PREGAÇÃO CRISTOCÊNTRICA
Os
que desejam colocar a dramatização, a música e outros meios mais sutis no lugar
da pregação deveriam levar em conta o seguinte: Deus, intencionalmente,
escolheu uma mensagem e uma metodologia que a sabedoria deste mundo considera
como loucura.
Essa dificuldade não
é nova. A Igreja de Colossos enfrentava a mesma dificuldade que enfrentamos
hoje. Nossos irmãos do passado estavam sendo levado por uma pregação, que ao
mesmo tempo em que ficava aquém de Cristo, ia além dele. Paulo os exorta da
seguinte forma:
...permaneceis
na fé, alicerçados e firmes, não vos deixando afastar da esperança do evangelho
que ouvistes e que foi pregado a toda criatura debaixo do céu, e do qual eu,
Paulo, me tornei ministro. (Colossenses 1.23, ARA)
Paulo encoraja os cristãos de Colossos para resistir aos agrados dos
falsos mestres e continuar a crescer no conhecimento de Cristo. Com isso, ele
quer confrontar os colossenses com a realidade de que sua salvação depende do
fato deles permanecerem fiéis[1]
a Cristo e ao evangelho verdadeiro (Melick, 2001). Como podem os colossenses continuar na fé? O
Apóstolo mostra que positivamente, eles deveriam permanecer firmes; e
negativamente, não se afastando da esperança do evangelho de Cristo. Paulo
exorta os colossenses a concentrarem-se na esperança, que vem através da
resposta ao evangelho, em distinção a falsa esperança de ser realizada pelos
falsos mestres (MELICK,
2001).
Além disso, o apóstolo lembra aos colossenses que o evangelho pregado
por ele é o único dado pelo próprio Cristo e não há outro. Este, sem
dúvida, contrasta com as visões sectárias que eram propagadas entre os
colossenses, por aqueles que estavam apresentando outro evangelho. Este lembrete mostra uma dupla afirmação
sobre a verdade do evangelho: 1) Foi o mesmo pregado em toda a criação, e é o
que Paulo tem pregado. 2) O elemento central do evangelho é a Pessoa e a Obra
de Jesus (MELICK, 2001).
Paulo mostra que o
Evangelho de Cristo é o centro das Escrituras! Aos judaizantes que queriam
interpretar a Escritura sem considerar a Pessoa e Obra de Cristo, o apóstolo
assevera, nesta carta e em outras, que toda a Escritura fala direta ou indiretamente
sobre Cristo. :
Agostinho, seguindo esta ideia, afirma que o cânon bíblico,
inclusive o Velho Testamento (que os judaizantes tanto seguiam), deve ser
abordado como uma unidade cristocêntrica (Apud Anglada, 2006, p. 125). Em outras palavras, um
evento na vida dos patriarcas, um episódio da vida de Davi, uma experiência dos
profetas não podem ser apresentadas como uma cena isolada, mas como uma unidade
cristológica. Thomas Adams (Apud Anglada, 2006, p. 100) afirma que Cristo é “a suma de toda Bíblia, profetizando,
tipificando, prefigurando, exibido, demonstrado, a ser encontrado em cada folha
e em cada linha”.
Os reformadores também afirmavam que as Escrituras deveriam ser
interpretadas e pregadas de forma cristocêntrica. O princípio cristológico ou
cristocêntrico reformado de interpretação e pregação das Escrituras afirma que Cristo
é a chave e o centro tanto em uma como em outra. A Bíblia, do início ao fim, se
refere a Ele, se concentra nele e dá testemunho dele (Anglada, 2006, p. 179,180). Lutero assevera que “se olharmos seu significado
interior, toda Escritura é somente sobre Cristo em todo lugar, ainda que
superficialmente possa parecer diferente” (Apud CARDOSO, pp. 57-79).
Para Calvino (apud Anglada,
2006, p. 125), “Cristo é a substância, escopo e essência da revelação bíblica, e só
é possível compreender as Escrituras, se elas forem lidas ‘com o propósito de
encontrar Cristo nelas’”. Assim, Cristo é o tema central tanto de Velho
como do Novo Testamento. Este ensino bíblico apostólico visto nestes
personagens da ortodoxia eclesiástica nos lembra da necessidade do reconhecimento
da centralidade de Jesus Cristo (sua pessoa e obra) na interpretação e pregação
das Escrituras.
Chapell (2002) em seu livro “Pregação Cristocêntrica”, mostra-nos que,
em todas as pregações (seja no AT ou no NT), devemos considerar o que ele mesmo
chama de “FCD - Focalização da Condição Decaída”. Citando Thomas F. Jones ele
afirma:
A
verdadeira pregação cristã precisa centralizar-se na cruz de Jesus Cristo. A
cruz é a doutrina central dos santos escritos. Todas as outras verdades
reveladas, ou encontram seu cumprimento na cruz, ou são necessariamente
fundamentadas sobre ela. Portanto, nenhuma doutrina da Escritura pode fielmente
ser apresentada aos homens a menos que se torne manifesto o seu relacionamento
com a cruz. Aquele que é vocacionado para pregar, portanto, deve pregar a
Cristo, pois nenhuma outra mensagem há que proceda de Deus (apud CHAPELL, 2002, p. 294).
Diante disso, devemos entender que a pregação da Bíblia só será
entendida de forma clara e completa se feita numa perspectiva Cristocêntrica.
Não devemos pregar outra coisa senão Jesus Cristo Ressurreto. Uma pregação
separada do centro, na melhor das hipóteses, trará uma moral edificante, mas
jamais será uma pregação bíblica (Veer, 2011). Como assevera Chapell (2002, p. 290) “uma mensagem que meramente defende a
moralidade e a compaixão permanece na condição de mensagem não integralmente
cristã, mesmo que o pregador seja capaz de provar que a Bíblia exige tais
ensinamentos”.
Hoje em dia, não são poucos os sermões pregados que jamais mencionam a
Cristo. Há outros, que Jesus Cristo é mencionado, mas a atenção dos ouvintes é
direcionada para aplicações legalistas, psicologisadas e acima de tudo
antropocêntricas. A fim de agradar o homem, a igreja tem pregado um evangelho
que deixa de lado o Deus-Homem.
A igreja
e a pregação andam juntas, ou elas resistem ao secularismo ou ambas caem
juntas; no dizer do Dr. Martin Lloyd-Jones: “a mais urgente necessidade da
igreja cristã da atualidade é a pregação autêntica” (apud Eby, 2001, p.
37). C. H. Spurgeon aconselhava os seus alunos
que apegassem a verdade e anunciassem todo o conselho de Deus, ao invés de
cederem às pressões da época e agradarem aos seus ouvintes. E ensina:
Sinto-me na obrigação de dizer que nosso
objetivo não é agradar a clientela, pregar para satisfazer a nossa época,
acompanhar o progresso moderno [...] Não procuraremos ajustar a nossa Bíblia a
esta época [...] Não vacilaremos; não seremos orientados pela congregação, mas
teremos o olhar fixo na Palavra infalível de Deus e pregaremos segundo as suas
instruções... (apud Anglada,
2006, p. 31).
Diferente
da igreja de Colossos, que precisava permanecer na verdade, nós precisamos
voltar à verdade. Calvino, diante da realidade da igreja na qual vivia antes da
reforma, chegou à seguinte conclusão: “Se eu me voltar para a verdade que está
contida nas Escrituras, não estaria voltando para a Igreja? Não pode haver
igreja onde a verdade não esteja” (apud Fisher, 1961, p 90,91). Martin Lloyd-Jones, comentando sobre a
Reforma Protestante, diz que: “A maior lição que a Reforma tem a nos ensinar é,
justamente, o segredo do sucesso na esfera da igreja e das coisas do Espírito
Santo, é olhar para trás”. Lutero e Calvino, diz Lloyd-Jones: “foram
descobrindo que estiveram redescobrindo o que Agostinho já tinha descoberto e
que eles tinham esquecido” (LLOYD-JONES, 1994, p. 2-5).
A Igreja precisa voltar a um princípio reformado “Sola Scriptura”, e ao tempo dos apóstolos, quando a pregação não
era outra senão a pessoa e obra de Cristo. Vivemos em dias em que a metodologia
humana tem tomado o lugar da pregação do divino Filho de Deus. A sabedoria e
métodos humanos tem substituído a Palavra de Cristo. Entretanto, não precisamos
de novos métodos humanos, mas de velhos homens de Deus, dispostos a voltar para
as Escrituras e pregá-la de maneira cristocêntrica. A verdade apresentada por
Paulo aos cristãos de Coríntios precisa ser trazida à nossa memória: “Visto
como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria,
aprouve a Deus salvar os que creem pela loucura da pregação”. (1 Co.1.21).
Calvino (2006, I. VII. §I) comentado este
texto relata:
Portanto, o Apóstolo argui, não sem razão, que a fé dos coríntios estava fundamentada no poder
de Deus, não na sabedoria
humana, porque por entre eles sua pregação
se tornara recomendável não em virtude de palavras persuasivas do saber humano, mas em demonstração do Espírito e de poder, porque a verdade
se dirime de toda dúvida quando, não se apoiando
em suportes alheios,
por si só ela própria é suficiente para suster-se.
Diante das evidências bíblicas, históricas e
teológicas, parece impossível pregar eficazmente excluindo Cristo. A relevância
desta verdade está no simples fato de que toda redenção da alma e plenitude da
vida giram em torno de Cristo. Além disso, o homem não pode por si só alcançar
absolutamente nada; tudo vem por meio de Cristo. Cristo é superior a tudo! A
supremacia de Cristo é o que direciona a mensagem. Não existe um meio de
transformar o indivíduo sem apresentar Cristo, pois não há salvação em nenhum
outro (At. 4.12). Somente a pregação cristocêntrica é poderosa para transformar
o homem de perdido para redimido, de pecador para santo. O conselho de Paulo é
valido a nós: “Pois não pregamos a nós mesmos, mas a Jesus Cristo, o Senhor” (2 Co. 4.5).
Em suma, a mais urgente necessidade da igreja cristã da atualidade é a
pregação autêntica e cristocêntrica da Palavra. A falta de conteúdo
cristocêntrico nos púlpitos de muitas igrejas nunca se fez tão visível como nos
dias de hoje. Não são poucos os que dizem que estão “ungidos” por Deus e com a
desculpa de que é o Espírito Santo que fala, tem deixado de pregar o evangelho
de Cristo e tem pregado suas próprias ideias. A sabedoria humana tem sido maximizada e a grandeza de Cristo minimizada. Stott (2005, p. 32) estava
com razão quando afirmou:
A
pregação não existe para a propagação de ideias, opiniões e ideais, mas para
proclamação dos poderosos atos de Deus [...] Palavra de Deus é essencialmente o
registro e a interpretação do grande feito redentor de Deus em Cristo e através
dele. As Escrituras dão testemunho de Cristo, o único Salvador dos pecadores.
Assim, um bom despenseiro da Palavra será sempre um zeloso arauto das boas
novas da salvação em Cristo.
[1]
A exortação foi uma exortação verdade. Eles foram incentivados a continuar
na fé. Não havia dúvida de que os crentes genuínos
continuariam. Ainda mais, o fato de que eles fizeram continuar evidenciou
a realidade dos seus compromissos
(Cf. MELICK, 2001).
Baixe os slides da primeira mensagem da série:
Apocalipse 2: 1-7
Slides: http://goo.gl/XaKbXy
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Baixe os slides da primeira mensagem da série:
Apocalipse 2: 8-11
Baixe os slides da primeira mensagem da série:
Baixe os slides da primeira mensagem da série:
Baixe os slides da primeira mensagem da série:
Baixe os slides da primeira mensagem da série:
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muito bom jailson santos, concordo plenamente com vc. JESUS CRISTO é o centro de tudo. e que DEUS chame mais homens como vc, que ensine a palavra da verdade ( JESUS)
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