Da interpretação a exposição (aula 1)
ASSISTA A APRESENTAÇÃO EM TELA CHEIA
ESTRUTURA E TIPOS DE SERMÃO[1]
A prédica é uma fala que
desenvolve uma série de pensamentos. Para que esses pensamentos sejam
inteligíveis, precisam estar dispostos dentro de uma certa ordem. É o que
chamamos de estrutura da prédica. A função da estrutura é auxiliar o pregador a
comunicar o conteúdo de sua prédica e o ouvinte a captar, assimilar e gravar
tal conteúdo. Assim, a estrutura é um elemento essencial da pedagogia da
prédica e, como tal, merece a maior atenção". (Kirst, 75).
A estrutura básica de
qualquer sermão ou discurso é “começo, meio e fim!” A partir daí, então,
ocorrem as variações. Não existe um padrão único de estrutura para a prédica. A
estrutura deve variar de acordo com o texto, a situação dos ouvintes e o
objetivo do pregador. Se o sermão vai ter um, dois ou três pontos, depende do
texto ou do tipo de prédica escolhida.
Há três tipos de sermão:
TEMÁTICO: baseado em textos breves de onde se tira apenas o terna ou assunto. Nele
nos voltamos para o assunto. Se o assunto é tirado de um texto, então tendo
fornecido o assunto o texto não é usado como formador do pensamento que
sustenta as ideias do sermão. O assunto é tratado conforme sua natureza e
divisões e não segundo o texto. Muitas vezes o texto é apenas um moto. Neste
caso temos que conhecer ou estudar bem o assunto e saber fazer perguntas ao
tema ou ao assunto.
Neste tipo de sermão corremos o risco
de apresentarmos um assunto mais por ser o do momento ou mais fácil de ser
falado do que por ser bíblico, ou queremos colocar nossas ideias mais do que a
Bíblia, estreitamos nosso horizonte de verdades a serem pregadas ou nos
prendemos apenas a algumas necessidades humanas, muitas vezes a) partir de nós
mesmos (Broadus).
TEXTUAL: é o sermão que deriva do texto o assunto e as divisões. Tira-se um único assunto de um texto e o discute-se em divisões sugeridas pelo próprio texto, mesmo que isso não seja a análise total do assunto. A importância aqui é seguir um só assunto, num só texto, com as partes relacionadas entre si. Muitas vezes as divisões são tiradas das palavras do texto.
EXPOSITIVO: baseado em textos longos de onde se extrai o tema, as divisões e o material das divisões. O sermão expositivo foi definido pelo Haddon W. Robison assim:
A pregação expositiva é a
comunicação de um conceito bíblico, derivado de, e transmitido através de um
estudo histórico, gramatical e literário de uma passagem em seu contexto, que o
Espírito Santo primeiramente aplica à personalidade e experiência do pregador,
e depois, através dele, a seus ouvintes.
Um exemplo de estudo bíblico expositivo
Tema: Vendo a
vida com as lentes certas
Texto: Salmo
73
Introdução:
Quando ainda estava no
seminário percebi que não enxergava bem. Possuía dois tipos de problemas: Miopia
e Astigmatismo. O primeiro não me permitia ver o que estava longe. O segundo me
levava a enxerga de maneira turva o que estava perto.
Asafe sofreu desse mesmo
mal só que em uma esfera maior da vida. Este salmo conta a história de alguém
que por um tempo de sua vida não conseguiu enxergar com nitidez o que estava
longe e viu de forma embasada o que estava perto. Em outras palavras, ele não
conseguiu enxergar com nitidez a sua vida na perspectiva da eternidade futura e
via de forma embasada o que estava acontecendo na sua vida no presente.
O salmo 1 que é uma
espécie de prefácio do livro de salmos afirmou de forma categórica que a
felicidade está no relacionamento com Deus. O verso 1 é uma síntese da mensagem
principal do salmo 1. No entanto a visão turva de Asafe o levou a questiona
esta tese.
Uma confissão surpreendente v. 2,3
“Quanto a mim, os meus pés quase
tropeçaram; por pouco não escorreguei. Pois tive inveja dos arrogantes quando
vi a prosperidade desses ímpios” (salmo 73. 1,2). Asafe se viu tentado a busca
a felicidade caminho dos ímpios. Na verdade, ele chegou a balançar e seus pés
quase se desviaram. Seus olhos brilharam ao ver a prosperidade dos ímpios e por
pouco ele não abandonou o temor do Senhor
Uma visão embasada do ímpio (vv. 4-12)
A descrição que o poeta faz dos
ímpios consiste em duas partes, versículos 4-6 e 7-11. Cada uma dessas seções é
dominada pelo pronome “eles” e conclui com uma muito importante conjunção “por
isso” (vv. 6, 10 - NVI). Nos versículos 4-5 Asafe oferece as razões pelas
quais, em sua cosmovisão, os ímpios desfrutam da Shalom (paz):
“Eles não passam por sofrimento e têm o corpo saudável e
forte. Estão livres dos fardos de todos; não são atingidos por doenças como os
outros homens. Por isso o orgulho lhes serve de colar, e se vestem de
violência. Do seu íntimo brota a maldade; da sua mente transbordam maquinações.
Eles zombam e falam com más intenções; em sua arrogância ameaçam com opressão. Com
a boca arrogam a si os céus, e com a língua se apossam da terra. Por isso o seu
povo se volta para eles e bebem suas palavras até saciar-se. Eles dizem:
"Como saberá Deus? Terá conhecimento o Altíssimo?” (Salmos 73.4-11)
Na visão de Asafe
apresentada nos versos 4 a 6 os ímpios estão experimentando o tipo de “paz”,
que segundo Asafe, só deveria ser experimentada pelos justos. Nos versos
seguintes (7-11) ele assevera que os ímpios são totalmente autossuficientes e
autônomos. Eles não precisam de Deus. Eles podem cuidar de si mesmos. Eles
zombaram de Deus e vivem uma espécie de Deísmo moderno, isto é, eles não negam
a existência de Deus, mas afirmam que ele é totalmente alheio ao que acontece
na Terra. Por esta razão, eles não temem
retribuição divina. O que perturbou o salmista, no entanto, é que seu estilo de
vida funciona, o que o leva a uma conclusão enfática: “Assim são os ímpios;
sempre despreocupados, aumentam suas riquezas” (salmo 73.12). Observe, então,
que com essas lentes turvas o salmista enxerga o caminho dos perversos como “uma
forma alternativa viável para viver.”
Levando o pensamento às últimas consequências (vv. 13-14)
“Certamente foi-me inútil
manter puro o coração e lavar as mãos na inocência, pois o dia inteiro sou
afligido, e todas as manhãs sou castigado” (Salmos 73.13-14). À luz da
prosperidade dos ímpios, o poeta conclui que sua tentativa de levar uma vida
moral tem sido absolutamente em vão. Ele diz: “Eu não tenho seguido o conselho
dos ímpios... eu não tenho me detido no caminho dos pecadores... eu não me
assento na roda dos escarnecedores. Todavia, de que adianta a moralidade se a felicidade
não me acompanhar?! Minha única recompensa para levar uma vida moral é
sofrimento constante. Então, o que há de bom em ser justo?
Perceba no entanto, que o
problema dessa visão de Asafe não é filosófico ou teológico! Ele tem raízes
morais. O problema era no coração e não no intelecto e ele mesmo confessou
isso: “Quando o meu coração estava
amargurado e no íntimo eu sentia inveja, agi como insensato e ignorante; minha
atitude para contigo era a de um animal irracional” (Salmos 73.21-22). Sua conclusão
prática está enraizada no seu coração idolatra que troca a adoração e serviço ao
Criador, para culto e serviço das coisas criadas. Ele amava essas coisas, mais
do que o Criador. Ele está irado com o mundo e com Deus porque a inveja já
tomou conta de seu coração. O coração idolatra de Asafe o fez ter uma visão
embasada de quem os ímpios são; de quem Ele como justo; e quem Deus como
soberano, é.
1. UMA VISÃO ERRADA DE QUEM ELES, OS
ÍMPIOS, SÃO
A interpretação
distorcida da inveja é sempre míope. Ela fez Asafe se esquecer que o que a gente
ver não é tudo que existe, isso porque o coração idolatra é hábil em ignorando
a eternidade. Por essa razão, Asafe se esqueceu que este não é um destino final
do homem. Este não é o lugar definitivo de paz, descanso e satisfação.
2.
UMA VISÃO ERRADA DE QUEM ELE COMO JUSTO, ERA
Se Asafe viu a vida dos ímpios com miopia, a si mesmo enxergava com lente
de aumento
A)
A INVEJA COLOCOU ASAFE NO CENTRO DE SEU UNIVERSO.
A inveja resume o seu
mundo aos seus desejos. A boa vida torna-se então a vida que ele disse que era
boa para ele e a vida ruim assim era porque ele disse que não está recebendo o
que ele queria ou precisava. Observe, então, que neste sistema, o mundo é
avaliado apenas com base no que ele fazia ou pelo que ele não tinha. O problema,
como bem observou Paul Tripp, é que a vida não é sobre Asafe, eu ou você. Nós
não somos o centro do nosso mundo; Deus é. O cumprimento dos meus desejos e necessidades
não é a coisa mais importante do mundo; a vontade de Deus é.
A inveja quando está
acompanhada da ira revela mais coisas ainda. Por que ele está irado? Porque eu
e você nos iramos diante das dificuldades e da prosperidade do ímpio? Porque o
meu reino não está sendo estabelecido. Porque a minha vontade não sendo feita. Por
que meu nome não está sendo santificado. Em outras palavras, a inveja quando
acompanhada de ira pinta nosso egoísmo com cores fortes!
B) A INVEJA COLOCOU ASAFE DE JOELHOS
DIANTE DE ÍDOLOS.
Como já foi dito, a
inveja sempre coloca a criação no lugar do Criador. Asafe avaliou a vida com
base em experiências físicas, relações e posses (coisas criadas). Eram essas coisas
que ocupavam sua mente. A descrição detalhada da prosperidade dos ímpios revela
o quanto ele se preocupava com essas coisas. Termos aqui, então, uma definição de
idolatria: “Se alguma coisa deste mundo é mais fundamental do que Deus para sua
felicidade e para que você encontre significado na vida, então ela se tornou um
ídolo para você, algo que suplantou Deus em seu coração e suas afeições. Você
buscará essa coisa com um abandono e intensidade que devem estar reservados
apenas para Deus (Tim Keller)”
Asafe deu para estas
coisas status divino. Elas eram tudo que ele queria e tudo que sua alma
ansiava. Ele achava que se tivesse estas coisas que ele invejava seria mais
feliz. Teria mais satisfação” Mais uma vez as palavras de Tim Keller lançam luz
sobre esse ponto:
Quando falamos em “Ídolos
do Coração”, falamos do sentido que o coração do homem toma coisas boas como
uma carreira de sucesso, amor, bens materiais, e até família, e faz delas seus
bens últimos. Nosso coração as diviniza como se fossem o centro de nossa vida, porque
achamos que podem nos dar significado e proteção, segurança e satisfação, se
alcançarmos.
Por causa dessa idolatria,
a INGRATIDÃO
tomou conta de sua vida. Ele passou a olhar para o que não tinha e
fechou os olhos para o que tinha. Como asseverou Paul Tripp nós temos a
incrível capacidade de ficar na frente de um armário abarrotado de roupas e
dizer que não temos uma coisa para vestir. Nós temos a capacidade de ficar na
frente de uma geladeira cheia de comida e dizer que não há nada para comer. E
nós temos a capacidade de ficar no meio das bênçãos que temos recebido de Deus e
sentir como se estivéssemos pobres e necessitados. Miguel de Cervantes estava
certo a dizer que “a inveja vê sempre tudo com lentes de aumento que
transformam pequenas coisas em grandiosas, anões em gigantes, indícios em
certezas”. Os olhos de Asafe tomados pela inveja o fez olhar para o que ele não
tinha e fechar os olhos para o que tinha.
C) A INVEJA DEU A ASAFE UMA DIGNIDADE
QUE NÃO ERA DELE.
Por que Asafe está irado
dos ímpios terem essas coisas e ele não? Porque, para ele se tinha uma pessoa
que merecia estas coisas, era ele e não os ímpios. Ele, na sua visão
distorcida, era uma pessoa melhor do que o meu vizinho. Ele deveria ter estas
coisas e não eles. A inveja o convenceu de que ele tinha feito o que na verdade
ele nunca fez. De que ele era merecedor receber o que na verdade ele nunca deveria
possuir.
3. UMA VISÃO ERRADA DE QUEM DEUS COMO SOBERANO, É
Asafe enxergou Deus de
forma turva. Ele o julga como sendo infiel, sem amor e sem bondade. Por que
Deus foi parar no banco dos réus na descrição de Asafe? A resposta está no
verso 13: “Certamente foi-me inútil manter puro o coração e lavar as mãos na
inocência” (Salmos 73.13). Se Deus desse o que ele queria então ele estaria
satisfeito! Toda sua devoção seria útil! Observe, então, que a motivação de
Asafe para fazer o que era certo, não era porque que isso glorifica a Deus e ele
como filho foi criado para isso, mas porque fazendo isso receberia o que ele
desejava. Ele não ama o Senhor pelo que ele é, mas pelo que ele pode fazer. A
relação é de barganha, logo, Deus é um ídolo.
Um momento de lucidez em meio à crise (vv. 15-16)
Essa é a primeira que Asafe
se dirige a Deus. Essa interrupção brusca marca um ponto de viragem importante
no poema. No verso 15 o salmista descreve agora o impacto que uma resposta tão
pecaminosa teria tido sobre os outros. Deve-se notar que momento preocupante do
salmista começa, não isoladamente, mas como um membro de uma comunidade maior para
a qual ele é responsável. No versículo 16 ele relata que, que encontrar uma
resposta para pergunta: “Por que coisas "ruins" acontecem com pessoas
"boas" e coisas "boas" acontecem com pessoas ruins? Por que
justos sofrem e ímpios prosperam?” era uma tarefa grande demais para ele.
Aprendemos com Asafe
nestes versos que diante dessa difícil questão, precisamos nos lembrar de duas
coisas: Primeiro, são questões difíceis para a limitada mente humana entender.
Segundo, que não é em vão que a luz em que Deus habita é chamada por Paulo de
inacessível (1Tm 6.16). Por isso, como já dito na questão 1, nossa única
atitude, diante disso, deve ser nos humilhar reconhecendo nossa pequenez e
adorar reconhecendo a grandeza de Deus!
Enxergando a vida com as lentes certas (vv. 17-26)
O versículo 17 marca uma
transição importante para um novo entendimento. É a entrada no santuário de
Deus que permite uma visão sobre o destino dos ímpios. Consequentemente, a “solução”
de problemas de cortar o coração do salmista transcende a sabedoria humana e
sua resposta está além da era presente. Ela só pode ser entendida a partir de
uma perspectiva escatológica que considera
não apenas o aqui e agora, mas o lá e então. Essa nova lente leva Asafe a
ver tudo a sua volta de maneira diferente. Observe que os fatos ainda são os
mesmos, o que muda é a interpretação, fruto de uma nova cosmovisão. Asafe,
então, passa a enxerga com nitidez: como os ímpios são; como os justos são; e como
Deus é
a)
Como os ímpios eram
A entrada em santuário de
Deus, permite uma visão sobre o destino dos ímpios. O ímpio na verdade, não
ocupa uma posição segura. A prosperidade dos ímpios é de curta duração, mas seu
sofrimento é eterno. Suas palavras são: Certamente os pões em terreno
escorregadio e os fazes cair na ruína. Como são destruídos de repente,
completamente tomados de pavor! São como um sonho que se vai quando a gente
acorda; quando te levantares, Senhor, tu os farás desaparecer (Salmos 73.18-20).
Com essa linguagem sombria ele descreve em pormenor o que já foi apresentado de
forma resumida no Salmo 1.6b: “O caminho dos ímpios perecerá.” Vimos que no
salmo 1 o caminho do ímpio é de auto destruição. Por si só ele perece. Ao
contrário do Salmo 1.6b, no entanto, Deus está diretamente envolvido na sua
destruição.
b)
Como Asafe era (vv. 21-22)
Em linguagem bastante
forte, ele reconhece que se comportou como uma “besta bruta” com Deus. O
sofrimento do justo é passageiro, mas sua prosperidade é eterna, verdade que contraria
a aparente paz da vida do ímpio. Suas palavras são: “Quando o meu coração
estava amargurado e no íntimo eu sentia inveja, agi como insensato e ignorante;
minha atitude para contigo era a de um animal irracional (Salmos 7321-22).
c) Quem Deus é (vv. 23-26)
Por estar cego pela
inveja, Asafe admite enfaticamente que ele não reconheceu que, apesar de seu
comportamento brutal, ele estava sempre com Deus (vs. 23a), uma admissão de que
representa o outro lado da promessa de Deus aos patriarcas “Eu estarei sempre
convosco”. Nessa nova visão de Deus Asafe o ver como sendo fiel, justo,
sustentador, guia e sobre tudo razão de seu viver: “Contudo, sempre estou
contigo; tomas a minha mão direita e me susténs. Tu me diriges com o teu
conselho, e depois me receberás com honras. A quem tenho nos céus senão a ti? E
na terra, nada mais desejo além de estar junto a ti. O meu corpo e o meu
coração poderão fraquejar, mas Deus é a força do meu coração e a minha herança
para sempre. Os que te abandonam sem dúvida perecerão; tu destróis todos os
infiéis” (Salmos 73.23-27).
Agora a semelhança do
profeta Habacuque Asafe pode cantar: “Ainda que a figueira não floresça, nem
haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam
mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja
gado, todavia, eu me alegro no
SENHOR, exulto no Deus da minha salvação” (Habacuque 3. 17,18).
Reafirmação da Fé (vv. 27-28)
Os versos finais (vv.
27-28) resumir jornada espiritual do salmista e, especialmente, a nova visão
que ele ganhou nos versículos 18-20 e versículos 23-26 em termos de imagem
espacial de “longe” e “próximo”. Este resumo funciona como grande reafirmação de
sua fé: “Os que te abandonam sem dúvida perecerão; tu destróis todos os
infiéis. Mas, para mim, bom é estar perto de Deus; fiz do Soberano Senhor o meu
refúgio; proclamarei todos os teus feitos” (Salmo 73. 27,28).
O versículo 27 resume sua
nova reorientação respeito dos ímpios. No verso 12 ele pensava que era possível
ter paz e prosperidade longe da Lei de Deus. No verso 27 ele assevera que os
que vivem longe da Lei de Deus estarão para sempre em tormentos. Essa é uma
verdade certa e sem sobra de dúvidas: “Os que te abandonam sem dúvida perecerão.”
Assim, a prosperidade (shalom) dos ímpios não é para sempre! Em vez disso, os
ímpios, agora são definidos como aqueles que vivem “longe de Deus” (em suas
ações e fala - vs. 11) e sem suas bênçãos. A autonomia (salmo 2 – rompamos este
rei e sua palavra) não é um bom caminho nem no aqui e agora, nem no lá e então.
Finalmente observe que o
termo “Bom” no verso 28 é, como bem observou Carl Bosma, a moldura do salmo. No
verso de abertura (v. 1), o significado do adjetivo “bom” é ambíguo. À luz dos
versos que se seguem, “bom” poderiam ser uma referência aos bens materiais. No
entanto, no versículo 28 “bom”é definido, não em termos de propriedade ou
prosperidade, mas a presença de Deus: “Mas,
para mim, bom é estar perto de Deus; fiz do Soberano Senhor o meu refúgio;
proclamarei todos os teus feitos”. Salmos 73.28
O que esse salmo fala sobre a História da Redenção (pessoa e
obra de Cristo)
1.
A descrição de nossa vida sem Cristo
Este salmo apresenta uma
descrição da vida sem Cristo: “Certamente os pões em terreno escorregadio e os
fazes cair na ruína. Como são destruídos de repente, completamente tomados de
pavor! São como um sonho que se vai quando a gente acorda; quando te levantares,
Senhor, tu os farás desaparecer (Salmos 73.18-20).
2.
Nosso Salvador teve uma visão
diferente da de Asafe
Nosso Salvador tinha
tudo, mas se fez pobre por mim e por você. Ao invés de querer tudo o que era
seu por direito, como Deus, Jesus estava disposto a abandonar tudo, para que nós
pudéssemos ter o que é mais importante: Comunhão com Deus. A cruz de Jesus
Cristo realmente é a única esperança para o coração invejoso, porque naquela
cruz este pecado foi derrotado.
3. Na eternidade não haverá a primeira
parte desse salmo
Por causa de sua obra ele
nos receberá na glória e nesse dia a inveja que produziu um coração como o de
Asafe não mais existirá. No Novo Céu e na Nova Terra não haverá lugar paras as
inclinações pecaminosas do nosso coração corrupto. Isso porque a obra de
salvação de Cristo é abrangente, envolvendo não só de resgate da pena e do
poder do pecado, mas também da corrupção do pecado. Nós, os que os que estamos
em Cristo olhamos para o dia em que seremos libertos da inclinação pecaminosa,
isto é, tentação interna, existente em nós. No seu retorno teremos nosso corpo
transformado, experimentaremos de sua perfeição e pureza.
4.
A segunda parte do salmo é sombra do
Novo céu e da nova terra
Em todo Antigo Testamento
prometeu que o Rei da “paz” traria segurança e bênção para Israel na terra que
ele mesmo lhes deu. Essa ideia ao que parece se estenderia a toda criação. O
universo, em Cristo, um dia será trazido de volta para a sua ordem divinamente
criada e determinada. Ele estará novamente sob a cabeça e paz cósmica voltará
definitivamente. Lá nós vamos viver para sempre no seu reino e completamente
satisfeito com sua pessoa.
[1] Essa
primeira parte do material está presente na apostila COMO ESTUDAR A BÍBLIA, HOMILÉTICA
E ORATÓRIA. Estudada no seminário JMC (Seminário Teológico Presbiteriano Rev.
José Manoel da Conceição) Prof. Rev. George Alberto Canêlhas.
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