
Gilson Santos, diz que David Brainerd é um exemplo de alguém que resolveu colocar sua vida no altar. As privações, o trabalho incansável, as intempéries consumiram o seu vigor. Uma prolongada enfermidade ceifou sua vida. Devido à sua fragilidade física e aos rigores do campo missionário, ele contraiu tuberculose. Além disso, David Brainerd calculou o auto preço de seguir a Cristo e deliberadamente fez uma escolha que significava separar-se do mundo civilizado, com suas vantagens e associar-se à dureza, ao trabalho e, possivelmente, a uma morte prematura e solitária.[34]
A leitura do diário de Brainerd deixa isso ainda mais claro. A certa altura de seu sofrível mistério ele diz: “Não importa onde ou como vivi ou por que dificuldades passei, contanto que tenha, desta maneira, conquistado almas para Cristo”.[35] Em outro lugar ele diz: “Não tenho nenhum conforto, a não ser o que me vem de Deus”.[36]
2.2.3. Uma vida dedicada à glória de Deus.
“Quero esgotar minha vida neste serviço, para a glória de Deus”.[37] Estas palavras ditas por David Brainerd foram uma realidade em sua vida. Ele descreve uma experiência que mostra isso:
“Ao entardecer fui visitado inesperadamente por um número considerável de pessoas, com as quais pude ter uma conversa proveitosa sobre coisas divinas. Tive dificuldades para descrever a diferença entre amor por Si mesmo regular e irregular, consistindo um em supremo amor a Deus e o outro não; o primeiro unindo a glória de Deus à felicidade da alma a ponto de se tornarem um interesse comum, mas o segundo desmembrando e separando a glória de Deus e a felicidade humana, buscando a última e negligenciando a primeira. Ilustrei isso com o amor genuíno que se vê entre os sexos, que é diferente do que se acalenta em relação a alguém apenas com argumento racional, ou esperança de interesse pessoal”.
John Piper em seu livro “Em busca de Deus” comenta estas palavras supracitadas de Brainerd, e diz que ele sabia em seu íntimo que, ao buscar viver para a glória de Deus, ele sabia que não estava fazendo um sacrifício radical, apesar de estar morrendo de tuberculose. A cada sofrimento, vinham novas experiências da glória de Deus. Assim, David Brainerd foi um exemplo de alguém que abriu mão das glórias da vida para viver para a glória de Deus.
CONCLUSÃO
Diante do que vimos na vida de David Brainerd, registrada em seu diário, não há sombra de dúvidas que Brainerd foi um nome importante na História das missões. Como vimos são vários os missionários que foram influenciados por seu exemplo. Sua morte foi prematura, mas seu exemplo tem sido atemporal.
A leitura do diário de Brainerd mostra com clareza o quanto ele desejava viver na terra para a glória céu. A certa altura de sua vida ele disse:
“Meus desejos parecem ser especialmente no sentido de me alongar do mundo, e de morrer inteiramente para ele, e de ser crucificado para suas atrações [...] Oh! Quanto desejo a santidade! Quanto quero mais de Deus em minha alma! Oh! Esta dor agradável! Ela faz com que minha alma anseie ainda mais por Deus”. [38]
Oh! Como nós, seminaristas e ministros atuais, precisamos destes “dias de céus sobre a terra”.[39] Como precisamos como Brainerd arrancar os tocos dos pecados e as pedras da iniquidade, para que o arado de Deus are a terra do nosso coração e plante a semente do reavivamento, que regada pela chuva do Espírito dará fruto em abundância e nos conduzirá a viver para glória de Deus. Que nos últimos dias das nossas vidas possamos dizer como Brainerd: “Agora que estou a morrer, declaro que não gastaria minha vida por todo o mundo de outra maneira”.[40]
[1] BOYER, Orlando. Heróis da fé. Rio de Janeiro: Casa Publicadora da Assembleia de Deus, 1996. p. 94.
[2] Apud RAVENHILL, Leonard. Porque Tarda o Pleno Avivamento? Tradução de Myriam Talitha Lins. Venda Nova, Editora Betânia, 1989. p. 79.
[3] ROSS, Stephen. Missionary biographies. David Brainerd: Chronology of Life
Disponível em: <http://www.wholesomewords.org/missions/biobrainerd5.html> acessado em 22 nov. 2010.
[4] SANTOS, Gilson. “David Brainerd (1718 – 1747)”. Em: Fé para Hoje, Número 29, Ano 2006, São José dos Campos: Editora Fiel, pp. 7 - 10.
[5] David Brainerd apud BOYER, Orlando. Heróis da fé. Rio de Janeiro: Casa Publicadora da Assembleia de Deus, 1996. p. 86 – 87.
[6] David Brainerd apud BOYER, Orlando. Heróis da fé. Rio de Janeiro: Casa Publicadora da Assembleia de Deus, 1996. p. 86 – 87.
[7] Cf. PIPER, John. O sorriso escondido de Deus. O fruto da aflição na vida de John Bunyan, William Cowper e David Braiberd. Tradução: Augustus Nicodemos. São Paulo. Shedd Publicações. 2002. 144.
Ver também: Dados biográficos disponíveis em: <http://en.wikipedia.org/wiki/David_Brainerd> Acessado em 23 de Nov. 2010.
[8] Cf. EDWARDS, Jonathan. . A vida de David Brainerd. São José dos Campos: Editora Fiel, 1993. p. 25.
[9] Cf. EDWARDS, Jonathan. . A vida de David Brainerd. São José dos Campos: Editora Fiel, 1993. p. 27.
[10] Cf. Dados biográficos disponíveis em: <http://en.wikipedia.org/wiki/David_Brainerd> Acessado em 23 de Nov. 2010
[11] Ver também: Dados biográficos disponíveis em: <http://en.wikipedia.org/wiki/David_Brainerd> Acessado em 23 de Nov. 2010
[13] Cf. Dados biográficos disponíveis em: <http://www.wholesomewords.org/missions/biobrainerd7.html> Acessado em 23 de Nov. 2010.
[14] Ibid
[16] BOYER, Orlando. Heróis da fé. Rio de Janeiro: Casa Publicadora da Assembleia de Deus, 1996. p. 86 – 87.
[17] Ibid
[18] Apud BOYER, Orlando. Heróis da fé. Rio de Janeiro: Casa Publicadora da Assembleia de Deus, 1996. p. 86 – 87.
[19] Cf. Dados biográficos disponíveis em: <http://www.wholesomewords.org/missions/biobrainerd7.html> Acessado em 23 de Nov. 2010.
[20] RAVENHILL, Leonard. Porque Tarda o Pleno Avivamento? Tradução de Myriam Talitha Lins. Venda Nova, Editora Betânia, 1989. p. 79.
[21] Apud BOYER, Orlando. Heróis da fé. Rio de Janeiro: Casa Publicadora da Assembleia de Deus, 1996. p. 93, 94.
[22] Ibid p. 94.
[23] Apud RAVENHILL, Leonard. Porque Tarda o Pleno Avivamento? Tradução de Myriam Talitha Lins. Venda Nova, Editora Betânia, 1989. p. 79.
[24] Apud BOYER, Orlando. Heróis da fé. Rio de Janeiro: Casa Publicadora da Assembleia de Deus, 1996. p. 94
[25] SANTOS, Gilson. “O Tom Sofrido da Voz Profética”. Em: Fé para Hoje, Número 9, Ano 2001, São José dos Campos: Editora Fiel, pp. 13-22.
[26] PIPER, John. O sorriso escondido de deus: o fruto da aflição na vida de john bunyan, william cowper e david brainerd. São Paulo: Shedd Publicações, 2002. P. 19.
[27] Ibid P. 19.
[28] PIPER, John. Alegrem-se os povos: a supremacia de Deus em missões. São Paulo: Cultura Cristã, 2001. p. 78
[29] Ibid
[30] Ibd p. 99
[31] RAVENHILL, Leonard. Porque Tarda o Pleno Avivamento? Tradução de Myriam Talitha Lins. Venda Nova, Editora Betânia, 1989. p. 79.
[32] BOYER, Orlando. Heróis da fé. Rio de Janeiro: Casa Publicadora da Assembleia de Deus, 1996. p. 90.
[33] Apud SMITH, Oswald. Paixão pelas Almas. 27 ed. São Paulo, Editora Vida, 1996. 124 pp.
[34] SANTOS, Gilson. “O Tom Sofrido da Voz Profética”. Em: Fé para Hoje, Número 9, Ano 2001, São José dos Campos: Editora Fiel, pp. 13-22.
[36] Ibid
[37] Ibid
[38] Apud SMITH, Oswald J. David Brainerd: sua mensagem para os nossos dias.Tradução de Waldemar W. Wey. Belo Horizonte, Edições Renovação Espiritual, 1961. p. 40,45.
[39] LLOYD-JONES, Martyn. Avivamento. Tradução de Inge Kaenig. 2 ed. São Paulo, Publicações Evangélicas Selecionadas, 1993. P. 108.
[40] Apud SMITH, Oswald J. David Brainerd: sua mensagem para os nossos dias.Tradução de Waldemar W. Wey. Belo Horizonte, Edições Renovação Espiritual, 1961. p. 9.
REFERÊNCIAS
APOSTILAS.
LADEIA, Donizeti Rodrigues, Manual Metodológico para produção monográfica: Anotações de Aulas, da matéria metodologia, apresentadas no Seminário Teológico José Manuel da conceição. São Paulo. 2° Semestre 2010. 33 p.
BÍBLIAS:
A BÍBLIA VIDA NOVA. Editor responsável: Russel P. Schedd. Antigo e Novo Testamento traduzido por João Ferreira de Almeida. 2 ed. São Paulo, Editora Vida Nova, 1988. 1065 pp.
BÍBLIAS DE ESTUDO GENEBRA. Editor Geral: R. C. Sproul. Editor em português: Cláudio Antônio Batista Marra. Antigo e Novo Testamento traduzido por João Ferreira de Almeida. 2 ed. Revista e atualizada. São Paulo e Barueri, Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. 1728 pp.
BÍBLIA SAGRADA: Nova Versão Internacional. Sociedade Bíblica Internacional, 2003. 1002 pp.
LIVROS:
BOYER, Orlando. Heróis da fé. Rio de Janeiro: Casa Publicadora da Assembleia de Deus, 1996. 271 P.
EDWARDS, Jonathan. . A vida de David Brainerd. São José dos Campos: Editora Fiel, 1993. p. 240
LLOYD-JONES, Martyn. Avivamento. Tradução de Inge Kaenig. 2 ed. São Paulo, Publicações Evangélicas Selecionadas, 1993. 320 pp.
PIPER, John. Alegrem-se os povos: a supremacia de Deus em missões. São Paulo: Cultura Cristã, 2001. p. 78
____________, O sorriso escondido de Deus. O fruto da aflição na vida de John Bunyan, William Cowper e David Braiberd. Tradução: Augustus Nicodemos. São Paulo. Shedd Publicações. 2002. 191
RAVENHILL, Leonard. Porque Tarda o Pleno Avivamento? Tradução de Myriam Talitha Lins. Venda Nova, Editora Betânia, 1989. 160 pp.
SANTOS, Gilson. “David Brainerd (1718 – 1747)”. Em: Fé para Hoje, Número 29, Ano 2006, São José dos Campos: Editora Fiel, pp. 7 - 10.
SANTOS, Gilson. “O Tom Sofrido da Voz Profética”. Em: Fé para Hoje, Número 9, Ano 2001, São José dos Campos: Editora Fiel, pp. 13-22.
SMITH, Oswald J. David Brainerd: sua mensagem para os nossos dias. Tradução de Waldemar W. Wey. Belo Horizonte, Edições Renovação Espiritual, 1961. 108 pp.
SMITH, Oswald. Paixão pelas Almas. 27 ed. São Paulo, Editora Vida, 1996. 124 pp.
INTERNET:
Dados biográficos disponíveis em: <http://www.wholesomewords.org/missions/biobrainerd7.html> Acessado em 23 de Nov. 2010.
Dados biográficos disponíveis em: <http://en.wikipedia.org/wiki/David_Brainerd> Acessado em 23 de Nov. 2010
Dados biográficos disponíveis em: <http://www.wholesomewords.org/missions/biobrainerd7.html> Acessado em 23 de Nov. 2010.
0 comentários:
Postar um comentário