Colossenses 1. 15-20 - Estudo exegético
A SUPREMACIA DE CRISTO:
Cristo encarnado é supremo sobre todas as coisas, pois Ele é o criador universo, a esfera na qual tudo subsiste e o agente de Deus na reconciliação do universo.
INTRODUÇÃO
O presente estudo exegético visa estudar o texto de Colossenses 1. 15 – 20, a partir de uma análise histórico-gramatical-teológica, com o objetivo de entender e extrair o sentido original proposto pelo autor. Para isso, procurar-se-á entender contexto dos seus leitores originais, a fim de perceber os fatores que influenciaram a igreja de Colossos a trocar o verdadeiro Evangelho por outro totalmente antagônico ao de Cristo. Parte-se do pressuposto que um dos propósitos de Paulo é combater os hereses de Colossos, os quais não negavam a Cristo, mas não lhe davam lugar supremo. Para isso, ele mostra na perícope aqui analisada que: o Cristo encarnado é supremo sobre todas as coisas, pois Ele é o criador universo, a esfera na qual tudo subsite e o agente de Deus para trazer o cosmo em harmonia através da reconciliação
Uma leitura atenta desta passagem nos conduz ainda para algumas questões, tais como: Qual é pano de fundo desta passagem? O que é a conhecida no meio acadêmico como “heresia de Colossos”? O texto aqui estudado é um hino? Se o é, ele foi escrito pelo Apóstolo? Quais são as possíveis estruturas para este texto? Além disso, será buscado o significado do termo πρωτότοκος (primogênito) que aparece tanto no verso 15 como no 18, a fim de responder a seguinte questão: Apontaria ele para Jesus como o primeiro a ser criado? Estas serão importantes perguntas a serem respondidas, mesmo de forma breve, no presente trabalho.
Para uma maior compreensão, procurar-se-á estudar o texto em sua língua original, a fim de buscar uma tradução literal do mesmo, tentando respeitar ao máximo o sentido das palavras. Também, será apresentada a mensagem do texto, para época da escrita, e a partir dela, perceber o significado para todas as épocas. Dar-se-á atenção ainda aos aspectos teológicos e pastorais da passagem. De semelhante modo, será apresentado um esboço de sermão para uma possível pregação, já que o objetivo final deste trabalho é a pregação e aplicação das verdades estudadas ao contexto atual da igreja. Todavia, por considerar à profundidade dos aspectos exegéticos e teológicos da presente perícope, várias questões permanecerão em aberto para futuras discussões e análises.
1. CONTEXTO HISTÓRICO E CULTURAL
Para entender o texto de Colossenses 1. 15 – 20 faz-se necessário determinar o autor da carta, a data, o remetente e o ambiente religioso, histórico, cultural e social no qual a igreja se encontrava. Por esse motivo, se observará alguns aspectos que laçam luz ao mesmo.
1.1. AUTORIA
Segundo Daniel B. Wallace, a maioria dos estudiosos NT aceita a autenticidade de Colossenses e considera a carta como sendo paulina.[1] Até o século XX parece que ninguém havia questionado seriamente a autoria paulina. No passado apenas uma minoria de estudiosos levantou dúvidas sobre este assunto (como por exemplo: T. Mayerhoff (1838) e F. C. Baur (1845) e a escola de Tübingen).[2] Entretanto, segundo Carson, “no século XX, no período entre guerras, Bultmann e outros começaram a falar de Colossenses como um escrito “deuteropaulino”, e essa tendência tem crescido desde 1945”. Todavia, há evidências externas e internas que apontam para uma autoria paulina. Vejamo-nas mesmo que resumidamente.
1.1.2. EVIDÊNCIAS EXTERNAS.
Wallace, apontando as evidências externas diz que Inácio faz várias menções de Paulo como autor de colossenses. Policarpo e Barnabé também parecem fazer mesma alusão. Alusões de outros pais (tais como Irineu, Clemente de Alexandria e Orígenes) da igreja são mais fortes ainda, pois chamam colossenses explicitamente de “a carta de Paulo”. [3]
S. Lewis Johnson categoricamente assevera que não há evidência histórica de que a autoria paulina de Colossenses tenha sido suspeita na igreja primitiva. Segundo ele, Marcion (d.C. 150) reconheceu a epístola como uma carta autêntica de Paulo. Irineu ( d.C. 190) foi o primeiro a usar a carta definitivamente. Além disso, não há nenhuma evidência textual que esta carta circulou com o nome de qualquer outra pessoa. Se por um lado as evidências disponíveis são um tanto escassa, o que possuímos argumenta a favor da autenticidade da escrita.[4] Como corretamente assevera C. Vaughan, o testemunho externo da autoria Paulina é tão antigo e consistente que se deve evitar quaisquer dúvidas sobre sua autenticidade. [5]
1.1.2. EVIDÊNCIAS INTERNAS.
As grandes dificuldades no que se refere à autoria paulina reside nas evidências internas. Nos séculos XIX e XX, como dito supra, o consenso em torno da autoria paulina começou a ser questionado, por vários motivos. Aqui por questão de tempo e espaço destacaremos apenas três: o vocabulário, a teologia e o relacionamento com Efésios.
1.1.2.1. VOCABULÁRIO
Os opositores da autoria paulina alegam que Colossenses traz um estilo diferente, e um acervo de vocabulários (principalmente hapax legomena, isto é palavras às quais só ocorrem uma vez) diferentes dos que são vistos nos livros indiscutivelmente paulinos. Todavia, como corretamente nos lembra D. A. Carson, “isso não constitui um argumento forte contra a autenticidade da epístola, pois o mesmo ocorre em todas as cartas de Paulo”.[6] Harrison demonstrou que nesse aspecto colossenses enquadra-se bem dentro da média usual de Paulo.[7] Além disso, Barclay obseva bem que “não podemos exigir que alguém escreva sempre da mesma maneira e com o mesmo vocabulário. Em Colossenses bem podemos pensar que Paulo tinha coisas novas que dizer e encontrou novos modos das expressar”.[8]
Finalmente, Thompson tem razão ao sublinhar que,
A ocorrência de novas palavras e frases pode ser um guia muito inseguro para decidir se uma obra é escrita por um autor particular [...] A gama de vocabulário de um escritor também pode ser estendido por sua experiência própria de ampliação, e novas palavras podem ser levados para uso em novas situações.[9]
1.1.2.2. TEOLOGIA
Alguns estudiosos entendem que as discussões na carta sobre a sabedoria, filosofia, plenitude e a insistência na encarnação da pessoa teantrópica sugerem que o autor estava lutando contra gnosticismo.[10] Com base nisso, F. C. Baur e eruditos da escola Tübingen (e muitos outros) argumentam de que colossenses não poderia ter sido escrita pelo apóstolo Paulo, porque Gnosticismo combatido na carta é um fenômeno que ocorreu no segundo século e não do primeiro. Assim, se for conectada a heresia colossenses com o gnosticismo, então a Carta é necessariamente posterior a Paulo.[11] Entretanto, podemos concordar com Barclay quando afirma que apesar do gnosticismo ser uma filosofia de formulação posterior, seu embrião já se fizera presente anteriormente. Suas palavras são:
É verdade que os grandes sistemas gnósticos escritos são posteriores. Mas a ideia de dois mundos, a ideia da matéria má e de que o corpo é uma tumba e que a carne é mala já se encontravam profundamente impregnadas tanto no pensamento judeu como no grego. Nada há em Colossenses que não possa ser explicado por tendências gnósticas existentes durante muito tempo no pensamento antigo ainda que sua sistematização tenha vindo obviamente mais tarde.[12]
1.1.2.3 - RELACIONAMENTO COM EFÉSIOS E FILEMON.
É incontestável que Efésios e Colossenses estão intimamente relacionados entre si. Por essa razão, alguns estudiosos sustentam que “uma única pessoa jamais elaboraria dois escritos tão semelhantes: as semelhanças significariam que o autor de uma dessas cartas escreveu imitando o outro”.[13] Entretanto, segundo D. A. Carson, este argumento (que, diga-se de passagem, é subjetivo) é contestável, pois:
A melhor maneira de entender as duas epístolas é como expressões de um só escritor, que repete alguns ou quase alguns dos mesmos pensamentos em duas ocasiões não muito distantes uma da outra. De qualquer forma, é estranho o argumento de que não devemos aceitar um escrito como paulino devido a suas semelhanças com outro escrito da obra paulina.
Em suma, as semelhanças e as ligações com a carta aos Efésios não sugerem dependência de um sobre o outro, mas sim, que o mesmo autor escreveu para dois grupos diferentes em condições semelhantes.
Além disso, as fortes ligações com Filemon (que é uma carta paulina indiscutível) confirmam a autenticidade de colossenses. Wallace, citando Guthrie, resume as relações entre ambas às cartas, sublinhado os seguintes aspectos:
1) Ambos contêm o nome de Timóteo com o de Paulo na saudação de abertura (Cl 1.01 ; Fm. 1 ). 2) Saudações são enviados em ambas as cartas de Aristarco, Marcos, Epafras, Lucas e Demas, os quais estavam com Paulo na época (Cl. 4.10-14 ; Fm. 23-24 ). 3) Em Filemom 2 Arquipo é chamado de “companheiro de armas”, e em colossenses 4.17 ele é direcionado para cumprir seu ministério. 4) Onésimo, o escravo sobre quem a carta a Filemom é escrita, é mencionado em colossenses 4.9 como sendo enviado com Tíquico e é descrito como “um de vós”.
Em suma, não há nenhuma razão justificável para duvidar da autenticidade de Colossenses. Justamente por isso, a maioria dos estudiosos NT aceita a autoria paulina como verdadeira
1.2. DATA E OCASIÃO.
A igreja em Colossos não foi fundada por Paulo (2:1), mas sim por Epafras, que parece ter sido enviado pelo próprio Paulo (1:7). Vários anos depois de a igreja ter sido estabelecida, por volta do ano 61-62, Epafras viajou à Roma para visita Paulo durante sua prisão domiciliar em Roma. Epafras trouxe algumas boas notícias sobre o estabelecimento da igreja em Colossos (1:4, 8; 2:5), entretanto, parece que seu objetivo principal com a visita, foi buscar ajuda a fim de combater os falsos ensinamentos que estavam adentrando a igreja. Foi com o propósito de instruir os colossenses e combater estes falsos ensinos que Paulo escreveu a carta aos irmãos da cidade de Colossos e do vale do rio Lico.[14]
1.3. A CIDADE DE COLOSSOS.
Segundo William Hendriksen, não é possível saber com exatidão quando foi fundada a cidade de Colossos. Sabe-se que no tempo de Xerxes essa cidade já era uma comunidade importante. Heródoto, considerado o pai da História, por volta do ano 480 a.C., a descreve como uma grande cidade.[15]
A cidade de Colossos ficava ao leste do porto de Éfeso, a cerca de 10 quilômetros de Laodicéia e 13 quilômetros de Hierápolis, no rio Lico (cf. 2:1, 4:13). Ela foi importante no século V a.C.. Neste período, a cidade de Colossos estava situada em uma importante rota de comércio entre Éfeso e o Oriente antigo. Entretanto, com o passar do tempo, devido à mudança no sistema de estradas, Colossos foi perdendo sua importância diante do crescimento de Laodicéia e Hierápolis (Col.4.13), as quais se tornaram grandes centros comerciais.[16]
Além disso, um forte e enorme terremoto da época do imperador romano Nero, por volta de 60 d.C., deixou em ruínas as cidades de Colossos, Laodicéia e Hierápolis. Enquanto as duas últimas cidades foram reconstruídas, Colossos, por sua vez, não se recuperou mais dessa catástrofe. Aos poucos, ela foi desaparecendo da história.[17] No começo da era cristã, a cidade de Colossos era descrita como uma cidade pequena, assim como era provavelmente a igreja. Quando Paulo escreveu esta carta, a importância comercial e social de Colossos já estava em declínio. Atualmente o local onde ficava a cidade de Colossos não é habitado.[18]
A população da cidade de Colossos era composta de vários povos, entre estes se destacam os nativos da Frígia, colonizadores gregos e judeus.[19] É digno de nota, que a região vale do rio Lico foi densamente povoada pelos judeus. Cerca de duas mil famílias judias haviam sido deportadas da Babilônia e Mesopotâmia para essa região, por decreto de Antíoco, o Grande, no século quarto a.C. Esses judeus floresceram financeiramente nessa região e cresceram em número.[20] William Barclay diz que nesse tempo deviam existir cerca de cinquenta mil judeus nessa região.[21]
Por outro lado, Keathley observa que embora houvesse uma grande população judaica no vale do Lico, elementos internos da epístola de Colossos sugerem que os membros da igreja foram principalmente gentílicos. Segundo ele, as seguintes evidências apontam para isso: (1) As passagens 1:12, 21, 24, 27. (2) Existe uma escassez de alusões Antigo Testamento. (3) Vícios que eram distintamente gentios são mencionados em 3:5-7. (4) Não há quase nenhuma referência para a reconciliação de judeus e gentios, que é encontrada em Efésios (cartas “gêmeas”), embora se possa comparar 3:11 e 04:11.[22]
O fato é que a cidade de Colossos, devido a grande mistura étnica, era uma cidade cosmopolita, na qual diversos elementos culturais e religiosos se encontravam e se misturavam. Esse é um ponto importante, tanto para o entendimento daquilo que no meio acadêmico é conhecida como “heresia de colossos”, como para compreensão da carta como um todo.
1.4. A IGREJA DE COLOSSOS
Para o melhor entendimento do texto aqui analisado se faz necessário conhecer, também, a igreja de Colossos, bem como a heresia que a ameaçava. O Evangelho foi introduzido em Colossos, provavelmente, durante o ministério de Paulo em Éfeso (At. 19. 10). A igreja foi possivelmente fundada por um dos colossenses, chamado Epafras (1.7, 4.12). É provável também, que Paulo não conheceu pessoalmente os colossenses (1.4; 2.1). Ele obteve as informações sobre a Igreja através de uma visita que Epafras lhe fez na prisão (Fm. 23), a fim de relatar o estado da igreja, sua firmeza na fé e especialmente o desenvolvimento da heresia dentro dela (1.8). A epístola aos colossenses foi enviada por “Tíquico, irmão amado, fiel ministro e conservo no Senhor” (4.7).
No que se refere aos ensinos falsos, uma das dificuldades na tentativa de conhecê-los a fundo, reside no fato que só temos a resposta de Paulo a eles. Ou seja, não temos um registro do relatório de Epafras sobre o que ensinavam os falsos mestres. Por isso, o que era e o que ensinava a “heresia dos Colossos” é ainda fruto de grande debate na academia. Entretanto uma análise, com um pouco mais de atenção do capítulo dois, lança luz sobre este assunto.
Neste capítulo Paulo fala pelo menos quatro manifestações desta heresia: A filosofia (2: 8-10), a qual falaremos mais a baixo; o legalismo (2: 11-17), que tentava adicionar ou aperfeiçoar o evangelho através do incentivo à igreja para aderir a um sistema jurídico e ensinava que “somente um relacionamento pessoal, vital e pessoal com Cristo não era suficiente para satisfazer a vontade de Deus”;[23] O misticismo (2:18-19), o qual apregoava que Deus estava muito longe e que só através de vários níveis de anjos era possível chegar à Deus. Por isso, ensinavam que o povo tinha que adorar aos anjos progressivamente até alcançar a Deus.[24] E por fim, o asceticismo (2:20-23), o qual ensinavam que o caminho para superar o corpo (que é o mal), era a auto-humilhação e flagelação do mesmo.
À luz do capítulo segundo é possível perceber que a heresia de Colossos era altamente sincrética. Nas palavras categóricas de Daniel Wallace, a “heresia dos Colossos” era uma eclética mistura de legalismo judaico, especulação filosófica grega e misticismo oriental combinados com um sabor cristão.[25] Usava a máscara do cristianismo, mas não tinha nada de Cristo. Usou palavras e frases cristãs, mas com significados diferentes. Em outras palavras, esta heresia era em sua essência uma combinação do judaísmo e do paganismo filosófico, com o rótulo do cristianismo. Esta heresia negava a suficiência de Cristo na redenção da alam e plenitude da vida, por isso resistiam em oferece a Jesus o lugar supremo na igreja.
Diante disso, grande parte dos comentaristas[26] tem dito que um dos propósitos de Paulo ao escrever esta carta foi o de combater esta heresia presente na igreja, mostrando a supremacia e suficiência de Cristo. Ao que parece, Paulo escreveu Colossenses 1: 15 – 20 a fim de combater a parte filosófica desta heresia, isto é, o pré-gnosticismo (já que Gnosticismo propriamente dito só ocorrerá no II ou III século).[27] Segundo Bruce, as ideias erradas que estavam sendo ensinadas pelos falsos mestres pré-gnósticos, as quais foram refutadas por Paulo, são:
“1. Acreditavam que a matéria é má, portanto diziam que Deus não pôde ter vindo a terra como um ser humano verdadeiro. Paulo manifesta que Cristo é a imagem exata de Deus, é Deus mesmo, e mesmo assim morreu na cruz como um ser humano. 2. Acreditavam que Deus não tinha criado o mundo, porque O não pôde ter criado o mau. Paulo responde que Jesus cristo, que também era Deus na carne, é o Criador tanto do céu como da tenra. 3. Diziam que Cristo não foi o único Filho de Deus, a não ser um dos muitos intermediários entre Deus e o povo. Paulo explica que Cristo existiu antes de algo e é o primogênito dos que ressuscitaram. 4. Rechaçavam ver em Cristo a fonte de salvação, insistindo em que a gente podia achar a Deus por meio do conhecimento secreto e especial. Em contraste, Paulo afirma com sinceridade que uma pessoa pode ser salva só por meio de Cristo”.[28]
1.5. GÊNERO LITERÁRIO
Outra pergunta que precisa ser respondida é: Colossenses 1. 15 – 20 é um hino? Esta pergunta não é simples de se responder. Com base em Mateus 26. 30 sabe-se que certas porções de hinos do Antigo Testamento eram usadas como hinos cristãos. Além disso, deve-se observar também, que no próprio Novo Testamento há algumas menções de hinos, como por exemplo, os cânticos de Maria e Zacarias. Pode-se encontrar também, vestígios de prováveis hinos (Ef. 4. 5; 1 Tm. 3. 16; 2 Tm. 2. 11-13; Ap. 5. 13, 14).[29] Segundo F. F. Bruce, apesar de não reconhecermos aqui as formas estabelecidas da poesia hebraica ou grega, percebe-se que o texto possui uma prosa ritmada com um arranjo estrófico, como é encontrado em hinos no período apostólico. Outros autores, considerando elementos literários, a estrutura do texto e o vocabulário, de igual modo, consideram esta perícope como um provável “hino cristão”.[30]
Outro debate no meio acadêmico é sobre a autoria deste hino. As discussões oferecem uma impressionante variedade de teorias. Tem sido frequentemente afirmado este hino seria pré-paulino, o qual fora incorporado pelo Apóstolo, a fim de ser usado como base da teologia que seria desenvolvida nos capítulos seguintes.[31] Para outros, Paulo compôs o hino que enuncia a teologia que ele vai usar para combater os falsos mestres.
Decidir entre estas opções, é difícil. Ambas as posições têm fortes argumentos ao seu favor. Favorecendo a autoria paulina estar a improbabilidade de que ele iria encontrar um hino pronto que se encaixou tão bem com a base teológica que ele precisava usar para combater um ensino falso tão particular da igreja de Colossos. Por outro lado, alguns dos conceitos do “hino”, tais como, “imagem de Deus”, “primogênito de criação”, “o princípio e o primogênito dentre os mortos”, não são claramente retomados no resto da carta. Este tem sido um argumento forte para os defensores da teoria pré-paulina.
Uma terceira possibilidade (intermediaria entre ambas supracitadas), defendida por muitos comentaristas (tais como D. A. Carson,[32] Douglas Moo,[33] O’Brien,[34] F.F. Bruce,[35] Keathley[36] dentre outros), é a que considera uma autoria anterior com adições paulinas de elementos particularmente relevantes que combatesse o ensino falso presente na igreja.[37] D. A. Carson, sobre isso afirma: “grande número de estudiosos considera um hino, adaptado pelo autor para expor ensinamentos importantes sobre Cristo e suas funções”.[38] Essa posição tomada por muitos exegetas é a que, particularmente, eu tenho sido ligeiramente motivado a acreditar. Mas, como muitos outros aspectos deste texto não há consenso entre os comentaristas. Como certifica Carson, “há margem para mais debate sobre o assunto”.[39]
O que é claro, e não resta dúvida, é que Paulo usa a linguagem e os conceitos do provável “hino cristológico” como sua “munição” na luta contra os falsos mestres, a fim de defender a divindade, supremacia e senhorio de Jesus sobre todas as coisas. Richard T. France observa que, só o fato de Paulo usar o hino em si já aponta para a divindade de Cristo, pois hinos são usados para “deuses” e não para mortais.[40]
2. CONTEXTO LITERÁRIO DA PASSAGEM
Para o melhor entendimento deste texto considerar-se-á como ele se relaciona com o seu contexto remoto e próximo.
2.1. CONTEXTO REMOTO
Daniel Wallace propõe uma excelente e atual divisão para a carta aos Colossenses, composta por cinco partes. Tendo como base, sua estrutura, pode-se dividir a carta da seguinte maneira:[41] 1. Introdução: Saudações (1. 1-3) e Ações de Graças (1. 3-8). 2. Ortodoxia: a suficiência de Cristo afirmada (1.9 – 2:07). 3. Heterodoxia: a suficiência de Cristo negada (2.08 – 3.04); 4. Ortopraxia: a suficiência de Cristo vivenciada (3.05-4.06); 5. Saudações finais (4.7-18).
O apóstolo Paulo começa a carta com uma saudação aos santos de Colossos (1.1-2), acompanhada de uma oração de ações de graças (1: 3-8). Paulo começa o corpo da carta com uma nota positiva, na qual ele descreve a suficiência de Cristo (1.9– 2.07). Em seguida, apresenta uma declaração negativa, na qual ele argumenta contra a opinião dos hereges de Colossos (2.08-3.04). Por fim, ele traz uma convocação para viver a vida cristã à luz da suficiência de Cristo (3.05-4.06) e termina com saudações finais (4:7-18).
A primeira parte da seção apresenta de maneira positiva a suficiência de Cristo. Após orar para que os colossenses crescessem no conhecimento e na produtividade (1.9-14),[42] sem um “amém” para a oração, Paulo continua com um provável hino cristão primitivo, o qual ressalta a supremacia de Cristo (1. 15-20). Segundo D. A. Carson, Paulo enfatiza nesta poesia, a supremacia de Cristo, que é “a imagem do Deus invisível”, aquele que trouxe a criação à existência, bem como a mantém unida. E junto com tudo isso, ele é “o cabeça do corpo, a igreja”, aquele que fez a paz pelo sangue derramado na cruz.[43]
Em seguida há uma aplicação das verdades supracitadas a vida da igreja. (1.21-23). Finalmente, Paulo fala do seu ministério e seus sofrimentos e de sua luta em favor dos crentes, como os de Colossos e Laodicéia, com os quais ele não teve contato pessoal. Paulo ainda revela uma preocupação com os fiéis no Vale de Lico, e os exorta para que eles não sejam enganados (2.4), pelos que negam a suficiência de Cristo (2.1-7).
2.2. CONTEXTO PRÓXIMO
A perícope, aqui estudada, faz parte da primeira seção da carta: Ortodoxia: a suficiência de Cristo afirmada (1.9 – 2.07).[44] Segundo Hendriksen, os versos nove a catorze do capítulo um, apesar da aparente divagação, são um bloco de pensamentos. Para ele, o que temos aqui é uma “descrição comovente da oração de Paulo e seus assistentes em favor dos colossenses”.[45] Nela Paulo ora para que os Colossenses cresçam no pleno conhecimento de Deus e na produtividade (1:9-14). Essa oração é muito importante para o entendimento da carta. Os temas nela contidos ecoam por toda a carta. Paulo apresenta aqui a base para o contraste entre o verdadeiro conhecimento, o qual desemboca na práxis cristã e o falso que nada produz, isto é, não frutifica. Nesse sentido, Wallace observa que, “os hereges afirmavam ter um conhecimento superior, mas a sua filosofia muito sufocava qualquer produtividade para Deus (cf. 2.20-23)”.[46]
Em seguida, a supremacia de Cristo é exaltada, por meio do provável “hino” (1.15-20), no qual se encontra a base teológica que será desenvolvida ao longo da carta. A última estrofe do hino termina com uma nota sobre Cristo como reconciliador de “todas as coisas”, a qual serve como uma ponte para o próximo tema de Paulo: Cristo reconciliou os Colossenses a Deus, um ministério de reconciliação que Paulo proclamou (1:21 -23).[47]
2.3. ESTRUTURA DO CONTEXTO
A Carta de Paulo aos Colossenses tem sido dividida em cinco partes, como tido a cima: 1. Introdução: Saudações e Ações de Graças (1: 1-8). 2. Ortodoxia: a suficiência de Cristo afirmada (1:9 – 2:7). 3. Heterodoxia: a suficiência de Cristo negada (2:8 – 3:4); 4. Ortopraxia: a suficiência de Cristo vivenciada (3:5-4:6); 5. Saudações finais (4:7-18).[48]
Tomando o corpo da carta (1:9 - 4:6), podemos estruturar o contexto da perícope, aqui estudada, da seguinte maneira:
2.4. CONTEXTO CANÔNICO
Cristo é sem dúvida o centro de toda Escritura. O Antigo Testamento anuncia sua vinda, os Evangelhos o mostra entre nós e as cartas, juntamente com Atos e Apocalipse, apresentam a esperança de seu retorno. Por isso, qualquer contexto canônico que apresente a Cristo é amplo. Por questão de espaço, será apresentado apenas às correlações principais dos aspectos cristológicos presentes na perícope aqui analisada.
A ideia de Cristo como sendo o Deus eterno que se fez um de nós, se encontra, também, no prólogo do quarto Evangelho (Jo. 1. – 14). No que se refere a Cristo como “à imagem de Deus” essa verdade já fora afirmada pelo Apóstolo em 2 Cor. 4.4. Em ambos os lugares, Cristo como “à imagem de Deus” aponta para a revelação da essência do Pai na Pessoa do Filho. Ainda, com o uso da palavra “imagem”, Paulo está enfatizando que Jesus é a manifestação perfeita de Deus. Como assevera o autor de Hebreus ele é “a expressão exata do seu Ser” (Hb. 1. 3).
O título “Primogênito” talvez seja um eco da linguagem cristocêntrica do Salmo 89.27, onde Deus diz ao rei Davi: “Fá-lo-ei, por isso, meu primogênito, o mais elevado entre os reis da terra”. Todavia, deve-se notar que este título pertence a Cristo não somente como o Filho de Davi, mas também como a Sabedoria de Deus. Nesse sentido, como será visto, Paulo em comum com outros escritores do NT (Jo. 1:4; Hb 1:3), identifica Cristo com a Sabedoria de Deus e atribuindo-lhe certas atividades que são atribuídas à personificação da Sabedoria na literatura Antiga Testamento, [49] como se observa em Provérbios 8: 22, 23, onde o sábio diz: “O Senhor me criou [referindo-se a sabedoria] como o princípio (רֵאשִׁית WLC e ἀρχὴν na LXX) de seu caminho, antes das suas obras mais antigas; fui formada desde a eternidade [divindade da sabedoria], desde o princípio, (רֵאשִׁית WLC e ἀρχῇ na LXX ) antes de existir a terra”.
No que se refere a sua supremacia apresentada no verso dezesseis, (o qual Paulo afirma que Cristo é superior a todos os seres angélicos, inclusive dos mais sublimes) vemos o autor de Hebreus dá a mesma ênfase. (cf. Hb. 1:1-14).
Finalmente, em relação à restauração cósmica: “reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus”, é possível perceber a mesma ideia em Romanos quando Paulo diz que “a ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus... na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus” (Romanos 8. 19 – 22). Este texto, por sua vez, não é apenas uma correlação de ideias, mas acima de tudo lança luz, e até mesmo serve de base explicativa, para o texto de Colossenses.
3. ESTUDO TEXTUAL
3.1. APARATO CRÍTICO
A presença ou ausência da segunda ocorrência dos termos δι αὐτοῦ (“através dele”) no verso 20 é um problema de variante textual difícil de resolver. As evidências externas são bastante divididas. Muitas testemunhas antigas não contemplam estes termos (B D* F G I 0278 81 1175 1739 1881 2464 ). Por outro lado, testemunhas igualmente importantes os consideram (Ì46 א A C D1 Ψ 048vid 33 Ï). Sendo assim, ambas as leituras são possíveis. Todavia, preferiu-se aqui manter tais termos e colocá-los em colchetes.[50]
20 καὶ δι' αὐτοῦ ἀποκαταλλάξαι τὰ πάντα εἰς αὐτόν εἰρηνοποιήσας διὰ τοῦ αἵματος τοῦ σταυροῦ αὐτοῦ δι' αὐτοῦ εἴτε τὰ ἐπὶ τῆς γῆς εἴτε τὰ ἐν τοῖς οὐρανοῖς
E através dele reconciliar todas as coisas para ele, tendo feito paz através do sangue da cruz dele, [através dele], quer as coisas sobre a terra, quer as coisas sobre os céus.
3.3. TRADUÇÃO DO TEXTO
15 O qual é imagem de Deus o invisível, primogênito sobre toda a criação,
16 Porque nele foram criadas as coisas [51] todas em os céus e as coisas sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, quer tronos, quer domínios, quer governos, quer autoridades. As coisas todas através dele e para ele foram criadas e permanecem criadas.
17 E ele é antes de tudo e as coisas todas nele foram postas juntas e permanecem juntas.
18 E ele é a cabeça do corpo, da igreja. O qual é princípio, [52] primogênito dentre mortos, para que venha a ser em todas as coisas ele mesmo o que tem a primazia.
19 Porque nele pareceu bem toda a plenitude habitar.
20 E através dele reconciliar todas as coisas para ele, tendo feito paz através do sangue da cruz dele, [através dele][53], quer as coisas sobre a terra, quer as coisas sobre os céus.
3.4. CONVERGÊNCIAS E DIVERGÊNCIAS ENTRE AS TRADUÇÕES E ANÁLISE DAS PRINCIPAIS PALAVRAS CHAVES
A comparação entre as versões e a nossa própria tradução revela que há poucas diferenças entre elas. Aqui citaremos as mais importantes que convergem ou divergem das versões mais tradicionais.
No verso 15 embora o genitivo τοῦ θεοῦ τοῦ ἀοράτου poderia expressar posse sobre o εἰκὼν, é mais provável que τοῦ θεοῦ é um genitivo objetivo. É o Deus invisível que está a ser “revelado” por Jesus.[54]
O termo grego πρωτότοκος pode se referir tanto a primeira na ordem do tempo, como um primeiro filho, ou poderia se referir a alguém que é destaque na classificação. O “primogênito” (Como traz a ARA, NVI e ACF) era filho mais velho de uma família ou uma pessoa de posição preeminente. A LXX usa este termo para descrever o rei Davi no Salmo 88. 28. Aqui a ênfase parece esta sobre a prioridade de classificação de Jesus como acima e além da criação.
Uma leitura superficial das palavras “de toda a criação” (como traduzem as versões ARA, NVI e ACF) pode levar à conclusão de que Cristo é uma parte da criação, ou seja, o primeiro dos seres criados por Deus. Tal leitura da frase, no entanto, não está em consonância com o contexto, que distingue a maior forma de Cristo, desde a criação. Também não é esse o entendimento da frase exigida pela gramática. κτίσεως (“criação”) poderia ser entendida tanto como um ablativo de comparação (“antes da criação”) ou como um genitivo. Neste último caso, pode ser um genitivo partitivo (Cristo como parte da criação), de referência (“com referência à criação”) ou o que é mais provável genitivo de subordinação (“sobre a criação”), como traduz o Rev. Paulo Sérgio. Nesse sentido, como obseva Wallace, “a criação esta subordinada a Cristo”. “Primogênito”, neste texto, significa duas coisas: Ele precedeu toda a Criação, e Ele é soberano sobre toda a criação.[55]
No verso 16, a interpretação da frase ὅτι ἐν αὐτῷ (literalmente, “porque em ele”) tem sido a razão de grande discussão no meio acadêmico. A tradução desta cláusula é incerta e a ambiguidade da preposição grega ἐν (“em”) é a questão. Alguns veem a ἐν (“em”) no sentido instrumental (“por meio de” como, por exemplo, as versões NIV, NET). Outros interpretam esta preposição como um locativo (“nele”), desse modo Cristo é a esfera da criação, (como em Ef 1:4). Finalmente, há aqueles que argumentam que ambos os sentidos pode ter sido intencional. Manteremos a tradução “nele” (como traduz ARA, Século 21, ACF), pois a luz do verso 17 parece ser a ideia mais correta. [56]
O verbo ἔκτισται está no perfeito, em contraste com a ἐκτίσθη aoristo na linha de abertura. A mudança no tempo podia ser meramente estilístico como entendem alguns intérpretes. Mas talvez seja mais provável que ele sinaliza uma maior ênfase na última parte do versículo sobre o estado permanente da criação. Ou seja, o que foi criado permanece criado, pois, o próprio Deus em Cristo sustenta a criação. [57]
Tanto no verso 17 como no verso 18 αὐτός ἐστιν (“Ele é”) é enfático. Possivelmente envolvendo uma antítese com alguns erros da Igreja de Colossos. Paulo começa dizendo novamente que ele (Jesus) e nenhum outro, ou mais ninguém é.
Ainda no verso 17 apesar de BDAG 973 s.v. συνίστημι B.3 sugeri: “continuar”, “resistir”, “existir”, “realizar em conjunto”. Entendemos que o verbo συνέστηκεν (perfeito ativo indicativo), a luz de 2 Pe. 3:5, significa, neste contexto, “manter juntos”, “coerentes”, como traduz o Rev. Waldyr Carvalho Luz.[58]
No verso 18 deve-se entender que a referência a Jesus como o “primogênito dentre os mortos” parece estar defendendo uma prioridade cronológica, ou seja, Jesus foi o primeiro a ressuscitar dentre os mortos.[59]
Ainda no verso 18 percebe-se que A NIV traduz incorretamente a este ponto. Para enfatizar a clareza de pensamento, afirma: “he is the beginning and the firstborn from among the dead” (destaques meus). Os tradutores inseriram a palavra “e” para “amarrar” essas duas descrições juntas, como se fossem dois itens separados. O texto grego simplesmente coloca lado a lado duas descrições.[60]
No verso 19 o substantivo “Deus” (ARA, VIVA e NVI) não aparece no texto grego, mas uma vez que Deus é aquele que reconcilia o mundo a si mesmo (cf. 2 Cor 5,19), ele é claramente o objeto de εὐδόκησεν. Todavia preferimos omite o substantivo para manter a tradução mais literal possível.
Ainda no verso 19, observa-se que o verbo aoristo κατοικῆσαι poderia ser tomado como um ingressivo, caso em que se refere à encarnação e pode ser traduzido como “começar a viver, para ter a sua residência”. Todavia, talvez seja melhor entendê-lo como um aoristo constativo e simplesmente uma referência ao fato de que a plenitude de Deus habita em Jesus Cristo. Além disso, deve-se atentar para o fato que esta é uma casa de habitação permanente, e não temporária, como o tempo presente em 2.9 deixa claro.
No verso 20 o δι' αὐτοῦ (“através dele”) é enfático e aponta para Cristo como o único agente de reconciliação. Além disso, nota-se que o verbo aqui utilizado, ἀποκαταλλάξαι (o qual ocorre apenas duas vezes em outras partes do Novo Testamento - v. 22; Ef 2.16), diferente de outros termos que possibilita a reconciliação por meio da ação bilateral, ou seja, duas pessoas que trabalham juntas em pro da reconciliação, o verbo usado por Paulo aponta para uma reconciliação unilateral.
4. ESTRUTURA DO TEXTO
Os limites e a estrutura interna do texto apresentam algumas dificuldades, o que nos leva a necessariamente justificá-los. Na delimitação da perícope, as dificuldades são menores e os elementos literários que apontam para uma unidade de pensamento nos versos 15 – 20 são evidentes.
4.1. DELIMITAÇÃO DA PERÍCOPE.
A delimitação da perícope é clara, e é ponto pacífico entre a maioria dos exegetas. Os versos anteriores (12-14) falam, em forma de confissão de fé, do que Deus fez por seus eleitos (subsentidos na primeira pessoa do plural – “ἡμᾶς” - “nós”), enquanto o hino em si não faz qualquer referência à comunidade confessando. Têm-se ainda nos textos anteriores e posteriores pronomes que se referem ao leitor e /ou o escritor (nove pronomes nos versos 3-8, quatro nos versos 9-14, dois em vv. 21-23) e verbos de primeira ou da segunda pessoa (seis verbos nos versos v. 3-8; quatro nos versos v. 9-14; três nos versos 21-23).
Nenhum destes recursos aparece nos versos 15-20, o que temos é uma série de predicados relativos à Cristo. Como obseva O’ Brien, “todas as referências pessoais estão ausentes”.[61] Melick lembra ainda, que as características linguísticas, as quais incluem palavras incomuns e distintas expressões teológicas, causam uma ruptura entre a passagem e a seu contexto.[62] Douglas Moo, ressalta por sua vez, que nesses versículos há também, uma estrutura hinológica que contém afirmações breves sobre Cristo.[63] De semelhante modo, o pronome relativo “o qual”, aponta para uma nova ideia. [64] Sendo assim, ao invés de termos uma confissão de fé (13-14), temos em linguagem poética e exaltada, uma descrição da supremacia de Cristo sobre tudo e todos.
Por fim, as palavras imediatamente a seguir (versos 21-23), utilizam, como dito acima, a linguagem do discurso direto, para aplicar alguns temas do hino, em especial o da reconciliação, a comunidade de Colossos. É digno de nota (como já foi dito acima) que as palavras o final do hino sobre Cristo como reconciliador de “todas as coisas”, servem como uma ponte para o próximo tema de Paulo: Cristo reconciliou os Colossenses a Deus. Assim, a grande pericope (verso 13 – 23) está dividida em três pericopes menores que falam sobre: O que Deus fez pelos eleitos (13,14); a Supremacia Cristo (15 – 20) e a aplicação de ambas as coisas a vida da Igreja (21 – 23).
4.2. DIVISÕES INTERNAS DO TEXTO.
A divisão interna do texto é sem dúvida a maior dificuldade desta passagem. Seu maior problema é encaixar de forma coerente em uma estrutura literária a expressão: “καὶ αὐτός ἐστιν ἡ κεφαλὴ τοῦ σώματος τῆς ἐκκλησίας·” (E ele é a cabeça do corpo, da igreja). Sem está frase teríamos uma clara e perfeita divisão literária a partir do paralelo que existe entre os pronomes ὅς (“o qual”) que aparecem nos versos 15 e 18. Kasemann acreditava que este é um hino pré-paulino e chega a postular que Paulo fez adições, tais como “da igreja” (18a) e “pelo sangue da sua cruz” (20). Segundo ele, se estas são removidas há uma perfeição na estrutura.[65] Como não podemos fazer como muitos críticos literários, os quais, a fim de encontrar uma estrutura literária perfeita “riscam” tais partes da Bíblia, resta-nos buscar uma solução para tal dificuldade.
De início devemos considerar que os hinos nos tempos antigos, (assim como os contemporâneos), normalmente são divididos em estrofes ou versos. Como ao que parece, Colossenses 1.15-20 é um hino, então, devemos dividi-lo em estrofes. É neste ponto que encontramos a maior divisão entre exegetas e comentaristas. As opções são variadas e inúmeras, por essa razão analisaremos apenas as mais usadas no meio acadêmico.
Pelo menos quatro propostas merecem destaques. A primeira considera a mudança de foco de “criação” (15 – 17) para “igreja” (18 – 20).[66] Neste caso têm-se duas estrofes e dois assuntos principais. O problema desta estrutura é que ela desconsidera muitos dos elementos literários presente no texto, elege apenas dois assuntos dentre os muitos importantes e consequentemente deixa de lado tantos outros de igual importância, tais como, “a imagem de Deus”; “plenitude divina”, “reconciliador do cosmos”, dentre outros.
A segunda proposta aprecia os paralelos que existe nos versos 15 e 18b: “ὅς ἐστιν” (o qual é) e “πρωτότοκος” (primogênito). Nesta proposta a divisão seria 15-18a e 18b-20. Assim, existem duas ideias principais marcadas pelos pronomes ὅς (o qual). Essa divisão, entretanto, tem sido rejeitada atualmente por muitos comentaristas por não trazer respostas satisfatórias para a ligação existente entre a expressão: “καὶ αὐτός ἐστιν ἡ κεφαλὴ τοῦ σώματος τῆς ἐκκλησίας·” (E ele é a cabeça do corpo, a igreja) e os demais assuntos da primeira estrofe. Além disso, o interprete que a escolher, para ser coerente com ela, tem que interpretar a palavra “corpo” (18a) como sendo o cosmos, o que segundo F. F. Bruce é improvável.[67] Analisando os escritos paulinos é possível ver que, normalmente, a menção de Cristo como cabeça do corpo, se refere a Cristo como estando ligado à igreja e não ao cosmo como afirmava a filosofia pré-gnóstica. Um exemplo disso é a carta aos Efésios, a qual, diga-se de passagem, é gêmea quase que “siameses”.
Uma terceira alternativa, que considera o contexto geral da carta e é defendida por alguns comentaristas (tais Como Carson;[68] Constable;[69] Keathley;[70] Alexander MacLaren;[71] Jamieson-Fausset-Brown[72]), os quais dividem o texto a partir da relação de Jesus com o Pai (15a), com a Criação (15b – 17) e com a Igreja (18 – 20). A grande vantagem desta estrutura é que ela analisa o texto a partir de seu contexto maior e de maneira especial à luz da “heresia de Colossos”. Nesse sentido, ela enfatiza a defesa de Paulo contra um dos pontos principais da heresia, ou seja, a negação da divindade do Deus-Homem, Jesus Cristo. Todavia pesar contra esta estrutura a falta de elementos literários que a justifique.
Uma quarta alternativa, e uma das mais das recentes, é a disposição feita por Schweizer, e que é defendida por muitos exegetas e comentaristas. Esta por sua vez, considera pontos em comum com as duas primeiras sugestões supracitas. Schweizer postula duas estrofes principais (15-16 e 18b-20), com uma estrofe de transição entre as duas (17-18a). [73] Esta sugestão parece oferecer o melhor relato da passagem, especialmente quando se reconhece os paralelos encontrados no início dos versos 17 e 18 (καὶ αὐτός ἐστιν “e ele é”... καὶ αὐτός ἐστιν “e ele é”...).[74]
Schweizer observa ainda, que a primeira estrofe (15-16) possui três linhas onde o Cristo cósmico é exaltado como Senhor da criação. Aquele que trouxe o universo à existência e o dirige. A estrofe intermediária (17-18a) repete o pensamento da atividade preexistente de Cristo e afirma-o como o princípio unificador que mantém todas as coisas juntas. A terceira estrofe (18b-20) exalta o Cristo cósmico, que incorporou a plenitude divina. O qual, também é o Jesus ressurreto e o agente de Deus para trazer o universo em harmonia através da reconciliação.[75] Essa tem sido considerada uma boa disposição estrutural. Diante dos elementos exegéticos, literários e lógicos, esta parece ser a melhor opção estrutural da passagem.
É possível perceber até aqui, que não tem sido fácil encontrar uma estrutura perfeita para este texto. Todas elas têm pontos positivos e negativos. Na presente pesquisa será adotada a estrutura postulada por Schweizer, por parecer a que oferece maiores respostas aos problemas literários do texto, bem como por ser seguida e defendida por grandes exegetas e comentaristas, tais como Douglas Moo; F. F. Bruce; Gabathuler; Schille; Maurer; Benoit; Otfried Hofius; Luis Carlos Reyes; dentre outros.
5. COMENTÁRIOS
5.1. 1ª ESTROFE - A EXALTAÇÃO DO FILHO DE DEUS O CRIADOR, SENHOR E GUIA DO UNIVERSO (V. 15,16).
O FILHO DE DEUS
A primeira linha, deste provável hino, começa com uma contundente afirmação sobre a divindade do Filho: ὅς ἐστιν εἰκὼν τοῦ θεοῦ τοῦ ἀοράτου (“O qual é imagem de Deus o invisível”). Esse sem dúvida é um ponto importante neste texto, por isso, será dado atenção devida a ele. A palavra traduzida por “imagem” (εἰκὼν - substantivo nominativo feminino singular) apesar de normalmente diferir de omoioma (que geralmente se refere a “mera semelhança”) não traz em si mesma, base para sustentar qualquer doutrina sobre Cristo, pois seu uso é amplo e variado. Por exemplo, ela é usada como: 1. Uma imagem de César sobre uma moeda (Mt. 12. 16). 2. Uma representação da estátua de Nabucodonosor (Dn. 3.1). 3. O homem, criado como uma representação visível de Deus (1Co.11. 7). Por essa razão, Lightfoot acertadamente observa que a ideia de perfeição não está na palavra em si, mas tem de ser encontrado em seu contexto.[76]
Por isso, para entendermos o que Paulo quer dizer com a ideia de imagem devemos fazer três perguntas: A primeira deve ser: Como ela é usada por Paulo? Em seguida, como ela é usada por Paulo em relação a Cristo? E finalmente, como ela é usada neste contexto?A resposta à primeira é que a palavra εἰκών (“imagem”) é empregada por Paulo em várias ocasiões não só com referência a Cristo como a imagem de Deus, mas também de forma genérica, como citado supra.
No que se refere à segunda, observa-se que em ambos os textos onde Paulo afirma que Cristo é a εἰκών (“imagem”) de Deus (aqui e em 2 Coríntios. 4:4), o foco está na revelação de Cristo como sendo igual em essência a Deus. Vincent observa que neste verso a palavra “imagem” implica em um arquétipo que incorpora a verdade essencial (ontológica) de seu protótipo.[77] Raph P. Martin assevera que “no pensamento antigo acreditava-se que eikon não era apenas uma representação plástica dos objetos assim retratados, como também pensava-se que participava de alguma da substância do objeto que o simbolizava”.[78] Sendo assim, se deve entender que, diferente do ser humano, Cristo é a imagem de Deus no sentido ontológico (isto é, tem a mesma essência de Deus).
A terceira e última pergunta (Como ela é usada neste contexto?) lança luz sobre o pensamento paulino. Segundo muitos estudiosos, a εἰκὼν τοῦ θεοῦ (“imagem de Deus”) aqui pode apontar para um pano de fundo diferente, a saber, a sabedoria. No Antigo Testamento, e principalmente em provérbios, parece haver uma identificação da “sabedoria” ou “a palavra” com a “imagem de Deus”.
De fato parece haver uma ligação da linguagem de Col. 1. 15-20 com a palavra רֵאשִׁית (principio, começo, cabeça), usada com referência à sabedoria em Provérbios 8. 22, 23: “O Senhor me criou [referindo-se a sabedoria] como o princípio (רֵאשִׁית WLC e ἀρχὴν na LXX) de seu caminho, antes das suas obras mais antigas; fui formada desde a eternidade [divindade da sabedoria], desde o princípio, (רֵאשִׁית WLC e ἀρχῇ na LXX) antes de existir a terra”. O Dr. Daniel Santos, em um recente artigo sobre Calvino e a literatura sapiencial, assevera que o exegeta genebrino também via uma íntima ligação entre a sabedoria e Cristo. Suas palavras são: “Calvino parece não ter a menor dúvida de que o texto de Provérbios 8 esteja falando realmente do Verbo de Deus...”[79]
Sendo assim, ao que parece, Paulo, em comum com outros escritores do AT (8. 22, 23) e NT (Jo. 1.4; Hb 1.3), identifica Cristo com a Sabedoria de Deus e atribuindo-lhe certas atividades que são atribuídas à personificação da Sabedoria, como podem ser vista na literatura Antiga Testamento e na tradição judaica.[80] Nas palavras de Douglas Moo, o hino afirma que a imagem original (sabedoria personificada) pode ser encontrada na pessoa de Jesus Cristo, Filho de Deus.[81] Esta σοφία (sabedoria) buscada pelos judeus e este ἐπίγνωσις (conhecimento) buscado pelos gentios, segundo Bruce, é em Cristo uma pessoa viva, aquele que alguns dos colossenses encontraram face a face.[82]
Finalmente, com o uso da palavra “imagem”, Paulo está enfatizando que Jesus é a manifestação perfeita de Deus. Para vermos como é Deus devemos olhar para Jesus (cf. João 14.7-10; 1.14-18; 12.45; Hebreus 1.3). Assim, a natureza e o caráter de Deus foram perfeitamente revelados em Cristo, no qual o Deus invisível se tornou visível.[83]
O CRIADOR DE TODAS AS COISAS.
Após falar de Cristo como manifestação do Pai, Paulo continua a louvar a pessoa de Cristo, agora como o criador de todas as coisas. Dos versos 15b a 16, Paulo fala da Supremacia e centralidade de Cristo em relação à criação, e mostra que o universo foi criado no Filho (ἐν αὐτῷ - a esfera da criação) por meio dele (ἐν αὐτῷ - como o agente divino da criação), para ele (εἰς αὐτόν - como o objetivo ou alvo da criação). [84]
O termo πρωτότοκος (adjetivo pronominal nominativo masc. Singular – “primogênito”) sintetiza o pensamento paulino sobre a Supremacia de Cristo. De início deve-se entender que, assim como εἰκὼν (imagem) o adjetivo πρωτότοκος não pode ser interpretado ao pé da letra. Também, além dos aspectos gramaticais deve-se analisá-lo a luz da teologia sistemática. A palavra πρωτότοκος (primogênito) não pode ser entendida como se Cristo fosse o primeiro ser criado, como a primeira vista pode deixar a entender. O’ Brien observa que o contexto deixa claro que o título não pode se referir a ele como o primeiro de todos os seres criados, pois as palavras imediatamente a seguir, que fornecem um comentário sobre o título, enfatizaram o ponto que ele é o único por quem a criação toda veio a existir.[85]
O erro de muitos estudiosos ao longo da história (entre eles Ário) foi o de não entender à luz do contexto, o genitivo κτίσεως (substantivo genitivo feminino singular – “criação”). Este não pode ser entendido como “partitivo” (Cristo como parte da criação), mas sim como genitivo de “subordinação” (a criação subordinada a Cristo ou Cristo sobre a criação).[86] É digo de nota, também, que tanto Lightfoot, como F. F. Bruce, citam dois textos rabínicos, o qual o termo “primogênito” é usado para Deus, o Pai. Nestes textos, não há certamente como concluir que Deus seja parte da criação.[87] Assim, como corretamente observa Keathley, “primogênito”, neste texto, significa duas coisas: Ele precedeu toda a Criação, e Ele é soberano sobre toda a criação.[88]
Após falar da supremacia de Cristo sobre a criação (verso 15), Paulo passa a descrever a centralidade de Cristo na mesma. No verso 16, ele cita três formas específicas em que Cristo e a criação são relacionados: “nEle foram criadas todas as coisas”... “Tudo foi criado por meio dele” e finalmente “tudo foi criado para ele”.[89]
A interpretação da frase ἐν αὐτῷ ἐκτίσθη τὰ πάντα (literalmente, “em ele foram criadas todas as coisas”) tem sido a razão de grande discussão no meio acadêmico. A tradução desta cláusula é incerta, e a ambiguidade da preposição grega ἐν (“em”) é a questão. Alguns veem a preposição ἐν (“em”) no sentido instrumental (“por meio de”), em que Cristo é o instrumento de criação. Além dos textos bíblicos (tais como João 1.3; 1 Coríntios 8.6, dentre outros), esta ideia tem como base da tradição judaica. Outros interpretam esta preposição como um locativo (“nele”), onde Cristo é a esfera da criação. Finalmente, há aqueles que argumentam que ambos os sentidos pode ter sido intencional. [90]
À luz do verso 17, entendemos que a preposição ἐν deve ser vista como um locativo. Nesse sentido, ela aponta para Cristo como a “esfera” dentro da qual a obra da criação ocorre. Segundo Haupt, a frase “nele” tem a mesma força como em Efésios 1.4, onde se ler: “Porque Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença” (NVI - destaque nosso). Nesse sentido a criação de Deus, como a sua eleição, ocorre ἐν (em) “Cristo” e não a parte dele.[91] Vaughan segue este mesmo caminho e diz que a criação em relação a Cristo estava condicionada a sua causa, o seu centro de origem, a sua localização espiritual. [92] Sendo assim, ἐν αὐτῷ deve ser entendida como “em sua mente” ou “em sua esfera de influência e responsabilidade”. Praticamente, isso significa que Jesus concebeu a criação e as suas complexidades.[93] Hendriksen ilustrou esta verdade dizendo que Jesus é a pedra angular de todo o edifício que leva a sua orientação e direção.[94]
A EXTENSÃO DA CRIAÇÃO E O SENHORIO DE CRISTO SOBRE ELA.
Após falar sobre o criador, Paulo passa a tratar sobre a extensão da criação. De início deve-se observar que as palavras “τὰ πάντα” (“todas as coisas”) são usadas por Paulo como lema em várias partes do “hino”. Elas expressam uma universalidade e sugere um sentimento coletivo, isto é, “o universo inteiro”.[95] Dentro deste mundo criado, Paulo destaca as coisas invisíveis, e as lista em quatro classes de poderes angelicais: “tronos” (θρόνοι) e “domínios”[96] (κυριότητες, cf. 1 Co. 8. 5.); “principados” (ἀρχαί) e “poderes”[97] (ἐξουσίαι). Estes poderes provavelmente representavam na filosofia pré-gnóstica a maior ordem do reino angelical. Do mais alto ao mais baixo. Para o pensamento filosófico da época, os anjos deveriam receber veneração dependendo do seu suposto “rank”.[98] Assim, Paulo afirmou que Cristo é superior a todos os seres angélicos, inclusive os mais sublimes (cf. Hb. 1:1-14). Bons ou ruins todos eles estão sujeitos a Cristo como Criador. Com a heresia de Colossos em mente, o apóstolo insiste que qualquer outro ser criado é totalmente incapaz de rivalizar com Cristo.[99]
Paulo enfatiza ainda que é Cristo quem mantém firme todas as coisas. É digno de nota, a mudança de tempo do verbo “criar”. No início do verso, ele aparece no aoristo (ἐκτίσθη) e chama a atenção para o fato histórico. No final é colocado no prefeito (ἔκτισται) e focaliza a existência contínua e permanente da criação. Ele é sustentador permanente de todas as coisas, como será dito no verso 17.
Por fim, o Apóstolo assevera que além de ser o início e o meio, Cristo é também o τέλος (fim) da criação. Ele é a razão para a qual todas as coisas existem, a meta para a qual todas as coisas tinham a intenção de se mover. Como corretamente observa Melick, toda criação é destinada “para servir a Sua vontade, contribuir para a Sua glória”. [100]
5.2. 2ª ESTROFE - A exaltação de Cristo o Sustentador de todas as coisas e Senhor da igreja. 17-18a
O SUSTENTADOR DE TODAS AS COISAS
Após falar da supremacia e centralidade de Cristo em relação à criação, Paulo passa a exaltá-lo como sendo o Sustentador de todas as coisas e Senhor da igreja. 17-18a. Bruce assevera que o ensinamento da primeira estrofe é recapitulado, nesta estrofe de transição, em uma dupla reafirmação da preexistência e do significado cósmico de Cristo:[101] “E ele é antes de todas as coisas”, e, “as coisas todas nele se postaram juntas e permanecem juntas” (v. 17). Na primeira parte Paulo destaca a Primazia de Cristo. “E ele é antes de todas as coisas” (v. 17a). A preposição πρὸ (“antes de”) pode designar tanto prioridade no tempo como “prioridade na classificação”. Segundo Wallace, considerando o contexto, ela aponta para ambas nuances (tempo e prioridade). Assim, Cristo tem prioridade sobre todas as coisas e está antes delas.[102]
Em seguida, Paulo assevera que Ele é o sustentador de todas as coisas: “As coisas todas nele se postaram juntas e permanecem juntas” (v. 17b). O verbo συνέστηκεν (verbo indicativo perfeito ativo 3a pessoa singular) significa, neste contexto, “manter juntos”, “coerentes”.[103] O tempo perfeito, aponta para o fato que, o universo teve e continua tendo sua coerência contínua em Cristo. Calvino lembra que o Criador não esqueceu a criação. Ele diariamente mantém o equilíbrio no universo.[104] Nas palavras de Lightfoot, Cristo é “o princípio da coesão”, que faz o universo um cosmos em vez de um caos.[105] Sem ele, a gravidade deixaria de funcionar, os planetas não permaneceriam em suas órbitas.
O SENHOR DA IGREJA
Após falar sobre o domínio de Cristo sobre todas as coisas ele agora fala de maneira mais particular sobre seu senhorio na igreja. Com a menção de Cristo como o cabeça (κεφαλή) da igreja, o hino, passa a partir de uma perspectiva cosmológica para uma eclesiológica, soteriológica e escatológica.[106]
É digna de observação a repetição do pronome αὐτός (“Ele”). Em todo o hino, e principalmente aqui, seu uso é enfático e possivelmente envolvendo uma antítese entre Cristo e as demais poderes espirituais. Paulo começa dizendo novamente que, Ele e nenhum outro, é a cabeça do corpo. A analogia feita por Paulo lança luz nesta ideia. O corpo (igreja) e a cabeça (Cristo) formam um organismo vivo, composto por membros vital um para o outro. Juntos, eles constituem uma unidade viva. Um sem o outro será incompleto. Os hereges diziam que era possível viver plenamente sem Cristo. Paulo afirma veementemente que somente Ele é a cabeça que dá vida ao corpo.
A grande dificuldade nesta estrofe reside no termo “σώματος” (substantivo genitivo neutro singular - “corpo”). Exegetas recentes, como Schlier e Käsemnn, influenciados pelo mito gnóstico do redentor humano, entendem que as almas de todos os homens pertencem a um só corpo cósmico pneumático. [107] Todavia, essa ideia tem sido rejeita, pois postula que a base de Paulo foi fontes gnósticas e não as verdades do AT (o que é improvável e incomum em Paulo) e não se relaciona com as demais referências de corpo, feitas pelo apóstolo nas demais cartas por ele escritas. Sendo assim, ao que parece termo “σώματος” (“corpo”) é usado aqui por Paulo no sentido tradicional, isto é, como a ἐκκλησίας (“igreja”) de Cristo, como vemos na sequência do verso.
Além de definir o que é corpo faz-se necessário entender o seu uso aqui. Alguns intérpretes entendem que com essas palavras Paulo esta apresentando Cristo como “a fonte da vida da igreja”. Todavia, esse não parece ser o seu significado principal. É verdade que em outras cartas Paulo emprega o termo “σώματος” (“corpo”) para se referir às relações mútuas e as obrigações dos membros da igreja. Neste sentido “cabeça” (κεφαλή) do corpo não tem posição especial ou honra, é contado como um membro comum. Todavia, em Colossenses e Efésios, há um avanço na linha de pensamento em relação à ideia da Igreja, como corpo de Cristo. Como observa O’ Brien, a relação viva entre os membros é mantida, (Cf. 1 Coríntios e Romanos), mas um elemento novo é acrescentado de forma mais clara, isto é, Cristo como Senhor da igreja.[108] Ridderbos parece entender da mesma maneira. Sua interpretação postula “Cristo como parte mais proeminente do corpo”.[109] Como corretamente certifica Calvino, Cristo como cabeça da igreja, é o seu chefe, que a guia e rege. Ele tem autoridade para governar a Igreja, a quem os fiéis devem olhar e seguir, e a quem a unidade do corpo depende somente.[110]
A história parece testemunhar a favor desta ideia. No mundo antigo, a ideia de “a cabeça”, foi concebida para ser o membro de direção da entidade, que ambas controladas e entregaram a sua vida e sustento.[111] Nos escritos de Filo, encontramos essa ideia. Ele diz: “O homem virtuoso, seja homem ou povo, será a cabeça [κεφαλή] da raça humana e todos os outros serão como as partes do corpo que são animados pelos poderes da cabeça”.[112]
Em suma, Cristo é “a esfera na qual a igreja foi criada (v. 15,16), a fonte de sustento (17) e a direção” (18). Contra as pessoas que estavam discutindo que a experiência espiritual final tinha que ser encontrado em lugares além de Cristo, tais como filosofia (2: 8-10); legalismo (2: 11-17); misticismo (2:18-19); asceticismo (2:20-23); Paulo mostra que se Cristo é o único Senhor da igreja. Tudo que precisamos reside Nele. O corpo (a igreja) depende dele para tanto para a salvação como para a plenitude da vida.
5.3. 3ª ESTROFE - EXALTAÇÃO DO CRISTO RESSURRETO, EM QUEM TODA PLENITUDE HABITA E QUE É TAMBÉM O AGENTE DE DEUS PARA TRAZER O UNIVERSO EM HARMONIA ATRAVÉS DA RECONCILIAÇÃO (18B – 20).
CRISTO RESSURRETO
“Ele é o princípio, o primogênito dentre os mortos”. A pessoa que é a cabeça do corpo, a igreja, é o Cristo ressurreto. A ideia de ἀρχή (“princípio”) deve ser entendida em um aspecto cronológico. Por essa razão, “princípio” nesta passagem, implica em “fundador” ou o que “abrir o caminho”. Esse entendimento lança luz na compreensão da segunda menção do termo πρωτότοκος (“primogênito”). Ele é um eco do verso v. 15b. “o primogênito de toda criação”. No verso quinze πρωτότοκος (“primogênito”) sugere tanto a precedência no tempo como a supremacia na categoria. Ao que parece aqui a ideia de precedência é a mais proeminente.
O significado é que Cristo foi o primeiro a ressuscitar sem voltar a morrer. Ele é o que inicia a ressurreição escatológica (cf. 1Co. 15:20). Como observa Ridderbos, aquele que se tornou o “inaugurador a nova humanidade”.[113] É bom lembrar, por outro lado, que essa ideia não exclui a sua Soberania, como vemos no verso 15, pois o fato dele ser primeiro a nascer dos mortos, isso lhe concede a dignidade e a soberania pertencente ao Primogênito. Sendo assim, Cristo não apenas ocupa um lugar e tem dignidade especial, mas vai adiante de sua igreja abrindo o caminho para unir o futuro dela ao seu próprio.[114]
Ele tem supremacia sobre tudo. O hino já havia afirmado a precedência de Cristo na criação, mas agora menciona sua primazia na ressurreição. Em ambas (criação e nova criação) tudo vem dele e é para ele. O verbo πρωτεύω (“tendo primazia”) ocorre apenas aqui no Novo Testamento e traz a ideia de “ter o primeiro posto”. Moule traduz como: “que ele possa ficar sozinho supremo entre todos” ou “cabeça única de todas as coisas”.[115] Já a frase ἐν πᾶσιν (“em todas as coisas”), poderia também ser traduzida como “entre todos os povos”, apontando assim, para o reinado de Cristo sobre toda a terra. Este senhorio universal de Cristo não é apenas uma afirmação teórica sobre a forma como o mundo é, mas tem uma série de implicações que se estendem para a vida toda. [116]
CRISTO A PLENITUDE DE DEUS
No verso 19, Paulo passa a dizer que o Filho do amor de Deus é a esfera da reconciliação: “Porque nele pareceu bem toda a plenitude habitar” [117]. (V. 19.) A palavra ὅτι (“porque”) é uma conjunção de subordinação causal, que introduz a razão pela qual o Filho é supremo na igreja. Sua supremacia é encontrada não apenas em quem Ele é em sua pessoa declarada em (15-18a), mas também no propósito eterno de Deus de que unicamente “nele” (note a posição enfática do ἐν αὐτῷ) “toda plenitude” habitasse.
Um pergunta a ser feita aqui é: “o que Paulo quer dizer com a palavra πλήρωμα (‘plenitude’)?” Essa pergunta não é tão simples como parece. Há uma vasta discussão tanto no que se refere ao seu pano de fundo (origem gnóstica ou não), como no seu significado. Como não há aqui nem tempo nem espaço para tal discussão, apresentaremos apenas o seu significado e a ideia principal.
A maioria dos exegetas entende πλήρωμα (“plenitude”) como paralelo com “plenitude da divindade” (2.9). Nesse sentido o Filho encarnado era e é à plenitude de Deus, isto é, possui todas as qualidades da essência divina. Os falsos mestres em Colossos estavam convidando os cristãos para experimentar “plenitude” verdadeira, seguindo sua filosofia (2.8) e regras humanas (cf. 2.16-23), a que Paulo responde: a “plenitude” que você está procurando só é encontrada em Cristo. O Apostolo reforça esta ideia com o uso da palavra pan (“todos”). Uma leitura atenta revela uma “tautologia”,[118] pois como observa Douglas Moo, “plenitude” em si indica totalidade.[119] O objetivo de Paulo com esse recurso literário é enfatizar que Cristo era a única coisa que os cristãos de Colossos precisavam para receber a redenção da alma e plenitude da vida.
Paulo fala ainda, que Cristo é a fonte permanente da plenitude. Ele é o “lugar,” no qual o Pai em toda sua plenitude teve o prazer de fazer a sua residência, a qual é uma casa de habitação permanente, e não temporária, como o tempo presente no verso nove do capítulo dois deixa claro (κατοικεῖ - habita em contraste com “παροικέω”, “peregrinar”).
CRISTO O RECONCILIADOR DE TODAS AS COISAS
No último verso do “hino” Paulo apresenta Cristo como o reconciliador de todas as coisas: “E através dele reconciliar todas as coisas para ele, tendo feito paz através do sangue dele, através dele, quer as coisas sobre a terra, quer as coisas no céu”. (v. 20)
“Através dele” é enfático e envolve mais uma vez uma antítese entre Cristo e os demais poderes espirituais. Ele aponta para Cristo como o único agente de reconciliação. Os falsos mestres estavam dizendo que os anjos e emanações poderiam de alguma forma aproximar os homens a Deus. Em contrapartida, Paulo diz que, Jesus Cristo é o único meio de reconciliação e sua morte na cruz o único método que Deus escolheu para usar. Mais uma vez foi o Pai que soberanamente, quis reconciliar todas as coisas através (δι') do Filho.
É digno de nota que o verbo aqui utilizado para “reconciliação” (ἀποκαταλλάξαι) ocorre apenas mais duas vezes no Novo Testamento (v. 22; Ef 2.16.). Seu uso neste texto parece similar aos demais usados pelo Apóstolo e traz a ideia de “mudança de inimizade para amizade”, “nova harmonia” e “nova paz”. (cf. Rm 5.10, 11; 2 Cor 5.18-20;). Segundo Vaughan, a maneira que ele foi colocado aqui, provavelmente tem a força intensiva: “para mudar completamente”, ou, “mudar de modo a remover toda a inimizade”. [120]
Deve-se notar também que há outros verbos que Paulo usa na Bíblia (os quais também são usados na literatura secular) que possibilita a reconciliação por meio da ação bilateral, ou seja, duas pessoas que trabalham juntas em favor da reconciliação. Todavia, o verbo ἀποκαταλλάξαι aponta para uma reconciliação unilateral. Em suma, a reconciliação é a obra completa de Deus Pai por meio do Deus Filho, pelo qual o homem é levado da posição de inimizade para a posição de harmonia e paz ele mesmo.
Paulo assevera ainda que, a cruz é o lugar, uma parte vital e necessário da reconciliação. Isto é evidente nas palavras, “tendo feito paz através do sangue dele” (Col. 1:20 , cf. também Ef. 2:14-18 ). É na cruz que Cristo se tornou o substituto do corpo que é a igreja e pagou o preço pelos pecados de cada membro eleito. Essa mensagem da Cruz, que para os filósofos era loucura, para os legalista era escândalo, é meio de reconciliação e salvação para os que creem.
Finalmente, o apostolo assevera que este trabalho de reconciliação se estende a “todas as coisas... na terra ou nos céus”. De início deve-se entender que este versículo não ensina o universalismo ou a salvação universal. O universalismo é o ensino que todos os seres, incluindo aqueles que rejeitaram a Jesus Cristo, um dia vão ser salvos. Não era isso que Paulo acreditava. “Restauração universal” não era uma parte da teologia de Paulo, pois ele certamente ensinava que os pecadores precisavam acreditar em Jesus Cristo para serem salvos.[121] Além disso, todo e qualquer ensino de salvação universal é totalmente contrário ao resto das Escrituras.
Então, o que as palavras “todas as coisas” e “quer as coisas sobre a terra, quer as coisas no céu”, se referem? É verdade que os seres humanos caídos são os objetos principais desta reconciliação. Isto fica claro a partir do Novo Testamento em geral e da continuação deste texto (v. 21-23). Mas seria um erro grave (nem sempre evitado) limitar este trabalho “conciliação” para seres humanos.[122] Como corretamente observa Ladd “a ideia bíblica de redenção sempre inclui a terra. O pensamento hebraico via uma unidade essencial entre homem e natureza”.[123] Segundo ele, “em lugar algum o Antigo Testamento prega a esperança de uma redenção incorpórea, imaterial, meramente “espiritual”, como o faz o pensamento grego”.[124]
A resposta, então, é que Paulo quer mostrar que a reconciliação de Deus não se limita a humanidade. Exegetas e comentaristas têm afirmado que colossenses 1. 20 deve ser entendido à luz de Romanos 8.18-23. Johnson, explicando este texto a luz de Romanos, diz que o apóstolo vê o homem e a criação ligados entre si. O pecado do homem afetou toda a criação (cf. Gn 3,17-19). Respondendo a isso, a reconciliação afeta não só o homem, mas o universo criado. A própria criação geme e está cheia de dor enquanto espera o dia da sua redenção (cf. Rm 8.22).[125]
Hoekema falando sobre esse assunto assevera que:
Para entender completamente o sentido da história, portanto, devemos ver a redenção de Deus em dimensões cósmicas. Uma vez que a expressão “céus e terra” é a descrição bíblica de todo o cosmos, podemos dizer que o alvo da redenção é nada menos do que a renovação do cosmos, aquilo que os cientistas da atualidade denominam de universo. Uma vez que a queda do homem no pecado afetou não apenas a ele só mas, também, ao resto da criação (ver Gn 3.17-18; Rm 8.19-23), a redenção do pecado deve igualmente envolver a totalidade da criação de Deus.[126]
Hermann Ridderbos parece ter a mesma ideia ao dizer:
Esta redenção [operada por Cristo]... adquire o sentido de um drama divino que abrange tudo, ou, seja, é uma luta cósmica, na qual está envolvido não somente o homem em seu pecado e condição de perdição, e na qual estão inscritos os céus e a terra, anjos e demônios, e cujo alvo é trazer de volta todo o cosmos criado para estar sob o domínio e senhorio de Deus.[127]
Douglas Moo vai mais longe e diz que a chave para o entendimento é a elaboração dessa ideia na cláusula participial: “tendo feito paz através do sangue da cruz dele”. Segundo ele, esta linguagem tem como pano de fundo a previsão do Velho Testamento que, no último dia Deus vai estabelecer שָׁלֹום (“shalom” - “paz” ou “bem-estar”) universal. O Antigo Testamento Javé sobre a forma de “paz” traria segurança e bênção para Israel na terra que ele mesmo lhes deu. Essa ideia ao que parece se estenderia a toda criação. Provavelmente com isso em mente, Paulo proclama que a paz já foi estabelecida em Cristo. Assim, o universo, em Cristo, foi trazido de volta para a sua ordem divinamente criada e determinada. Ele está novamente sob a cabeça e paz cósmica voltou. [128]
Sendo assim, ao responder ao evangelho, os Colossenses experimentaram essa reconciliação (vv. 21-22), e são, portanto, habilitados, como novas pessoas da Nova Aliança de Deus, para viver em paz um mundo perigoso e hostil. Eles não precisam temer os poderes espirituais que se acreditava ser tão determinante do seu destino.[129]A importância desta verdade é evidente: os anjos ou quaisquer outros seres espirituais não possuir o poder de transformar o mundo em um caos. O reino dos céus já chegou (mesmo que ainda não esteja em sua forma plena) e o caos já se transformou em cosmos.
6. MENSAGEM PARA A ÉPOCA DA ESCRITA.
Quando Paulo escreveu este texto, ele estava no primeiro momento, interessado na resposta dos leitores da igreja de Colossos quanto à pessoa e obra de Cristo. Como já fora dito, foi na igreja dos Colossos que houve uma das primeiras tentativas de negar a total supremacia e suficiência de Cristo. Os falsos mestres de Colossos alegavam que Cristo sozinho não era suficiente nos aspectos espirituais ou na plenitude da vida. Consequentemente defendiam uma variedade de aditivos espirituais. Grande parte dos comentaristas,[130] tem dito que um dos propósitos de Paulo ao escrever esta carta foi o de combater a “heresia de Colossos”, mostrando a supremacia e suficiência de Cristo. Ao que parece, Paulo escreveu Colossenses 1: 15 – 20 a fim de responder principalmente, as ideias filosóficas desta heresia. Esta resposta, por sua vez, visava alcançar tanto judeus como gentios.
Nesse sentido, Paulo almejava que seus leitores entendessem que Cristo era tudo o que eles precisavam para a redenção da alma e a plenitude da vida. Aos judeus, como bem observa Frank Thielman, Paulo mostra que “Cristo desempenhou um papel tradicionalmente atribuído à ‘sabedoria’ na criação e, portanto está acima de todos os outros poderes cósmicos”.[131] E aos gentios, os quais estavam sendo influenciados fortemente pela filosofia pré-gnóstica, Paulo afirma que, todos os aqueles que “têm acesso a ele pela fé (2. 12), tem acesso a todos os tesouros da sabedoria e o conhecimento necessários para enfrentar o seu caminho através da vida.”[132] (itálicos meus). Herman Ridderbos parece seguir a mesma ideia quando diz que o que é anunciado neste texto é o mesmo no contexto da oração de efésios, onde Cristo é apresentado como sendo “largura e cumprimento e largura e profundidade” (3. 18)[133]
Em suma, a mensagem de Paulo para a igreja se Colossos neste texto, é que o Cristo encarnado é supremo sobre todas as coisas, pois Ele é o criador universo, a esfera na qual tudo subsiste e o agente de Deus para trazer o cosmo em harmonia através da reconciliação. Em resposta a está verdade, os Colossenses deveriam abandonar todos os aditivos apresentados pelos falsos mestres e confiar apenas em Cristo tanto no que se refere à salvação de suas almas, como em relação à plenitude de suas vidas.
7. MENSAGEM PARA TODAS AS ÉPOCAS.
Como já tido, este texto foi inicialmente escrito para os cristãos de Colossos ou talvez para todos os cristãos região do vale do rio Lico (e assim as cidades de Laodiceia e Hierápolis).[134] Entretanto, seus efeitos e aplicações são para todas as épocas, pois suas verdades são atemporais. Por essa razão, podemos tirar da presente perícope princípios fundamentais para a vida da igreja hoje. De início percebe-se que muitos dos elementos da heresia de Colossos (a filosofia gnóstica, o legalismo, o misticismo e o asceticismo) também ameaçaram a igreja durante toda história e tem ameaçado a igreja contemporânea.
Ao longo dos anos e atualmente, muitos falsos mestres têm apregoado que Evangelho de Cristo deve ser completado por um sistema elaborado de pensamentos pseudo-filosóficos alcançados pelo intelecto. Uma espécie de gnosticismo moderno. Vê-se ainda, mestres legalistas ensinando que somente um relacionamento pessoal, vital e pessoal com Cristo não é suficiente para satisfazer a vontade de Deus.[135] Logo, é necessária a observância das leis para conquistar o amor de Deus. Outros, tomados por um misticismo sincrético, se entregam a visões e êxtases, e acreditam no poder das “inúmeras correntes”, “campanhas”, “óleos de Israel”, “sal ungido”, “descarrego” entre outras coisas. Por fim, há aqueles defendem práticas acéticas de abster-se de coisas lícitas para ganhar mérito com Deus. Por isso, há proibição quanto às vestes, cortes de cabelo e outras práticas aceitáveis na Bíblica, mas proibidas com objetivo de “mortificar” a carne e “elevar” o espírito.
O resgate da supremacia e suficiência de Cristo não é apenas necessário, é também urgente. Em um mundo de vazio teológico precisamos resgatar umas das doutrinas mais desprezadas nos últimos anos, isto é, a cristologia. Precisamos mostrar a centralidade de Cristo no Evangelho da salvação. Muitas pessoas estão buscando algo que substitua a fé por alguma moda que tenha um colorido cristão. Todavia, Cristo é único suficiente para vida cristã. O legado deixado por ele nos aponta o verdadeiro caminho para o céu, onde todo eleito tem uma herança guardada e preservada pelo próprio Deus. E, a única coisa a fazer para desfrutar desta gloriosa herança, é andar em Cristo, o único e suficiente caminho.
Por isso, o texto de Colossenses 1. 15 -20 é extremamente relevante. Hoje tanto quanto no tempo da escrita do mesmo, a mensagem de Paulo para nós é clara: Jesus Cristo o supremo e divino Filho de Deus é tudo que precisamos para a salvação da alma e plenitude da vida.
8. TEOLOGIA DO TEXTO
Seguindo a divisão da teologia bíblica feita por Van Groningen[136] (Criação e consumação) percebe-se que o presente texto tem vários elementos dela. Ele apresenta Jesus como o Criador de todas as coisas e como redentor de toda a criação. O mundo foi criador por meio dele e será julgado por Ele. De modo mais especifico, veremos abaixo aspectos da teologia bíblica, sistemática e pastoral.
8.1. CRIAÇÃO – A AÇÃO CRIADORA DE CRISTO
Paulo mostra nestes versos, que o universo foi criado no Filho (como a esfera), por meio dele (como o agente divino), para ele (como o objetivo ou alvo), que foi também estabelecida de forma permanente nele (como o sustentador do universo). [137]
A confissão de fé de Westminster tratando sobre esse assunto afirma que:
“Aprouve a Deus o Pai, o Filho e o Espírito Santo, para a manifestação da glória do seu eterno poder, sabedoria e bondade, criar ou fazer do nada, no espaço de seis dias, e tudo muito bom, o mundo e tudo o que nele há, visíveis ou invisíveis”.[138]
A. A. Hodge comenta que “Deus único, que é Pai, Filho e Espírito Santo, no princípio criou do nada os elementos do mundo, e os trouxe à sua presente forma”.[139] Rev. Onézio, comentando a confissão de fé de Westminster, corretamente assevera que “o ato visível da expiação aconteceu no tempo, mas seus efeitos redentores existem eficazmente desde antes da criação. Ninguém foi, é ou será salvo senão por Jesus Cristo, o eternamente divino. A eternidade do Cordeiro não pode ser negada, se afirmada a sua real divindade.”[140] Essa verdade é claramente apresentada pelo Apostolo João: “Adorá-lo-ão todos os que habitam sobre a terra, aqueles cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro, que foi morto desde a fundação do mundo” (Ap 13. 8). O Cristo que apareceu na história existiu antes dela, e já na condição de Filho e com a missão de redimir os escolhidos do Pai por meio de sua morte expiatória e dar-lhe uma vida plena por meio de sua união mística. Os sofrimentos de Cristo antecedem a existência da humanidade.[141] Isso o torna o único Redentor poderoso!
8.2. TEONTOLOGIA – O SER DE DEUS.
A palavra “imagem” implica em um arquétipo que incorpora a verdade essencial (ontológica) de seu protótipo. Diferente do ser humano que tem a imagem de Deus no que se referem as seus atributos comunicáveis, Cristo é a imagem de Deus no sentido ontológico. Dr. Grudem, analisando este texto diz que, Jesus é “a duplicada exata da natureza de Deus, que se torna igualmente a Deus em seus atributos”.[142] Philip Edgcumbe Hughes afirmar que: “não é tanto… a glória da deidade do Filho brilhando por meio de sua humanidade, mas… a glória de Deus sendo manifesta na perfeição de sua humanidade, completamente harmonizada com a vontade de Deus.”[143]
Esta verdade foi defendida na história da igreja. Combatendo a Arianismo, os Concílios da Igreja apresentaram Cristo como sendo homoosuios (Gr. homos - mesmo e ousia - essência) de Deus. O termo homoousion do patri (mesma essência do Pai) significa que Cristo está unido intimamente com o Pai. O Filho, embora distinto em existência está essencialmente unido a ele.[144] Atanásio também defendeu e expôs veementemente está ideia. Ele, contestando a Ário, defendeu vigorosamente a posição de que o Filho é consubstancial com o Pai e da mesma essência do Pai.[145] Esta posição foi oficialmente adotada pelo Concilio de Nicéia, em 325, onde se ler que Jesus Cristo é o “unigênito Filho de Deus, gerado pelo Pai antes de todos os séculos, Deus de Deus, Luz da Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado não feito, de uma só substância com o Pai; pelo qual todas as coisas foram feitas...”[146]
Calvino comentando o Concílio de Nicéia assevera:
Reconheço que este vocábulo consubstancial não consta na Escritura. Entretanto, quando se afirma aí tantas vezes haver um só Deus, e contudo tantas vezes a Escritura declara Cristo como verdadeiro e eterno Deus, um com o Pai, que outra coisa fazem os pais nicenos que ele era de uma mesma essência, senão expor simplesmente o sentido natural da Escritura? [147] (destaque nosso).
A definição universalmente aceita da doutrina da Igreja quanto à pessoa de Cristo é aquela que foi formulada pelo quarto Concílio Geral, consistindo de muitos pais da igreja que se reuniram em Calcedônia, em 451 A.D.[148] A conclusão que estes teólogos chegaram foi:
Fiéis aos santos pais, todos nós, perfeitamente unânimes, ensinamos que se deve confessar um só mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito quanto à divindade e perfeito quanto à humanidade, verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, constando de alma racional e consubstancial [homoousios] ao Pai, segundo a divindade, e consubstancial a nós, segundo a humanidade; “em todas as coisas semelhante a nós, excetuando o pecado”, gerado, segundo a divindade antes dos séculos pelo Pai e, segundo a humanidade, por nós e para nossa salvação, gerado da virgem Maria, mãe de Deus [Theotókos]. Um só e mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, que se deve confessar em duas naturezas, inconfundíveis e imutáveis, conseparáveis e indivisíveis...[149]
A Confissão Helvética segue o mesmo caminho ao declarar: “Portanto, quanto à sua divindade, o Filho é co-igual e consubstancial com o Pai; verdadeiro Deus (Fl. 2.11), não de nome ou por adoção ou por qualquer dignidade, mas em substância e natureza...”[150] E acrescenta: “...abominamos, pois, a doutrina ímpia de Ário e de todos os arianos contra o Filho de Deus.”[151] A confissão de fé de fé de Westminster expressa a mesma verdade ao dizer que “o Filho de Deus, a segunda Pessoa da Trindade, sendo vero e eterno Deus, de uma só substância com o Pai e igual a ele...”[152] Todos estes credos e confissões afirmam que o Jesus histórico, que se fez um de nós e esteve entre nós, era verdadeiramente Deus. Aquele que tem a mesma essência e substancia com o Pai.
8.3. CRISTOLOGIA – UNIÃO HIPOSTÁTICA DAS DUAS NATUREZAS.
Paulo diz que Jesus é primogênito da criação e que nele habita a plenitude da divindade. Segundo o Dr. Heber isso aponta para a união hipostática das duas naturezas. Ou seja, Cristo não tem apenas algumas características da natureza divina, mas todas elas.[153] Somente Jesus é uma pessoa com duas naturezas, pois era necessário que ele assim fosse. Se ele fosse apenas um ser humano, jamais teria suportado os sofrimentos enquanto esteve entre nós. Por outro lado, se ele possuísse apenas a natureza divina, não poderia ser o nosso mediador. Falando sobre a necessidade da deidade do Filho o Catecismo maior de Westminster assevera que:
Era necessário que o Mediador fosse Deus para poder sustentar a natureza humana e guardá-la de cair debaixo da ira infinita de Deus e do poder da morte; para dar valor e eficácia aos seus sofrimentos, obediência e intercessão; e para satisfazer a justiça de Deus, conseguir o seu favor, adquirir um povo peculiar, dar a este povo o seu Espírito, vencer todos os seus inimigos e conduzi-lo à salvação eterna.[154]
Era necessário que ele fosse verdadeiramente Deus para que obedecesse perfeitamente a Lei e se tornasse redentor do homem. Sendo verdadeiramente divino, ele foi forte e poderoso o suficientemente para como o segundo Adão não pecar. Ele precisava ser Deus para “suportar o peso da culpa do pecado de seu povo, bem como a ira de Deus que cairia sobre ele como representante dos eleitos, libertando, assim, os seus da maldição decorrente do não comprimento da lei”.[155] Era necessário que Cristo fosse divino a fim de apresentar-se como sacrifício perfeito e aplicasse de forma eterna seus méritos ao seu povo redimido e assim vencesse nosso maior inimigo, isto é, satanás.[156] As palavras de Calvino são esclarecedoras: “Cristo sofreu como homem, no entanto, a fim de que sua morte pudesse efetuar nossa salvação, sua eficácia fluiu do poder do Espírito. O sacrifício que produziu a expiação eterna foi muito mais que uma obra meramente humana”.[157]
Já no que se refere a sua plena humanidade o mesmo catecismo afirma:
Era necessário que o Mediador fosse homem para poder levantar a nossa natureza e obedecer à lei, sofrer e interceder por nós em nossa natureza, e simpatizar com as nossas enfermidades; para que recebêssemos a adoção de filhos, e tivéssemos conforto e acesso com confiança ao trono da graça. [158]
Se por um lado Jesus tinha que ser Deus, por outro ele deveria ser plenamente homem. Sua humanidade fora necessário, pois somente como homem ele podia se submeter à Lei de Deus (obediência passiva) e obedecê-la (obediência ativa). Também, para “arcar moral, física e espiritualmente com as consequências do pecado de seu povo”.[159] Como homem sem pecado ele pode apresentar a si mesmo como oferta santa e imaculada (Hb 7.26-27; 9:14) e morrer pelos pecadores eleitos, visto que somente a carne pode morrer (IPe 1:18-20).[160]
Assim, ele tinha que ser homem para pagar a dívida humana e ser Deus para pagá-la perfeitamente e para sempre. Calvino esclarece este ponto ao dizer:
Visto, então, que Deus por Si só não poderia provar a morte, e que o homem por si só não poderia vencê-Ia, Ele tomou sobre Si a natureza humana em união com a natureza divina, para que sujeitasse a fraqueza daquela a uma morte expiatória, e que pudesse, pelo poder da natureza divina, entrar em luta com a morte e ganhar para nós a vitória sobre ela.[161]
John Flavel segue o mesmo caminho ao dizer:
Este é um ato do Deus-homem; nenhum outro foi capaz de satisfazer um erro infinito feito a Deus. Mas pela união das duas naturezas em sua maravilhosa pessoa, ele pôde fazê-lo por nós. A natureza humana fez o que era necessário em seu tipo: deu a matéria a ser sacrificada; a natureza divina estampou a dignidade e o valor sobre a oferta, tornando-a uma compensação necessária.[162]
A plenitude de Deus habita no homem histórico Jesus. Somente Jesus é uma pessoa com duas naturezas, pois era necessário que ele assim fosse. Se ele fosse apenas um ser humano, jamais teria suportado os sofrimentos enquanto esteve entre nós. Por outro lado, se ele possuísse apenas a natureza divina, não poderia ser o nosso mediador. Falando sobre a necessidade da deidade do Filho o Catecismo maior de Westminster assevera que:
Era necessário que o Mediador fosse Deus para poder sustentar a natureza humana e guardá-la de cair debaixo da ira infinita de Deus e do poder da morte; para dar valor e eficácia aos seus sofrimentos, obediência e intercessão; e para satisfazer a justiça de Deus, conseguir o seu favor, adquirir um povo peculiar, dar a este povo o seu Espírito, vencer todos os seus inimigos e conduzi-lo à salvação eterna.[163]
Era necessário que ele fosse verdadeiramente Deus para que obedecesse perfeitamente a Lei e se tornasse redentor do homem. Sendo verdadeiramente divino, ele foi forte e poderoso o suficientemente para como o segundo Adão não pecar. Ele precisava ser Deus para “suportar o peso da culpa do pecado de seu povo, bem como a ira de Deus que cairia sobre ele como representante dos eleitos, libertando, assim, os seus da maldição decorrente do não comprimento da lei”.[164] Era necessário que Cristo fosse divino a fim de apresentar-se como sacrifício perfeito e aplicasse de forma eterna seus méritos ao seu povo redimido e assim vencesse nosso maior inimigo, isto é, satanás.[165] As palavras de Calvino são esclarecedoras: “Cristo sofreu como homem, no entanto, a fim de que sua morte pudesse efetuar nossa salvação, sua eficácia fluiu do poder do Espírito. O sacrifício que produziu a expiação eterna foi muito mais que uma obra meramente humana”.[166]
Já no que se refere a sua plena humanidade o mesmo catecismo afirma:
Era necessário que o Mediador fosse homem para poder levantar a nossa natureza e obedecer à lei, sofrer e interceder por nós em nossa natureza, e simpatizar com as nossas enfermidades; para que recebêssemos a adoção de filhos, e tivéssemos conforto e acesso com confiança ao trono da graça. [167]
Se por um lado Jesus tinha que ser Deus, por outro ele deveria ser plenamente homem. Sua humanidade fora necessário, pois somente como homem ele podia se submeter à Lei de Deus (obediência passiva) e obedecê-la (obediência ativa). Também, para “arcar moral, física e espiritualmente com as consequências do pecado de seu povo”.[168] Como homem sem pecado ele pode apresentar a si mesmo como oferta santa e imaculada (Hb 7:26-27; 9:14) e morrer pelos pecadores eleitos, visto que somente a carne pode morrer (IPe 1:18-20).[169]
Assim, ele tinha que ser homem para pagar a dívida humana e ser Deus para pagá-la perfeitamente e para sempre. Calvino esclarece este ponto ao dizer:
Visto, então, que Deus por Si só não poderia provar a morte, e que o homem por si só não poderia vencê-Ia, Ele tomou sobre Si a natureza humana em união com a natureza divina, para que sujeitasse a fraqueza daquela a uma morte expiatória, e que pudesse, pelo poder da natureza divina, entrar em luta com a morte e ganhar para nós a vitória sobre ela.[170]
John Flavel segue o mesmo caminho ao dizer:
Este é um ato do Deus-homem; nenhum outro foi capaz de satisfazer um erro infinito feito a Deus. Mas pela união das duas naturezas em sua maravilhosa pessoa, ele pôde fazê-lo por nós. A natureza humana fez o que era necessário em seu tipo: deu a matéria a ser sacrificada; a natureza divina estampou a dignidade e o valor sobre a oferta, tornando-a uma compensação necessária.[171]
8.4. ECLESIOLOGIA – PREGAÇÃO
Paulo nos mostra que a mensagem a ser pregada em todas as épocas é a mensagem da cruz, pois essa mensagem, que para os filósofos era loucura, que para os legalista era escândalo, é para os que creem meio de reconciliação e de salvação, pois é por meio do sangue de Cristo que alcançamos paz com Deus. (Cf. Co. 1. 20).
Paulo lembra aos colossenses que o evangelho que tem sido pregado é o único dado pelo próprio Cristo e não há outro. Este, sem dúvida, contrasta com as visões sectárias que eram propagadas entre os colossenses por aqueles que estavam apresentando outro evangelho. O apostolo mostra que o Evangelho de Cristo é o centro das Escrituras. Aos judaizantes que queriam interpretar a Escritura sem considerar a pessoa e obra de Cristo, o apóstolo assevera, nesta carta e em outras, que toda a Escritura fala direta ou indiretamente sobre Cristo. O Antigo Testamento anuncia sua vinda, os Evangelhos o mostram entre nós, e as cartas juntamente com Atos e Apocalipse, apresentam a esperança de seu retorno.
Agostinho, seguindo esta ideia, afirma que o cânon bíblico, inclusive o Velho Testamento (que os judaizantes tanto seguiam), deve ser abordado como uma unidade cristocêntrica.[172] Em outras palavras, um evento na vida dos patriarcas, um episódio da vida de Davi, uma experiência dos profetas não podem ser apresentados como uma cena isolada, mas como uma unidade cristológica.[173] Thomas Adams afirma que Cristo é “a suma de toda Bíblia, profetizando, tipificando, prefigurando, exibido, demonstrado, a ser encontrado em cada folha e em cada linha”.[174]
Os reformadores também afirmavam que as Escrituras deveriam ser interpretadas e pregadas de forma cristocêntrica. O princípio cristológico ou cristocêntrico reformado de interpretação e pregação das Escrituras afirma que Cristo é a chave e o centro tanto em uma como em outra. A Bíblia, do início ao fim, se refere a ele, se concentra nele e dá testemunho dele.[175] Lutero assevera que “se olharmos seu significado interior, toda Escritura é somente sobre Cristo em todo lugar, ainda que superficialmente possa parecer diferente”.[176]
Para Calvino, “Cristo é a substância, escopo e essência da revelação bíblica, e só é possível compreender as Escrituras, se elas forem lidas ‘com o propósito de encontrar Cristo nelas’”.[177] Assim, Cristo é o tema central tanto de Velho como do Novo Testamento. Este ensino bíblico apostólico visto nestes personagens da ortodoxia eclesiástica nos lembra da necessidade do reconhecimento da centralidade de Jesus Cristo (sua pessoa e obra) na interpretação e pregação das Escrituras.
Bryan Chapell em seu livro “Pregação Cristocêntrica”, mostra-nos que, em todas as pregações (seja no AT ou no NT) devemos considerar o que ele mesmo chama de “FCD - Focalização da Condição Decaída”.[178] Citando Thomas F. Jones ele afirma:
A verdadeira pregação cristã precisa centralizar-se na cruz de Jesus Cristo. A cruz é a doutrina central dos santos escritos. Todas as outras verdades reveladas, ou encontram seu cumprimento na cruz, ou são necessariamente fundamentadas sobre ela. Portanto, nenhuma doutrina da Escritura pode fielmente ser apresentada aos homens a menos que se torne manifesto o seu relacionamento com a cruz. Aquele que é vocacionado para pregar, portanto, deve pregar a Cristo, pois nenhuma outra mensagem há que proceda de Deus.[179]
Diante disso, devemos entender que a pregação da Bíblia só será entendida de forma clara e completa se feita numa perspectiva Cristocêntrica. Não devemos pregar outra coisa senão Jesus Cristo Ressurreto. Uma pregação separada do centro, na melhor das hipóteses, trará uma moral edificante, mas jamais será uma pregação bíblica.[180] Como afirma Chapell “uma mensagem que meramente defende a moralidade e a compaixão permanece na condição de mensagem não integralmente cristã, mesmo que o pregador seja capaz de provar que a Bíblia exige tais ensinamentos”.[181]
Hoje em dia, não são poucos os sermões pregados que jamais mencionam a Cristo. Há outros, que Jesus Cristo é mencionado, mas a atenção dos ouvintes é direcionada para aplicações legalistas, “psicologisadas” e acima de tudo antropocêntricas. A fim de agradar o homem a igreja tem pregado um evangelho que deixa de lado o Deus-Homem. C. H. Spurgeon aconselhava os seus alunos que apegassem a verdade e anunciassem todo o conselho de Deus, ao invés de cederem às pressões da época e agradarem aos seus ouvintes. E ensina:
Sinto-me na obrigação de dizer que nosso objetivo não é agradar a clientela, pregar para satisfazer a nossa época, acompanhar o progresso moderno [...] Não procuraremos ajustar a nossa Bíblia a esta época [...] Não vacilaremos; não seremos orientados pela congregação, mas teremos o olhar fixo na Palavra infalível de Deus e pregaremos segundo as suas instruções... [182]
A Igreja precisa voltar a um princípio reformado “Sola Scriptura”, e ao tempo dos apóstolos, quando a pregação não era outra senão a pessoa e obra de Cristo. Diante das evidências bíblicas, históricas e teológicas, parece impossível pregar eficazmente excluindo Cristo. A relevância desta verdade está no simples fato de que toda redenção da alma e plenitude da vida giram em torno de Cristo. Além disso, o homem não pode por si só alcançar absolutamente nada; tudo vem por meio de Cristo. Cristo é superior a tudo! A supremacia de Cristo é o que direciona a mensagem. Não existe um meio de transformar o indivíduo sem apresentar Cristo, pois não há salvação em nenhum outro (At. 4.12). Somente a pregação cristocêntrica é poderosa para transformar o homem de perdido para redimido, de pecador para santo. O conselho de Paulo é válido a nós: “Pois não pregamos a nós mesmos, mas a Jesus Cristo, o Senhor” (2 Co 4.5).
8.5. ECLESIOLOGIA – ACONSELHAMENTO BÍBLICO
Muitos cristãos já perderam de vista a suficiência de Cristo em suas vidas. O exemplo disso, é a crenças que, para abandonar alguns vícios, precisa de Jesus mais medicação, tratamento psicológico, etc. Buscam a autoajuda, mas se esquecem da ajuda do alto. Quanto mais soluções horizontais os homens buscam mais desorientados eles ficam. O grande número de teorias seculares tem tentado explicar a dor da alma humana, mas sempre sem sucesso. Além disso, elas a deixam hoje, pior do que se encontravam ontem. Esse texto nos mostra que Cristo é suficiente para todos os aspectos da nossa vida.
A verdade apresentada por Paulo aos colossenses é útil a nós hoje. Ele diz mais uma vez que Cristo é suficiente para todos os aspectos da nossa vida. Jesus Cristo é a origem e alvo de toda a realidade. O mundo inteiro somente pode ser entendido corretamente quando é visto, a partir de Cristo, e em direção de Cristo. Para o apóstolo, em Cristo nós somos aperfeiçoados. Suas palavras são: “Também, nele, estais aperfeiçoados.” (Cl. 2.10).
Jay Adams estava correto ao afirmar que Jesus Cristo deve estar no centro de todo genuíno aconselhamento cristão.[183] Ele assevera ainda que “qualquer forma aconselhamento que remova Cristo dessa posição de centralidade deixa de ser cristã na proporção em que o faça”.[184] Por isso, nada pode desviar nossa fé do supremo e Senhor Jesus Cristo. Ele é suficiente para vivermos uma vida que agrada a Deus. Nele achamos tudo que precisamos para vencer as adversidades da vida.
Em Cristo Jesus o ser humano se reencontra (não teoricamente, mas de modo real) como pessoa criada segundo a imagem de Deus, destruída na queda do pecado e agora salva e renovada. Em Jesus são respondidas todas as indagações do ser humano si mesmo (“de onde eu vim” e “para quê estou aqui”).[185] John MacArthur retoricamente perguntou: “Onde podemos obter respostas confiáveis para as mais difíceis perguntas da vida?”[186] Ele mesmo respondeu: “Nosso todo-suficiente salvador não nos deixou sem amplos recursos espirituais. Sua perfeita sabedoria está disponível em sua Palavra”.[187]
Talvez a pergunta a ser levantada, a qual trará luz à nossa discussão é: “Por que somente Cristo tem a solução de fato para os nossos problemas?” A resposta desta pergunta deve considerar um aspecto importante que nos leva a outra pergunta, a saber: “Qual é a causa dos problemas dos seres humanos?” Resposta bíblica é: “A pecaminosidade do seu coração”. O pecado original e atual são os grandes responsáveis dos nossos problemas.
A história bíblica confirma esta verdade. Quando Deus criou o ser humano ele o fez perfeito e com plena felicidade. Entretanto, a queda alterou este quadro. A perfeição deu lugar ao pecado, o qual conduziu o homem à rebeldia e a insensatez, consequentemente, ao afastamento do ideal da vida. Para resolver este problema, Deus prometeu enviar um salvador (Jesus Cristo todo-suficiente) que mudaria a situação.
Segundo Paul David Tripp, a boa notícia é que este salvador veio para trazer mudanças profundas e permanentes. Ele veio para redimir a humanidade e resolver o problema central do ser humano, isto é, o pecado: que levou todos nós há uma condição e comportamento infeliz. A implicação dessa notícia é que somente Cristo pode resolver esse problema humano.[188] Qualquer outro antídoto é apenas paliativo.
Este é, talvez, o grande diferencial do aconselhamento bíblico para uma consulta psicológica. A psicologia secular humanista parte do pressuposto de que o homem deve ser entendido como um ser contido em si mesmo, isto é, autônomo. Todas as demais conclusões sobre ele seguem à risca esta ideia. A visão reformada, entretanto, enxerga o homem dentro de sua real história de vida, por meio dos conceitos da criação, queda e redenção. Somente Cristo pode tratar do mal na raiz.[189]
Sendo assim, a o aconselhamento cristocêntrico parte do princípio de que o homem sem Deus está totalmente perdido e sem esperança. A única solução para os problemas de sua alma está na cruz. Só em Jesus o homem pode ter a paz verdadeira, só nele encontramos respostas para os anseios e temores. O maior problema da alma é o pecado e só Jesus tem a cura!
Concluo esta parte citando mais uma vez John MacArthur:
A igreja está afundando num atoleiro de mundanismo e de auto-indulgência (sic). Mas do que nunca, precisamos de uma geração de líderes dispostos a confrontar essa tendência. Precisamos de homens e mulheres piedosos, mais do que nunca, precisamos de uma geração de líderes dispostos a confrontar com a verdade de que em Cristo nós herdamos recursos espirituais suficientes para cada necessidade, para cada problema – tudo que conduz a vida e a piedade.[190]
Conclusão:
Nunca se tentou criar tantos atalhos para céu como nos últimos dias. Tomar a cruz e seguir a Jesus tem sido literalmente caminhar com um madeiro. O cristianismo virou sinônimo de legalismo para vários grupos religiosos. Por outro lado, há os que querem tornar este caminho mais suave e tranquilo. O antropocentrismo e suas técnicas humanas têm tomado o lugar de Cristo na igreja. A verdade de Deus tem sido esquecida e muitas vezes abandonada. O gnosticismo tem sido avivado e a luz de Cristo apagada. Neste mudo precisamos lembrar que O Cristo encarnado é supremo sobre todas as coisas, pois Ele é o Criador do universo, o sutentator do cosmo que reina sobre a igreja e o agente de Deus na reconciliação de toda criação.
Aplicação:
Cristo é o único suficiente para vida cristã. O legado deixado por ele nos aponta o verdadeiro caminho para o céu, o qual todo eleito tem uma herança guardada e preservada pelo próprio Deus. E, a única coisa a fazer para desfrutar desta gloriosa herança, é andar em Cristo, o único e suficiente caminho.
CONCLUSÃO
Agora que chegamos juntos ao fim deste trabalho, esperamos ter lançado luz sobre a passagem bíblica aqui analisada. Gostaria de concluir com três aspectos apenas. O primeiro está relacionado com a mensagem principal do texto. Como foi observado, com este texto Paulo pretendia combater os falsos mestres de Colossos, os quais não negavam a Cristo, mas não lhe davam lugar supremo. A fim de cumprir este propósito ele usa um provável hino onde o Cristo encarnado é apresentado como supremo sobre todas as coisas, por ser Ele somente o criador universo, a esfera na qual tudo subsite e o agente de Deus para trazer o cosmo em harmonia através da reconciliação.
O segundo, esta ligado às perguntas iniciais apresentadas na introdução deste trabalho. Como vimos o pano de fundo desta carta estava marcado por aquilo que no meio acadêmico é chamado de a “heresia de Colossos”. O que era e o que ensinava tal heresia é ainda fruto de grande debate na academia. Mas pode-se asseverar que ela era uma eclética mistura de legalismo judaico, especulação filosófica grega e misticismo oriental combinados com um sabor cristão.[193] Esta heresia usava a máscara do cristianismo, mas não tinha nada de Cristo. Tinha o rótulo do cristianismo, mas nenhum conteúdo de Cristo.
Vimos também, que termo πρωτότοκος (primogênito) não pode ser entendido como se Cristo fosse o primeiro ser criado. O contexto deixa claro que ele é o único por quem a criação toda veio a existir.[194] É digno de nota, também, que tanto Lightfoot, como F. F. Bruce, citam dois textos rabínicos, cujo termo “primogênito” é usado para Deus, o Pai. Nestes textos, não há certamente como concluir que Deus seja parte da criação.[195] Assim, como corretamente observa Keathley, “primogênito”, neste texto, significa duas coisas: Ele precedeu toda a Criação, e Ele é soberano sobre toda a criação.[196] Ainda sobre isso, vimos que, o erro de muitos estudiosos ao longo da história (entre eles Ário) foi o de não entender a luz do contexto, o genitivo κτίσεως (substantivo genitivo feminino singular – “criação”). Este não pode ser entendido como “partitivo” (Cristo como parte da criação), mas sim como genitivo de “subordinação”.[197]
Terceiro e último, gostaria de destacar, os aspectos teológicos e práticos dessa perícope e sua aplicação à igreja contemporânea. Em um mundo de vazio teológico precisamos resgatar uma das doutrinas mais desprezadas nos últimos anos, isto é, a Cristologia. Precisamos mostrar a centralidade de Cristo no Evangelho da salvação. Além disso, precisamos mostrar a suficiência de Cristo para a salvação e plenitude da vida. Muitas pessoas estão buscando algo que substitua a fé por alguma moda que tenha um colorido cristão. Todavia, Cristo é o único suficiente para vida cristã. O legado deixado por ele nos aponta o verdadeiro caminho para o céu, onde todo eleito tem uma herança guardada e preservada pelo próprio Deus. E, a única coisa a fazer para desfrutar desta gloriosa herança, é andar em Cristo, o único e suficiente caminho.
Finalmente, precisamos resgatar a pregação da Cruz. Paulo nos mostra que a mensagem a ser pregada em todas as épocas é a mensagem da cruz, pois essa mensagem, que para os filósofos era loucura, que para os legalista era escândalo, é para os que creem meio de reconciliação e de salvação, pois a cruz é o único método de Deus para a salvação do homem (Cf, Co. 1. 20). A minha mais sincera oração, é que Deus dê graça a sua igreja para que ela não mais tente adicionar adornos ao evangelho de Cristo. Ele é tudo que precisamos! Voltemos a esta verdade.
Rev. Jailson Santos
[1] WALLACE, Daniel. Colossians: Introduction, Argument, Outlin. Disponível na Bíblia Eletrônica The Word
[2] CARSON D. A.; MOO, Douglas J.; MORRIS, Leon. Introdução ao Novo Testamento. 6. reimpressão São Paulo: Vida Nova, 2004. p. 373.
[3] WALLACE, Daniel. Colossians: Introduction, Argument, Outlin. Disponível na Bíblia Eletrônica The Word
[4] KEATHLEY, J. Hampton, III. Background on Colossians. Artigo disponível em: <http://bible.org/seriespage/background-colossians> Acessado em: 18/04/2011
[5] VAUGHAN, Colossenses (EBC), 164 apud WALLACE, Daniel. Colossians: Introduction, Argument, Outlin. Disponível na Bíblia Eletrônica The Word
[6] CARSON D. A.; MOO, Douglas J.; MORRIS, Leon. Introdução ao Novo Testamento. 6. reimpressão São Paulo: Vida Nova, 2004. p. 365.
[7] HARRISON, P. H. The Problem of the pastoral espistles p. 20 – 22 Apud CARSON D. A.; MOO, Douglas J.; MORRIS, Leon. Introdução ao Novo Testamento. 6. reimpressão São Paulo: Vida Nova, 2004. p. 365.
[8] BARCLAY'S, William. Daily Study Bible Commentary New Testament. Disponível na Bíblia eletrônica e-sword
[9] THOMPSON, Colossians, 105 apud WALLACE, Daniel. Colossians: Introduction, Argument, Outlin. Disponível na Bíblia Eletrônica The Word
[10] WALLACE, Daniel. Colossians: Introduction, Argument, Outlin. Disponível na Bíblia Eletrônica The Word
[11] BARCLAY'S, William. Daily Study Bible Commentary New Testament. Disponível na Bíblia eletrônica e-sword
[12] BARCLAY, William. Colossenses. São Paulo: Vida Nova, 2000.
[13] CARSON D. A.; MOO, Douglas J.; MORRIS, Leon. Introdução ao Novo Testamento. 6. reimpressão São Paulo: Vida Nova, 2004. p. 366.
[14] CARSON D. A.; MOO, Douglas J.; MORRIS, Leon. Introdução ao Novo Testamento. 6. reimpressão São Paulo: Vida Nova, 2004. p. 366.
[15] HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento – Colossenses e Filemon. Tradução de Ézia Cunha de Mullins. 1. ed. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1993. p. 95.
[16] Ibid
[17] LOPES, Hernandes Dias. Comentários expositivos: Colossenses. Ed. Hagnos, 2008. p. 18.
[18] ENCICLOPÉDIA DA BÍBLIA. São Paulo: Cultura Cristã, 2008. 1 v. p. 1094
[19] Ibid
[20] LOPES, Hernandes Dias. Comentários expositivos: Colossenses. Ed. Hagnos, 2008. p. 18.
[21] Apud ibid
[22] KEATHLEY, J. Hampton, III. Background on Colossians. Artigo disponível em: <http://bible.org/seriespage/background-colossians> Acessado em: 18/04/2011
[23] MACARTHUR, John. Nossa suficiência em Cristo. 2. ed. São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2007. p. 165
[24] BRUCE B., Comentarios de la Biblia del Diario Vivir (Nashville, TN: Editorial Caribe) 1997. Disponível na Bíblia eletrônica e-sword.
[25] WALLACE, Daniel. Colossians: Introduction, Argument, Outlin. Disponível na Bíblia Eletrônica The Word
[26] Ver os comentaristas usados para fazer este trabalho na bibliografia.
[27] Gnosticismo vem do grego “γνώσεως” (“conhecimento”, “saber”) e segundo R.N. Champlin, refere-se a um movimento dedicado à obtenção de um conhecimento “genuíno” maior, por meio do qual, se cria, que poderia ser obtida a salvação e plenitude da vida. O termo “gnósticos” foi originalmente usado pelos próprios grupos que buscavam o γνώσεως” (“conhecimento”, “saber”). Para eles, a questão fundamental buscar a “πλήρωμα” (plenitude), obtida pela “γνώσεως”. Cf. Gnosticismo in: CHAMPLIN, Russell Norman; BENTES, João Marques. Enciclopédia de bíblia teologia e filosofia. 3rd ed. São Paulo: Candeia, 1995. V. 3.; VIEIRA, Samuel. O império gnóstico contra-ataca: a emergência do neognosticismo no protestantismo brasileiro. São Paulo: Cultura Cristã, c1999. P. 18.
[28] BRUCE B., Comentarios de la Biblia del Diario Vivir (Nashville, TN: Editorial Caribe) 1997. Disponível na Bíblia eletrônica e-sword.
[29] CHAMPLIN, Russell Norman; BENTES, João Marques. Enciclopédia de bíblia teologia e filosofia. 3rd ed. São Paulo: Candeia, 1995. V. 3. p. 118
[30] Isso será visto mais a frente no tópico, “delimitação da pericope”
[31] Entre as quais estão aquelas que veem na passagem uma fórmula que emana da sinagoga judaica helenística, a qual louva a Palavra divina ou Sabedoria. Há também, aqueles que afirmam que foi um hino gnóstico celebrando a autoridade do governante do mundo mais os poderes do cosmos.
[32] CARSON D. A.; MOO, Douglas J.; MORRIS, Leon. Introdução ao Novo Testamento. 6. reimpressão São Paulo: Vida Nova, 2004. p. 373.
[33] Cf. MOO, Douglas J.: The Letters to the Colossians and to Philemon. Grand Rapids, MI : William B. Eerdmans Pub. Co., 2008 (The Pillar New Testament Commentary), Disponível na Bíblia eletrônica Logos
[34] O'BRIEN, Peter T.: Word Biblical Commentary: Colossians-Philemon. Dallas : Word, Incorporated, 2002 (Word Biblical Commentary 44), Disponível na Bíblia eletrônica Logos
[35] BRUCE, F. F. Colossian Problems, Pt 4 : Christ as Conqueror and Reconciler, Bibliotheca sacra 141, no. 564 (1984). 291–302.
[36] KEATHLEY , J. Hampton, III. The Supremacy of the Person of Christ (Col. 1:15-18). Artigo disponível em: <http://bible.org/seriespage/supremacy-person-christ-col-115-18> Acessado em: 07/03/2011
[37] MOO, Douglas J.: The Letters to the Colossians and to Philemon. Grand Rapids, MI : William B. Eerdmans Pub. Co., 2008 (The Pillar New Testament Commentary), S. 102 Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[38] CARSON D. A.; MOO, Douglas J.; MORRIS, Leon. Introdução ao Novo Testamento. 6. reimpressão São Paulo: Vida Nova, 2004. p. 373.
[39] Ibid
[40] FRANCE, R.T. “The Worship of Jesus - A Neglected Factor In Christological Debate?” Vox Evangelical 12 (1981): 19-33.
[41] A divisão que segue é uma adaptação de varias outras tendo como base a de Wallace. Cf. WALLACE, Daniel. Colossians: Introduction, Argument, and Outline. Disponível na Bíblia eletrônica The Word.
[42] Daniel Wallace obseva que é possível iniciar o corpo desta epístola em 1:15, uma vez que envolvem 1:3-14 agradecimento habitual de Paulo e de oração. No entanto, uma vez que esta seção é tão essencial para o tema da carta, ele considera o início do corpo em 1:3. Todavia, creio que começar o corpo em 1: 3 muda uma estrutura usada por Paulo em suas cartas, isto é, Saudações, Ações de graças, Corpo e Conclusão. Ver estrutura em: WALLACE, Daniel Colossians: Introduction, Argument, and Outline. Disponível na Bíblia eletrônica The Word.
[43] CARSON D. A.; MOO, Douglas J.; MORRIS, Leon. Introdução ao novo testamento. 6. reimpressão São Paulo: Vida Nova, 2004. p. 363
[44] WALLACE, Daniel. Colossians: Introduction, Argument, and Outline. Disponível na Bíblia eletrônica The Word
[45] HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento – Colossenses e Filemon. Tradução de Ézia Cunha de Mullins. 1. ed. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1993. p.72, 73.
[46] WALLACE, Daniel. Colossians: Introduction, Argument, and Outline. Disponível na Bíblia eletrônica The Word
[47] Ibid.
[48] Ibid.
[49] O'BRIEN, Peter T.: Word Biblical Commentary: Colossians-Philemon. Dallas : Word, Incorporated, 2002 (Word Biblical Commentary 44), Disponível na Bíblia eletrônica Logos
[50] Cf. Net notas in: <http://net.bible.org/#!bible/Colossians+1:20> Acessado em 22 de maio de 2011
[51] O artigo dá um sentido coletivo, ou seja, “a todos”, “todo o universo das coisas”. Sem o artigo, seria “todas as coisas individualmente”. Cf. VINCENT, M.R. Word Studies in the New Testament. Wilmington: Associated Publishers and Authors, 1972. Disponível na Bíblia eletrônica E-sword
[52] ἀρχή esta palavra, como πρῶτος, sendo absoluto em si não exige o artigo definido. LIGHTFOOT apud BRIEN, Peter T.: Word Biblical Commentary : Colossians-Philemon. Dallas : Word, Incorporated, 2002 (Word Biblical Commentary 44), Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[53] A presença ou ausência da segunda ocorrência dos termos δι αὐτοῦ (“através dele”) é um problema de variante textual difícil de resolver. Todavia, preferiu-se, aqui, manter tais termos e coloca-los em colchetes. Cf. Net notas in: <http://net.bible.org/#!bible/Colossians+1:20> Acessado em 22 de maio de 2011
[54] Cf. MONTGOMERY, Eric R. The Image of God as the Resurrected State in Pauline Thought. Disponível em: <http://bible.org/article/image-god-resurrected-state-pauline-thought> Acessado em 27/02/2011
[55] Cf. ROBERTSON, A. T. Word Pictures In The New Testament. B&H Publishing Group, Concise edition, August 2000. Disponível na Bíblia eletrônica e-sword . WALLACE, Daniel B. Gramática grega: uma sintaxe exegética do novo testamento. São Paulo: Batista Regular, 2009. P. 128. KEATHLEY, J. Hampton, III. The Supremacy of the Person of Christ (Col. 1:15-18). Artigo disponível em: <http://bible.org/seriespage/supremacy-person-christ-col-115-18> Acessado em: 07/03/2011; GOMES, Paulo Sérgio; OLIVETTI, Odayr. Novo Testamento interlinear analítico grego-português: texto majoritário com aparato crítico. São Paulo: Cultura Cristã, 2008. xl, p 753.
[56] Cf. ASH, Anthony Lee: Philippians, Colossians & Philemon. Joplin, Mo. : College Press, 1994 (The College Press NIV Commentary), Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[57] Cf. MOO, Douglas J.: The Letters to the Colossians and to Philemon. Grand Rapids, MI : William B. Eerdmans Pub. Co., 2008 (The Pillar New Testament Commentary), S. 102 Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[58] Ver: BÍBLIA. Novo Testamento. Grego. 2003. Novo Testamento interlinear. São Paulo: Cultura Cristã, c2003. p. 704
[59] Cf. <http://net.bible.org> Acessado em 17 de maio de 2011
[60] Cf. MELICK, Richard R.: Philippians, Colissians, Philemon. electronic ed. Nashville : Broadman & Holman Publishers, 2001, c1991 (Logos Library System; The New American Commentary 32).
[61] O’BRIEN, Peter T.: Word Biblical Commentary : Colossians-Philemon. Dallas : Word, Incorporated, 2002 (Word Biblical Commentary 44), Disponível na Bíblia eletrônica Logos
[62] MELICK, Richard R.: Philippians, Colissians, Philemon. electronic ed. Nashville : Broadman & Holman Publishers, 2001, c1991 (Logos Library System; The New American Commentary 32), Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[63] MOO, Douglas J.: The Letters to the Colossians and to Philemon. Grand Rapids, MI : William B. Eerdmans Pub. Co., 2008 (The Pillar New Testament Commentary), Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[64] Ibid
[65] Apud SMITH, Dan “The Colossian Hymn Col. 1:15-20”: An Exegetical Study. Disponível em: Acessado em 02 de maio 2011
[66]O'BRIEN, Peter T.: Word Biblical Commentary : Colossians-Philemon. Dallas : Word, Incorporated, 2002 (Word Biblical Commentary 44), S. 18
[67] BRUCE, F. F. The ‘Christ Hymn’ of Colossians 1. 15-20. Bibliotheca sacra 141, no. 564 (1984). p. 104 – 106.
[68] CARSON D. A.; MOO, Douglas J.; MORRIS, Leon. “Introdução ao novo testamento”. 6. Reimpressão São Paulo: Vida Nova, 2004. p. 363.
[69] CONSTABLE, Thomas L. Notes on Colossians. Comentário Bíblico Disponível em: Bíblia eletrônica The Word.
[70] KEATHLEY, J. Hampton, III. “The Supremacy of the Person of Christ (Col. 1:15-18)”. Disponível em: <http://bible.org/seriespage/supremacy-person-christ-col-115-18> Acessado em: 07/03/2011
[71] Apud ROBINSON, Haddon W. “Pregação bíblica: o desenvolvimento e a entrega de sermões expositivos”. Atual. e ampl. São Paulo: Shedd Publicações, 2005. p. 127, 128.
[72] JAMIESON, Robert; FAUSSET, A. R.; BROW, David. Commentary practical and explanatory on the whole Bible. Rev. ed. Grand Rapids: Zondervan, 1973. Disponível na Bíblia eletrônica E-sword
[73] Apud MARTIN, Ralph P. Colossenses e Filemom. Edições vida nova. São Paulo. 1984. p. 65
[74] Moo, Douglas J.: The Letters to the Colossians and to Philemon. Grand Rapids, MI : William B. Eerdmans Pub. Co., 2008 (The Pillar New Testament Commentary), S. 102 Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[75] Apud SMITH, Dan “The Colossian Hymn Col. 1:15-20”: An Exegetical Study. Disponível em: Acessado em 02 de maio 2011
[76] Cf. MOO, Douglas J.: The Letters to the Colossians and to Philemon. Grand Rapids, MI : William B. Eerdmans Pub. Co., 2008 (The Pillar New Testament Commentary), S. 102
[77] VINCENT, M.R. Word Studies in the New Testament. Wilmington: Associated Publishers and Authors, 1972. Disponível na Bíblia eletrônica e-sword
[78] MARTIN, Ralph P. Colossenses e Filemom. Edições vida nova. São Paulo. 1984. p. 67
[79] SANTOS, Daniel, O Interesse de Calvino pela Literatura Sapiencial. FIDES REFORMATA XIV, Nº 2 (2009): pp. 39, 40.
[80] O'BRIEN, Peter T.: Word Biblical Commentary: Colossians-Philemon. Dallas : Word, Incorporated, 2002 (Word Biblical Commentary 44), Disponível na Bíblia eletrônica Logos
[81] MOO, Douglas J.: The Letters to the Colossians and to Philemon. Grand Rapids, MI : William B. Eerdmans Pub. Co., 2008 (The Pillar New Testament Commentary), Disponível na Bíblia eletrônica Logos
[82] BRUCE, F. F. Colossian Problems, Pt 4 : Christ as Conqueror and Reconciler, Bibliotheca sacra 141, no. 564 (1984). 291–302, deals with the cosmic reconciliation of Christ.
[83] KEATHLEY, J. Hampton, III. The Supremacy of the Person of Christ (Col. 1:15-18). Artigo disponível em: <http://bible.org/seriespage/supremacy-person-christ-col-115-18> Acessado em: 07/03/2011
[84] O'BRIEN, Peter T.: Word Biblical Commentary : Colossians-Philemon. Dallas : Word, Incorporated, 2002 (Word Biblical Commentary 44), S. 18
[85] Cf. Ibid
[86] WALLACE, Daniel B. Gramática grega: uma sintaxe exegética do novo testamento. São Paulo: Batista Regular, 2009. P. 128
[87] Cf. MACLEOD, Donald. A Pessoa de Cristo. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2007. p. 60
[88] KEATHLEY, J. Hampton, III. The Supremacy of the Person of Christ (Col. 1:15-18). Artigo disponível em: <http://bible.org/seriespage/supremacy-person-christ-col-115-18> Acessado em: 07/03/2011
[89] MOO, Douglas J.: The Letters to the Colossians and to Philemon. Grand Rapids, MI : William B. Eerdmans Pub. Co., 2008 (The Pillar New Testament Commentary), Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[90] ASH, Anthony Lee: Philippians, Colossians & Philemon. Joplin, Mo. : College Press, 1994 (The College Press NIV Commentary), Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[91] Apud LANGE, John Peter ; Schaff, Philip ; Braune, Karl ; Riddle, M. B.: A Commentary on the Holy Scriptures : Colossians. Bellingham, WA : Logos Research Systems, Inc., 2008, Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[92] VAUGHAN, Curtis: Colossians. In: Gaebelein, Frank E. (Hrsg.): The Expositor's Bible Commentary, Volume 11: Ephesians Through Philemon. Grand Rapids, MI : Zondervan Publishing House, 1981, Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[93]MELICK, Richard R.: Philippians, Colissians, Philemon. electronic ed. Nashville : Broadman & Holman Publishers, 2001, c1991 (Logos Library System; The New American Commentary 32), Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[94] HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento – Colossenses e Filemon. Tradução de Ézia Cunha de Mullins. 1. ed. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1993. p.95.
[95] LANGE, John Peter ; Schaff, Philip; Braune, Karl ; Riddle, M. B.: A Commentary on the Holy Scriptures: Colossians. Bellingham, WA : Logos Research Systems, Inc., 2008, Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[96] Que eram ocasionalmente mencionados no Judaísmo entre hostes celestiais dos
[97] Muitas vezes chamado como seres de outro mundo.
[98] CONSTABLE, Thomas L. Notes on Colossians. Comentário Bíblico Disponível em: Bíblia eletrônica The Word.
[99] MOO, Douglas J.: The Letters to the Colossians and to Philemon. Grand Rapids, MI : William B. Eerdmans Pub. Co., 2008 (The Pillar New Testament Commentary), Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[100] MELICK, Richard R.: Philippians, Colissians, Philemon. electronic ed. Nashville : Broadman & Holman Publishers, 2001, c1991 (Logos Library System; The New American Commentary 32), Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[101] BRUCE, F. F. The ‘Christ Hymn’ of Colossians 1. 15-20. Bibliotheca sacra 141, no. 564 (1984). p. 104.
[102] WALLACE, Daniel B. Gramática grega: uma sintaxe exegética do novo testamento. São Paulo: Batista Regular, 2009. p. 379.
[103] A única ocorrência NT outras com um significado semelhante é 2 Pet. 3:5.
[104] CALVINO, João. Calvin's New Testament Commentaries Series, Wm. B. Eerdmans Publishing Company, 1994. Disponível na Bíblia eletrônica E-sword.
[105] VAUGHAN, Curtis: Colossians. In: Gaebelein, Frank E. (Hrsg.): The Expositor's Bible Commentary, Volume 11: Ephesians Through Philemon. Grand Rapids, MI : Zondervan Publishing House, 1981, Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[106] Apud O’BRIEN, Peter T.: Word Biblical Commentary: Colossians-Philemon. Dallas: Word, Incorporated, 2002 (Word Biblical Commentary 44), Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[107] Cf. RIDDERBOS, Herman N. A teologia do apóstolo Paulo: a obra definitiva sobre o pensamento do apóstolo aos gentios. São Paulo: Cultura Cristã, 2004. p. 428.
[108] O’BRIEN, Peter T.: Word Biblical Commentary: Colossians-Philemon. Dallas: Word, Incorporated, 2002 (Word Biblical Commentary 44), Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[109] RIDDERBOS, Herman N. A teologia do apóstolo Paulo: a obra definitiva sobre o pensamento do apóstolo aos gentios. São Paulo: Cultura Cristã, 2004. p. 424.
[110] CALVINO, João. Calvin's New Testament Commentaries Series, Wm. B. Eerdmans Publishing Company, 1994. Disponível na Bíblia eletrônica E-sword.
[111] Na filosofia grega Zeus é chamado a “cabeça” (κεφαλή) e é descrito como aquele em cujo corpo todas as coisas existem.
[112] O’Brien, Peter T.: Word Biblical Commentary: Colossians-Philemon. Dallas: Word, Incorporated, 2002 (Word Biblical Commentary 44), Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[113] RIDDERBOS, Herman N. A teologia do apóstolo Paulo: a obra definitiva sobre o pensamento do apóstolo aos gentios. São Paulo: Cultura Cristã, 2004. p. 58
[114] Ibid
[115]Apud VAUGHAN, Curtis: Colossians. In: Gaebelein, Frank E. (Hrsg.): The Expositor's Bible Commentary, Volume 11: Ephesians Through Philemon. Grand Rapids, MI : Zondervan Publishing House, 1981, S. 172
[116] Ibid
[117] O verbo aoristo κατοικῆσαι (habitar) poderia ser tomado como um ingressivo, caso em que se refere à encarnação e pode ser traduzido como “começar a viver, para ter a sua residência”. Talvez seja melhor, embora, entendê-lo como um aoristo constativo e simplesmente uma referência ao fato de que a plenitude de Deus habita em Jesus Cristo. Esta é uma casa de habitação permanente, e não temporária, como o tempo presente em 2.9 deixa claro.
[118] A tautologia (do grego ταὐτολογία “dizer o mesmo”) é, na retórica, um termo ou texto que expressa a mesma idéia de formas diferentes. Como um vício de linguagem pode ser considerada um sinônimo de pleonasmo ou redundância. A origem do termo vem de do grego tautó, que significa “o mesmo”, mais logos, que significa “assunto”. Portanto, tautologia é dizer sempre a mesma coisa em termos diferentes. Cf. http://pt.wikipedia.org/wiki/Tautologia
[119] MOO, Douglas J.: The Letters to the Colossians and to Philemon. Grand Rapids, MI : William B. Eerdmans Pub. Co., 2008 (The Pillar New Testament Commentary), Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[120] VAUGHAN, Curtis: Colossians. In: Gaebelein, Frank E. (Hrsg.): The Expositor's Bible Commentary, Volume 11: Ephesians Through Philemon. Grand Rapids, MI : Zondervan Publishing House, 1981, S. 172
[121] WIERSBE, Warren W. Be Complete (Victor Books, Wheaton, Ill., 1986), 56. Apud Keathley , J. Hampton, III. The Supremacy of the Work of Christ Part 1, The Plenitude and Description of His Work (Col. 1:19-20). Artigo disponível em: Acessado em: 07/03/2011
[122] MOO, Douglas J.: The Letters to the Colossians and to Philemon. Grand Rapids, MI : William B. Eerdmans Pub. Co., 2008 (The Pillar New Testament Commentary), Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[123] LADD, Presence, 59 – 60 apud HOEKEMA, Anthony A. A Bíblia e o futuro. 2. ed. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 2001. p. 20.
[124] Ibid
[125] Apud KEATHLEY, J. Hampton, III. The Supremacy of the Work of Christ Part 1, The Plenitude and Description of His Work (Col. 1:19-20). Artigo disponível em: Acessado em: 07/03/2011
[126] HOEKEMA, Anthony A. A Bíblia e o futuro. 2. ed. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 2001. p. 43, 44.
[127] RIDDERBOS, Paul and Jesus, p. 77 apud HOEKEMA, Anthony A. A Bíblia e o futuro. 2. ed. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 2001. p. 43, 44.
[128] MOO, Douglas J.: The Letters to the Colossians and to Philemon. Grand Rapids, MI : William B. Eerdmans Pub. Co., 2008 (The Pillar New Testament Commentary), Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[129] Ibid
[130] Ver os comentaristas usados para fazer este trabalho na bibliografia.
[131] THIELMAN, Frank. Teologia do Novo Testamento: uma abordagem canônica e sintética. São Paulo: Shedd Publicações, 2007. p. 453
[132] Ibid
[133] RIDDERBOS, Herman N. A teologia do apóstolo Paulo: a obra definitiva sobre o pensamento do apóstolo aos gentios. São Paulo: Cultura Cristã, 2004. p. 84.
[134] THIELMAN, Frank. Teologia do Novo Testamento: uma abordagem canônica e sintética. São Paulo: Shedd Publicações, 2007. p. 447
[135] MACARTHUR, John. Nossa suficiência em Cristo. 2. ed. São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2007. p. 165
[136] GRONINGEN, Gerard Van. Criação e consumação. São Paulo: Cultura Cristã, 2008.
[137] O'BRIEN, Peter T.: Word Biblical Commentary : Colossians-Philemon. Dallas : Word, Incorporated, 2002 (Word Biblical Commentary 44), S. 18
[138] HODGE, Archibald Alexander. A confissão de fé. p. 117
[139] Ibid
[140] FIGUEIREDO, Onézio. CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER: Texto e comentário. Disponível: <http://www.ebenezer.org.br/Download/Onezio/ConfissaoFeWestminster.pdf> Acessado em 16 Jun. 2011
[141] Ibid
[142] GRUDEM, Wayne. Teologia sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999. p. 451
[143] Apud COELHO, Ricardo Moura Lopes; CAMPOS, Heber Carlos de. UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE (Orient.). A superioridade de Cristo no exercício de seu tríplice ofício em relação ao realizado pelos oficiais do Antigo Testamento. 2007. 158 f. Dissertação (Mestrado) - Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper - Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2007
[144] CAMPOS, Heber Carlos de. As duas naturezas do redentor: a pessoa de Cristo. São Paulo: Cultura Cristã, 2004. p. 182
[145] BERKHOF, Louis. Teologia sistemática. 4. ed. Campinas: Luz para o caminho, 1990. p. 282
[146] BETTENSON, H. Documentos da igreja cristã. 3. ed. São Paulo: Aste Simpósio, 1998. p. 62.
[147] CALVINO, João. As institutas. IV, VIII, §16
[148] Cf. HODGE, Archibald Alexander. A confissão de fé. São Paulo: Os Puritanos, 1999. p. 191
[149] BETTENSON, H. Documentos da igreja cristã. 3. ed. São Paulo: Aste Simpósio, 1998. p. 101.
[150] CAMPOS, Heber Carlos de. As duas naturezas do redentor: a pessoa de Cristo. São Paulo: Cultura Cristã, 2004. p. 164
[151] Ibid
[152] HODGE, Archibald Alexander. A confissão de fé. p. 191.
[153] CAMPOS, Heber Carlos de. As duas naturezas do redentor: a pessoa de Cristo. São Paulo: Cultura Cristã, 2004. p. 183.
[154] WESTMINSTER ASSEMBLY. O catecismo maior de Westminster. 12. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2002. (pergunta 38).
[155] COSTA, Hermisten Maia Pereira da. Eu creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo. São Paulo: Parakletos, 2002. p. 224
[156] Ibid
[157] CALVINO, João. Exposição de Hebreus. São Paulo: Paracletos, 1997. (Hb 9.14), pp. 231-232
[158] WESTMINSTER ASSEMBLY. O catecismo maior de Westminster. (pergunta 39).
[159] COSTA, Hermisten Maia Pereira da. Eu creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo. São Paulo: Parakletos, 2002. p. 225
[160] Ibid
[161] WILES, Joseph Pitts. Ensino sobre o Cristianismo: uma edição abreviada de as institutas da religião cristã. São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1984. p. 182
[162] FLAVEL, John Apud COELHO, Ricardo Moura Lopes; CAMPOS, Heber Carlos de. UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE (Orient.). A superioridade de Cristo no exercício de seu tríplice ofício em relação ao realizado pelos oficiais do Antigo Testamento. 2007. 158 f. Dissertação (Mestrado) - Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper - Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2007
[163] WESTMINSTER ASSEMBLY. O catecismo maior de Westminster. 12. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2002. (pergunta 38).
[164] COSTA, Hermisten Maia Pereira da. Eu creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo. São Paulo: Parakletos, 2002. p. 224
[165] Ibid
[166] CALVINO, João. Exposição de Hebreus. São Paulo: Paracletos, 1997. (Hb 9.14), pp. 231-232
[167] WESTMINSTER ASSEMBLY. O catecismo maior de Westminster. (pergunta 39).
[168] COSTA, Hermisten Maia Pereira da. Eu creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo. São Paulo: Parakletos, 2002. p. 225.
[169] Ibid
[170] WILES, Joseph Pitts. Ensino sobre o Cristianismo: uma edição abreviada de as institutas da religião cristã. São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1984. p. 182
[171] FLAVEL, John Apud COELHO, Ricardo Moura Lopes; CAMPOS, Heber Carlos de. UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE (Orient.). A superioridade de Cristo no exercício de seu tríplice ofício em relação ao realizado pelos oficiais do Antigo Testamento. 2007. 158 f. Dissertação (Mestrado) - Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper - Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2007
[172] Ver ANGLADA, Paulo R. B. Introdução à hermenêutica reformada – correntes históricas, pressuposições, princípios e métodos linguísticos. Ananindeua, Pará: Knox Publicações, 2006, p. 125.
[173] Ibid p. 125
[174] Ibid p. 100
[175] Cf. ANGLADA, Introdução à hermenêutica reformada – correntes históricas, pressuposições, princípios e métodos linguísticos. pp. 179-180.
[176] Apud CARDOSO, Dario Araújo. Uma Abordagem Cristocêntrica para os Sermões Biográficos. FIDES REFORMATA XV, Nº 1 (2010): 57-79
[177] KUYPER apud ANGLADA, Introdução à Hermenêutica Reformada. p. 125.
[178] “É a condição humana recíproca que os crentes contemporâneos partilham com aqueles ou aquele a quem o texto foi escrito que requer a graça da passagem.” (CHAPELL, Pregação cristocêntrica: restaurando o sermão expositivo. São Paulo, p. 44,).
[179]JONES apud CHAPELL, Bryan. Pregação cristocêntrica: restaurando o sermão expositivo. São Paulo: Cultura Cristã, 2002.p. 294.
[180] VEER, M. B. van’t. Christological Preaching on Historical Material of the Old Testament. Disponível em: http://www.spindleworks.com/library/veer/veer2.html. Acesso em: 26 jun. 2011.
[181] CHAPELL, Bryan. Pregação cristocêntrica: restaurando o sermão expositivo. São Paulo: Cultura Cristã, 2002. p. 290.
[182] Apud ANGLADA, Paulo. Spurgeon e o Evangelicalismo Moderno. São Paulo, Editora Os Puritanos, 1996. p. 31
[183] ADAMS, Jay Edward. Conselheiro capaz. 3. ed. São Paulo: Editora Fiel, 1977. p.55.
[184] Ibid
[185] Cf. BOOR, Cartas aos Efésios, Filipenses e Colossenses.
[186] MACARTHUR, John. Nossa suficiência em Cristo. 2. ed. São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2007. p. 102.
[187] Ibid
[188] TRIPP, Paul David. Instrumentos nas Mãos do Redentor. São Paulo: NUTRA, 2009. PP. 17 – 38.
[189] Cf. Ibid
[190] MACARTHUR, John. Nossa suficiência em Cristo. 2. ed. São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2007. p. 15
[191] MACARTHUR, John. Nossa suficiência em Cristo. 2. ed. São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2007. p. 159
[192] KEATHLEY, J. Hampton, III. The Supremacy of the Work of Christ Part 1, The Plenitude and Description of His Work (Col. 1:19-20). Artigo disponível em: Acessado em: 07/03/2011
[193] WALLACE, Daniel. Colossians: Introduction, Argument, Outlin. Disponível na Bíblia Eletrônica The Word
[194] Cf. O’Brien, Peter T.: Word Biblical Commentary : Colossians-Philemon. Dallas : Word, Incorporated, 2002 (Word Biblical Commentary 44), Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
[195] Cf. MACLEOD, Donald. A Pessoa de Cristo. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2007. p. 60
[196] KEATHLEY, J. Hampton, III. The Supremacy of the Person of Christ (Col. 1:15-18). Artigo disponível em: <http://bible.org/seriespage/supremacy-person-christ-col-115-18> Acessado em: 07/03/2011
[197] WALLACE, Daniel B. Gramática grega: uma sintaxe exegética do novo testamento. São Paulo: Batista Regular, 2009. P. 128
Brilhante! Deus abençoe seu ministério.
ResponderExcluirPessoal. Nosso blog agora tem uma livraria online com FRETE GRÁTIS para TODO Brasil: Entre aí: https://livraria.kerygma21.com.br/
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