ACONSELHAMENTO CRISTOCÊNTRICO
ACONSELHAMENTO
CRISTOCÊNTRICO
Estes últimos dias estão sendo marcados por um
grande afastamento dos seres humanos de Deus e de sua Palavra. A consequência
disso tem sido o caos em todas as áreas da vida humana. Quanto mais soluções
horizontais os homens buscam mais desorientados eles ficam. O grande número de
teorias seculares tem tentado explicar a dor da alma humana, mas sempre sem
sucesso. Além disso, elas a deixam hoje, pior do que se encontravam ontem.
Nesse cenário, não é difícil encontrarmos em nossos dias
cristãos que perderam de vista a suficiência de Cristo, em suas vidas. Não são
poucos os que acham que, para se livrarem dos problemas existenciais desta
vida, precisam de Cristo e algo mais.
Há aqueles também, que dizem acreditar em Cristo, mas pensam que ele pouco pode
ajudar na sua depressão, ira, casamento, nos problemas emocionais do dia a dia.
Assim, buscam auxílio em livros de autoajuda e se esquecem da ajuda do alto.
O fracasso dos cristãos modernos em compreender as
riquezas que têm em Cristo, escancara a porta da igreja para uma multiplicidade
de influências aberrantes que têm como base princípios humanistas (MacArthur,
1997). Esse é sem dúvidas um mero engano.
Boor (2006, s/p) afirma que:
Os melhores conhecimentos teóricos sobre a
natureza do ser humano podem ajudá-lo tão pouco quanto as mais corretas e
sublimes exigências, instruções e metas. A filosofia de todas as categorias e
linhas, ao elaborar considerações sobre o ser humano, erige palacetes para –
prisioneiros culpados e mortos. A busca pela humanidade do ser humano é na
verdade a busca pela anulação eficaz da culpa e pelo despertar real da morte.
Quem consegue fornecer uma resposta a essa questão que não seja uma resposta da
teoria, mas da ação? Nenhuma filosofia é capaz disso.
Jay Adams (1997) estava correto ao afirmar que Jesus
Cristo deve estar no centro de todo genuíno aconselhamento cristão. Ele
assevera ainda que “qualquer forma de aconselhamento que remova Cristo dessa
posição de centralidade deixa de ser cristã na proporção em que o faça” (Adams,
1997, p. 55). Por isso, nada pode desviar nossa fé do supremo e Senhor Jesus
Cristo. Ele é suficiente para vivermos uma vida que agrada a Deus. Nele achamos
tudo que precisamos para vencer as adversidades da vida. Em Cristo Jesus, o
ser humano se reencontra (não teoricamente, mas de modo real) como pessoa
criada segundo a imagem de Deus, destruída na queda do pecado e agora salva e
renovada. Em Jesus são respondidas todas as indagações do ser humano a si mesmo
(“de onde eu vim” e “para quê estou aqui”) (Boor, 2006, s/p). MacArthur (2007,
p. 102) retoricamente perguntou: “Onde podemos obter respostas confiáveis para
as mais difíceis perguntas da vida?” Ele mesmo respondeu: “Nosso
todo-suficiente salvador não nos deixou sem amplos recursos espirituais. Sua perfeita
sabedoria está disponível em sua Palavra” (Ibid).
Como vimos no primeiro capítulo deste trabalho, a plenitude por meio de
Cristo era negada pela filosofia herética presente na igreja de Colossos. Os
falsos mestres alegavam que Cristo sozinho não era suficiente nos aspectos
espirituais ou na plenitude da vida.
Eles defendiam uma variedade de aditivos espirituais, os quais levariam a uma
vida mais “plena”. Essa mesma ideia permanece até hoje. Nos últimos anos, de
maneira especial no aconselhamento bíblico, o aditivo tem sido a psicologia
humanista. Ela tem se tornado ainda mais perigosa quando misturada com os
princípios bíblicos. Nos últimos anos, teólogos e conselheiros bíblicos como
Jay Adams (1977) e John
F. MacArthur Jr. (2007) têm se levantado veementemente em defesa da total
suficiência de Cristo e negação de qualquer aditivo à obra de Cristo.
É verdade que a Psicologia pode ser uma ferramenta útil para a teologia
quando bem usada, pois ela ajuda a conhecer melhor os problemas dos seres
humanos fazendo observações relevantes e úteis para entendimento dos mesmos.
Entretanto, ela traz consigo vários perigos quando entra na igreja. O primeiro
grande perigo, é que a psicologia pode deixar a entender (ou até mesmo dizer
claramente), que a Bíblia e o cristianismo não são suficientes para trazer uma
resposta para os problemas emocionais do ser humano. O Segundo, (que já visto
em alguns lugares) é colocar a psicologia com o mesmo nível de autoridade da
Bíblia e substituir a pregação da Palavra, pela mensagem de autoajuda com os
princípios da psicologia (Powlison in HORTON, 1998, p. 157 – 180).
O fato
é que a psicologia não deve ser integrada à teologia, nem muito menos deve
regê-la. A psicologia e as demais ciências humanas são e sempre devem ser
servas da teologia. A Bíblia sempre será soberana, não temos que validar a
revelação com o conhecimento do mundo, mas trazer o conhecimento do mundo
cativo à revelação. Conhecimentos modernos,
pós-modernos ou hipermodernos, devem ser trazidos aos pés da cruz, à obediência
de Cristo (Gouvêa, 1996, p. 50-70): “Destruímos argumentos e toda pretensão que
se levanta contra o conhecimento de Deus, e levamos cativo todo pensamento,
para torná-lo obediente a Cristo” (2 Coríntios 10.5). Pois, quando todas as palavras humanas estiverem
esquecidas nas areias das civilizações derribadas, o Verbo de Deus permanecerá,
pois Ele é a verdade (João 17.17). Cristo é a revelação completa, enquanto a
psicologia e as demais ciências humanas são verdades humanas e em
desenvolvimento e assim são princípios humanos e falíveis (Powlison in HORTON, 1998, p. 157 – 180).
A
verdade apresentada por Paulo aos colossenses é útil a nós hoje. Ele diz mais
uma vez que Cristo é suficiente para todos os aspectos da nossa vida. Jesus
Cristo é a origem e o alvo de toda a realidade. O mundo inteiro somente pode
ser entendido corretamente quando é visto, a partir de Cristo, e em direção à
Cristo. Para o apóstolo, em Cristo nós somos aperfeiçoados. Suas palavras são:
“Também, nele, estais aperfeiçoados.”
(Cl. 2.10). Este texto visto a luz do verso nove (veja o paralelo no grego v.9
πλήρωμα, v.10 πεπληρωμένοι) mostra que plenitude da divindade que habita em
Cristo é a base para a plenitude dos cristãos de Colossos. Assim, com o
termo “aperfeiçoado”, Paulo que dizer
que em Cristo nós somos preenchidos
plenamente. Além disso, o tempo
do verbo (perfeito) aponta para um estado permanente como resultado de alguma
ação anterior, com efeitos permanentes. Já a voz passiva, sugere que os
leitores foram preenchidos por Deus. Em outras palavras, nossa união com Cristo
nos conduz para uma vida plena, que vem do próprio Deus. Tudo que precisamos
para vencer as lutas da vida vem de Deus, por meio de Cristo.
Talvez a pergunta a ser levantada e que trará luz à nossa discussão é:
“Por que somente Cristo tem a solução, de
fato, para os nossos problemas?” A resposta desta pergunta deve considerar
um aspecto importante que nos leva a outra pergunta, a saber: “Qual é a causa
dos problemas dos seres humanos?” Resposta bíblica é: “A pecaminosidade do seu
coração”. O pecado original e atual são os grandes responsáveis dos nossos
problemas.
A
história bíblica confirma esta verdade. Quando Deus criou o ser humano ele o
fez perfeito e com plena felicidade. Entretanto, a queda alterou este quadro. A
perfeição deu lugar ao pecado, o qual conduziu o homem à rebeldia e à
insensatez, consequentemente, ao afastamento do ideal da vida. Para resolver
este problema, Deus prometeu enviar um salvador (Jesus Cristo todo-suficiente)
que mudaria a situação.
Segundo
Tripp (2009), a boa notícia é que este salvador veio para trazer mudanças
profundas e permanentes. Ele veio para redimir a humanidade e resolver o
problema central do ser humano, isto é, o pecado: que levou todos nós há uma
condição e comportamento infeliz. A implicação dessa notícia é que somente
Cristo pode resolver esse problema humano. Qualquer outro antídoto é apenas
paliativo.
Talvez
este seja o grande diferencial do aconselhamento bíblico para uma consulta
psicológica. A psicologia secular humanista
parte do pressuposto de que o homem deve ser entendido como
um ser contido em si mesmo, isto é, autônomo. Todas as demais conclusões sobre
ele seguem à risca esta ideia. A visão reformada, entretanto, enxerga o
homem dentro de sua real história de vida, por meio dos conceitos da criação,
queda e redenção. Somente Cristo pode tratar do mal na raiz (TRIPP, 2009).
Sendo assim, o aconselhamento cristocêntrico
parte do princípio de que o homem sem Deus está totalmente perdido e sem
esperança. A única solução para os problemas de sua alma está na cruz. Só em Jesus o
homem pode ter a paz verdadeira, só nele encontramos respostas para os
anseios e temores. O maior problema da alma é o pecado e só Jesus tem a cura!
Concluo esta parte citando mais uma vez
MacArthur (2007, p. 15):
A
igreja está afundando num atoleiro de mundanismo e de auto-indulgência (sic).
Mas do que nunca, precisamos de uma geração de líderes dispostos a confrontar
essa tendência. Precisamos de homens e mulheres piedosos, mais do que nunca,
precisamos de uma geração de líderes dispostos a confrontar com a verdade de
que em Cristo nós herdamos recursos espirituais suficientes para cada
necessidade, para cada problema – tudo que conduz a vida e a piedade.
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